Fim da TV paga? Por que Claro e Sky se renderam aos canais por streaming?

De todo modo, a recepção de canais ao vivo por um streaming de internet é uma forma de IPTV (sigla para Internet Protocol Television, ou Televisão por Protocolo de Internet).

É diferente de o sinal chegar pelo cabo, via satélite ou também pela rede de fibra ótica dedicada da operadora, como fazem a Vivo e a Oi, por exemplo, configurando outro tipo de experiência com IPTV, que não se enquadra na recepção de conteúdo por streaming de internet.
Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco

A diferença no bolso é fácil de explicar. "Na TV por streaming, a carga tributária é menor, barateando os custos", explica Tude. Como os serviços de streaming com canais de TV pela internet não estão enquadrados na lei da TV paga (SeAC) e carecem de regulamentação, as operadoras têm menos custos e obrigações legais para disponibilizá-los. Isso influencia diretamente no valor dos pacotes.

Não é preciso carregar canais de programação obrigatórios nem manter uma central de atendimento ao cliente, além de equipes de visita técnica e instalação. Migrar para a TV por streaming, que é mais em conta, é a tendência natural dos assinantes com um bom plano de internet banda larga
Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco

Comparando os serviços

Em um período de 12 meses até junho de 2023, o número de acessos da TV paga encolheu 14,7%, segundo dados da Anatel, a Agência Nacional de Telecomunicações. De aproximadamente 15,1 milhões de assinantes, o número passou para cerca de 12,9 milhões e segue caindo mensalmente.

Mesmo perdendo assinantes, o modelo tradicional deve continuar a conviver com a TV por streaming, porque uma parcela do público não quer instalar o produto de TV por assinatura por conta própria e deseja contar com o conforto de uma rede de atendimento e de técnicos no dia a dia. Hoje, por diversas razões, como a melhor relação custo-benefício e a possibilidade de acompanhar o assinante em qualquer lugar, o streaming é nosso principal produto
Alessandro Maluf, diretor de produtos de vídeo da Claro

Hoje, a Claro oferece apenas um plano de TV por assinatura tradicional. É o 4K Claro TV+. Custa R$ 109,90 mensais por 90 dias e depois passa para R$ 129,90). Já o Claro TV+ app ou box sai quase pela metade, R$ 69,90 mensais. Se escolher pelo box, o cliente leva para casa uma caixinha com suporte 4K, comando de voz e serviços de TV. No caso do app, dá para acessar a programação em até duas telas simultâneas, como o televisor e um celular.

Nos três planos, a oferta de mais de cem canais é a mesma. Segundo a operadora, isso só foi possível com o barateamento dos custos proporcionado pela TV por streaming.

Já a Sky oferece vários planos de TV por assinatura tradicional (tecnologia via satélite com miniparabólica), como o Super HD e o Top HD. O primeiro traz mais de 100 canais ao preço de R$ 59,90; o segundo é mais completo, com cerca de 170 canais, incluindo mais opções de esportes, como SporTV e ESPN, por R$ 109,90. Nos dois casos, os valores consideram um único decoder HD.

Seguimos com a oferta de planos básicos de TV via satélite tradicional, porque, embora a conectividade esteja avançando, ainda não é uma realidade para todos os brasileiros. Já a tecnologia de TV via satélite chega a todos os lugares e, às vezes, é a única opção disponível
André Ribeiro, vice-presidente de marketing e produtos da Sky

A aposta da Sky de TV por streaming é o DGO (ex-DirecTV Go), aplicativo cuja assinatura sai por R$ 89,90 (R$ 44,95 nos dois primeiros meses). São 70 canais, incluindo todos os SporTV e ESPN.

Sobre a mudança para a TV por streaming, Ribeiro afirma que depende muito do usuário. "Há clientes que têm um perfil mais conservador, que estão habituados e querem continuar com a TV ao vivo transmitida por meios tradicionais", diz. "No caso de assinantes com hábitos mais digitais, existe uma migração natural dos serviços, principalmente em regiões com mais conectividade."

As duas operadoras também oferecem combos mais caros, com a adição de outros serviços de streaming com desconto, como HBO Max, Paramount+, Netflix e Globoplay, por exemplo.

Outras operadoras de TV por assinatura com menos clientes também possuem suas iniciativas no streaming, caso da Oi (o app Oi Play TV dá acesso a 39 canais por R$ 99,90 para não clientes e por R$ 69,90 para quem tiver Oi Fibra) e da Vivo (que oferece o Vivo Play App apenas a quem é cliente dos planos Fibra, Controle ou Pós da operadora; a oferta varia de 40 canais, por R$ 40, a mais de 80 canais, por R$ 60).

Outras opções

O mundo da TV por streaming não se restringe aos serviços oferecidos pelas operadoras. Por R$ 42,90 mensais em plano anual, o serviço Globoplay + canais ao vivo inclui a programação em tempo real dos 21 canais do grupo Globo. Além da Globo na TV aberta, fazem parte do pacote SporTV, Multishow, GloboNews, GNT, Viva, Gloob, Megapix, Universal, Bis, entre outros.

Mesmo transmitindo partidas de futebol ao vivo da Conmebol Libertadores, dos campeonatos europeus e da Champions League, serviços de streaming como Paramount+, Star+ e HBO Max não pertencem a essa mesma categoria. Isso porque não oferecem canais de esportes ao vivo, com programação disponível 24 horas por dia.

Quem quer ter uma primeira experiência de TV por streaming sem pagar nada, pode acessar a Pluto TV, da ViacomCBS, que é dona da MTV, Nickelodeon e Paramount. Ao navegar pelo serviço, o telespectador encontra vários tipos de atrações, principalmente séries e filmes, agrupadas em canais temáticos, seguindo o modelo da TV por assinatura tradicional.

Tem canais dedicados a filmes de sucesso, clássicos, ação, comédia, drama, suspense, terror, ficção científica, nacionais e outros. E há até canais que só exibem episódios de uma mesma série, coimo CSI: Miami, NCIS, A Feiticeira e Jeannie é um Gênio.

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