Dados de queimadas no Brasil são afetados por ataque hacker; o que se sabe?
O site oficial do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) com dados sobre queimadas no Brasil está indisponível há quase um mês depois de o sistema ter sofrido um ataque hacker, registrado em 20 de julho. Diante do ocorrido, o MICT (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação), responsável pelo órgão, tirou a plataforma do ar como medida de segurança.
O site fornecia dados públicos sobre focos de queimadas em várias regiões do país, com o uso de imagens de satélites dos programas CBERS (China-Brasil Earth Resources Satellite) e Amazonia, acessados principalmente pelo Corpo de Bombeiros, Ibama e Polícia Federal.
O que rolou
Por causa do ataque cibernético, esses dados detalhados sobre queimadas no Brasil ficaram indisponíveis para o público em geral nas últimas semanas - para as forças de segurança, o ministério informou que o acesso estava sendo feito por canais privados.
A promessa da pasta na última sexta-feira (11) foi de que os dados do programa seriam restabelecidos até o final de semana em outra plataforma: TerraBrasilis, que está funcionando temporariamente para absorver a demanda sobre queimadas.
"Temporariamente, os produtos para avaliação geral da temporada de queimadas, normalmente utilizados pela mídia, como a análise da "Situação Atual", "Estatísticas de Estados e Biomas", etc, estão disponíveis no portal do aplicativo TerraBrasilis", informa o site em manutenção.
"Estamos trabalhando para o restabelecimento completo do Portal Queimadas", completa.
O que se sabe até agora sobre o ataque?
Tilt solicitou ao MICT informações sobre o tipo do ataque cibernético sofrido e detalhes sobre quais sistemas e grupos de dados foram impactados. Contudo, a pasta não respondeu a todos os questionamentos.
O órgão informou apenas que o sistema de monitoramento por satélite não foi comprometido. O ataque envolveu o catálogo de imagens - local em que o Inpe disponibiliza imagens de sensoriamento remoto a partir dos satélites.
Segundo o Instituto, o hacker (ou grupo de hackers) teve acesso de leitura (visualização) do banco de dados de imagens, porém as informações exibidas seriam as mesmas que ficam disponíveis ao público geral.
Questionado sobre um possível risco de hackeamento dos sistemas dos satélites usados pelo Inpe, o Ministério disse que "não há possibilidade de qualquer agente externo assumir controle" porque isso é feito em um ambiente de comunicação e processamento independentemente de ter conexão com a internet.
Uma possível perda dos dados sobre queimada no Brasil significaria um "apagão" nas informações que atualmente subsidiam vários campos para além do desmatamento, como o monitoramento de recursos hídricos, áreas agrícolas, crescimento urbano, ocupação do solo, entre outros.
O Programa CBERS também é usado para grandes projetos nacionais estratégicos, como o DETER, de avaliação do desflorestamento em tempo real, e o monitoramento das áreas canavieiras (na sigla CANASAT).
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