Vendas de TV crescem 5,4% no Brasil; por que indústria fala em cautela?
As vendas de TV em lojas no Brasil aumentaram 5,4% no primeiro semestre de 2023 em relação ao mesmo período do ano passado, aponta levantamento da empresa de estudos de mercado GfK. Ao todo, de janeiro a junho, foram comercializadas aproximadamente 4,9 milhões de unidades. O grande propulsor da alta foi a redução no preço médio dos aparelhos.
A pesquisa indica que a queda no valor final foi de 6,9%, cenário que se construiu a partir da Copa do Mundo do Qatar, realizada no final de 2022.
Interesse por TVs menores
De acordo com o estudo, o custo das TVs menores, com 32 polegadas, sofreu a maior queda: 12%. Isso despertou o interesse do brasileiro por modelos do tipo.
No semestre, o preço médio pago pelos consumidores por aparelhos dessa categoria foi de R$ 1.236 - hoje é possível encontrá-los por menos de R$ 1.000.
Os valores médios dos televisores com telas nas faixas de 39 a 43 polegadas e de 47 a 50 polegadas foram de R$ 1.893 e R$ 2.516, respectivamente. A redução de custo nessas categorias ficou em quase 10% em relação ao mesmo período de 2022.
Em paralelo a isso, os preços menores foram decisivos para o faturamento do setor de TVs encolher 1,9% no período analisado.
Na contramão, o faturamento de modelos com telas maiores, de 54 a 64 polegadas e acima disso, cresceu 9,4% e 20,1%, respectivamente. Contudo, isso não foi suficiente para reverter o resultado geral negativo da categoria, já que esses modelos vendem menos.
Classe C tem potencial para aquecer o setor
Ainda que as TVs menores tenham sofrido redução no preço, a tendência é que o consumidor migre para telas maiores, diz o estudo.
A oferta de preços e os novos hábitos adquiridos com a pandemia, quando as pessoas passaram a ficar mais tempo em casa, contribuíram nesse sentido. Fernando Baialuna, diretor de negócios e varejo da GfK
Segundo ele, a expectativa para o segundo semestre é de "otimismo moderado", principalmente graças aos consumidores da classe. Contribuem o cenário econômico atual, com inflação, taxa de câmbio e cadeia de distribuição controladas (após o período pandêmico), além da provável queda na taxa de juros.
"Há a expectativa para a retomada gradativa do consumo com a recuperação e o protagonismo da classe C na Black Friday."
Para atrair esse público, uma das estratégias é explorar produtos premium de custo-benefício atraente: "o consumidor não abre mão do tamanho da tela, mas está disposto a deixar de lado certas inovações tecnológicas para comprar um televisor mais acessível", destaca Baialuna.
Indústria quer menos juros
Já a venda de TVs da indústria para as lojas cresceu 19% no primeiro semestre de 2023 em relação ao mesmo período de 2022. Ainda assim, a guinada é vista com cautela pelos fabricantes.
Estamos avaliando se o resultado é pontual ou se refere à reposição dos estoques pelo varejo. Jorge Nascimento, presidente executivo da Eletros, Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos.
Nascimento afirma ainda que essa questão poderá ser respondida com mais clareza a partir de setembro, quando as vendas de Black Friday e Natal da indústria para o varejo serão conhecidas.
Ao todo, foram comercializadas 5,27 milhões de unidades neste primeiro semestre contra 4,42 milhões no mesmo período de 2022.
Para os próximos meses, a prioridade da indústria é negociar a redução da taxa de juros. "É um assunto urgente, porque retrai o consumo", comenta. "Quando o consumidor simula o financiamento de uma TV, por exemplo, vê que a parcela fica muito alta e não cabe no bolso."
Para a associação, além de juros menores, uma estratégia que ajudaria a aquecer o setor seria a criação de políticas públicas com benefícios para a substituição de produtos eletroeletrônicos antigos por modelos novos com maior eficiência energética.
"Impacta na sustentabilidade, incrementa a economia e ajuda o consumidor a diminuir as contas de água e luz", conclui.
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