Filha 'comunista' e atormentado por demônios: o que diz biografia de Musk
A biografia de Elon Musk é lançada nesta terça-feira (12) nos EUA e no Brasil. O livro descreve o magnata como um homem atormentado por seus demônios de infância, obcecado em levar a vida humana a Marte e com desafetos com seus múltiplos filhos. Um trecho diz que ele tem relações cortadas com a filha e a chama de "comunista".
"Elon Musk" foi escrito pelo biógrafo norte-americano Walter Isaacson, ex-editor-chefe da revista Time, conhecido por seu retrato bem-sucedido do cofundador da Apple Steve Jobs, e por suas investigações sobre as vidas de Albert Einstein e Leonardo Da Vinci.
Sites norte-americanos tiveram acesso ao livro de mais de 600 páginas antes de seu lançamento oficial em todo o mundo, e vários trechos foram divulgados.
Horas após seu lançamento na Amazon, as pré-encomendas já haviam transformado "Elon Musk" no livro mais vendido do site nos Estados Unidos.
Principais temas do livro
Relação complicada com o pai. Grande parte da vida precoce do bilionário já é amplamente conhecida, com foco na relação abusiva e manipuladora com seu pai, Errol, a quem Musk despreza.
"Modo demônio". A biografia sugere que Musk opera em um estado que sua ex-parceira, a cantora canadense Grimes, chama de "modo demônio", o que, segundo Isaacson, o torna altamente produtivo.
Guerra da Rússia contra a Ucrânia. Muitas das incógnitas do relato vêm de um período mais recente, quando Isaacson seguiu de perto seu protagonista, com acesso direto à sua vida cotidiana.
Um trecho amplamente divulgado relata como Musk pessoalmente frustrou um plano do Exército ucraniano para realizar uma megaoperação na Crimeia, negando o acesso à internet da Starlink, sua empresa de conexão via satélite, o que provocou uma resposta furiosa de Kiev.
No entanto, Isaacson foi forçado a se retratar de sua descrição do episódio. depois que Musk afirmou que o acesso à Starlink ainda não estava operacional na Crimeia, uma área estratégica do conflito russo-ucraniano, na época de sua decisão.
Compra do Twitter e vingança contra críticos. A caótica e impulsiva aquisição do Twitter por parte de Musk - que ele rebatizou como X - também recebe muita atenção, e o livro descreve como o bilionário luta para reconhecer que a tecnologia e a força de vontade não criarão milagres.
Vinganças. Outro tema recorrente no relato de Isaacson são as tendências vingativas de Musk em relação aos céticos e críticos.
Após adquirir o Twitter no final do ano passado, Musk e seus colaboradores mais próximos revisaram e-mails e redes sociais e demitiram imediatamente dezenas de funcionários que haviam criticado o novo proprietário. No final, dois terços dos 7.500 trabalhadores foram demitidos.
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Quero receberEm outro episódio, Musk desafiou avisos e, com a ajuda de uma pequena equipe, transferiu servidores-chave de um centro de dados em Sacramento, na Califórnia, para reduzir custos, o que resultou em uma série de interrupções significativas.
Treta com Bill Gates. Ele também se recusou a se associar a Bill Gates em projetos beneficentes, porque o fundador da Microsoft havia apostado contra o sucesso da Tesla na bolsa.
Muitos filhos e desafeto com filha comunista. O livro destaca que Musk, preocupado com a superpopulação do planeta, agora tem 10 filhos, incluindo um desconhecido com Grimes.
Na publicação é descrita uma relação conturbada com Vivian Jenna Wilson, 19, uma de suas filhas. Ela é transsexual, "virou comunista", nas palavras de Musk, e cortou laços com o pai. Em um trecho, ele diz que Vivian acha que "qualquer pessoa rica é ruim".
O bilionário também foi pai de gêmeos como doador de esperma para Shivon Zilis, uma executiva da Neuralink, uma empresa de sua propriedade.
O que diz quem já leu
As resenhas da biografia têm sido variadas: o Washington Post elogia o trabalho jornalístico, mas lamenta que Isaacson "tenha priorizado as anedotas reveladoras e a crônica por trás das cenas acima de uma visão crítica sofisticada".
A influente analista de tecnologia americana Kara Swisher disse que a biografia conta a história de um "filho triste e inteligente que lentamente se transforma no pai mentalmente abusivo que ele odeia".
"Ele muitas vezes está certo, às vezes está errado, mas sempre é uma pessoa mesquinha", diz Swisher sobre como Musk é retratado no livro.
Na França, o jornal Le Figaro observa que o livro foi lançado num momento em que a imagem de Musk está degradada. Na avaliação do Libération, a publicação retrata "um indivíduo complexo, com métodos de gerenciamento empresarial violentos e desprovido de empatia".
*Com informações da AFP e da RFI
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