WhatsApp estreia no Brasil os Canais, que mudam o app como você o conhece
Depois de funcionar abaixo do radar durante três meses em apenas nove países, os Canais do WhatsApp finalmente chegam ao Brasil nesta quarta-feira (13), em um lançamento global que contemplará mais de 150 países. Na largada, os usuários encontrarão espaços verificados de personalidades (Luciano Huck), do governo (Desenrola e do Ministério da Fazenda), esportivas (NBA Brasil) e veículos de imprensa (UOL).
Destinada a permitir que administradores enviem conteúdo a um número ilimitado de pessoas, a função tem potencial de mudar a forma como você se relaciona com o WhatsApp. De cara, ela já mexeu no jeitão do próprio aplicativo funcionar, porque:
- uma nova e intensa camada de privacidade foi criada só para os canais,
- a tecnologia por trás do envio de mensagens foi reformulada;
- a moderação de conteúdo foi tomada emprestada de Facebook e Instagram, outras das plataformas da Meta.
Mas, calma, não é dessa vez que um algoritmo decidirá quais mensagens você vê ou não no app mais usado do Brasil.
A gente nunca viu broadcast de forma privada em nenhuma outra plataforma. A gente está lançando um produto inédito no mercado
Guilherme Horn, head do WhatsApp no Brasil
Canais similares aos que o WhatsApp lança agora já estão presentes no Telegram há anos. O aplicativo russo não possui, porém, a proteção das informações dos usuários como a proposta pelo serviço da Meta. Vai funcionar assim:
- Os usuários só entrarão nos Canais por meio de um link; nada do que acontece hoje nos grupos, em que os administradores podem incluir pessoas à revelia da vontade delas;
- O dono do canal não saberá quem está lá dentro (isso inclui número de celular, nome, foto etc); os integrantes de um desses espaços também não terão acesso aos dados uns dos outros; nem mesmo amigos saberão de quais canais qualquer usuário participa;
- Todos os Canais virão silenciados de fábrica; se quiserem, os membros terão que mudar as configurações para autorizar notificações.
Interação limitada
Os níveis de interação até existem nos Canais, mas são limitados. Enquanto o administrador poderá mandar textos, áudios, vídeos e imagens, os integrantes comuns poderão apenas atribuir emojis às mensagens. Ainda assim, eles não verão como os outros membros reagiram.
Em breve, os integrantes de Canais poderão responder a enquetes. Também está em avaliação a interação usando figurinhas. Mas essa possibilidade não tem data para chegar.
Quando os conteúdos forem encaminhados para outros ambientes do WhatsApp, como conversas privadas, incluirão links para inscrição nos canais de onde elas partiram.
Diferentemente do que acontece em grupos, os usuários que entrarem em um canal verão o conteúdo publicado por lá. Mas somente aquele postado nos 30 dias anteriores.
Duas estradas para mensagens
Outra diferença é que as mensagens enviadas ali serão criptografadas, mas não de ponta-a-ponta, como ocorre em outras partes do WhatsApp.
Para fazer isso, os engenheiros da Meta criaram dois caminhos diferentes dentro do aplicativo. Um para as mensagens criptografadas de ponta-a-ponta entre remetente e destinatário. Outro entre o celular e o servidor para as mensagens dos Canais.
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Quero receberÉ uma parede de concreto, um muro que separa as duas coisas. E é a tecnologia que permite isso. É como imaginar estradas separadas. São áreas completamente independentes
Guilherme Horn
O executivo explica ainda que a decisão foi tomada para não impedir que o novo recurso tivesse seu crescimento limitado. Não quer dizer, porém, que essa é uma decisão irrevogável.
Para qualquer produto que a Meta lança, e todas as Big Techs fazem dessa forma, há um estágio para testar o comportamento dos usuários. Nesse momento, estamos lançando canais criptografados. Não quer dizer que será sempre dessa forma
Guilherme Horn
Moderação de conteúdo à la Facebook
É a ausência de criptografia de ponta-a-ponta que permitirá que o WhatsApp modere o conteúdo que circular nesses grupos, exatamente como funciona no Facebook e Instagram.
Sem detalhar como funcionam os filtros, o executivo explica que essa moderação combina um sistema automatizado movido a inteligência artificial com o trabalho de seres humanos.
"A quantidade de conteúdo postado não vai ser diferente que a gente tem no Facebook e Instagram, e a moderação não é algo novo para a Meta. Tudo que é conteúdo proibido por lei a gente vai restringir nos Canais", diz Horn.
Além de postagens ilegais, o WhatsApp aplica regras estabelecidas em diretrizes especiais para os Canais, como proibir o compartilhamento de conteúdo que incite atividades ilícitas e ou fraudulentas.
As punições vão desde advertência aos administradores até a suspensão completa do Canal.
Sem algoritmo
As funções emprestadas das redes sociais param por aí. Quem entrar nos canais não verá mensagens ordenadas por algoritmos que tentam captar gostos pessoais, mas, sim, exibidas em ordem cronológica.
"Não tem uma classificação de acordo com os gostos e preferências, até porque a gente não sabe nada disso", comenta Horn.
Os Canais, aliás, ocuparão um novo campo dentro do WhatsApp. Será a área chamada de Atualizações, que passará a englobar os Status postados por outros contatos. Nessa aba, será possível encontrar outros Canais em uma ferramenta de busca.
Futuro: monetização
Os Canais nascem como uma nova maneira de distribuir conteúdo, mas já está nos planos do WhatsApp fazer do recurso uma fonte de renda para criadores.
Sem detalhar quais opções de modelo de negócio são avaliadas, Horn diz que serão formas de monetização observadas em iniciativas no mundo digital que dependem de uma assinatura ou de pagamento.
Não será nada diferente disso, de cobrar por um conteúdo
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