Mais alto que Bruno Mars, robô humanoide está pronto para ocupar fábricas
Imagine um futuro em que todas as atividades chatas e entediantes não são feitas por você ou ao menos que você não tenha companhia daquele seu colega que não para de falar durante a execução de uma tarefa importante.
Imaginou? Pois esse momento está mais próximo do que você imagina — e com um robô chamado Apollo — desenvolvido por uma equipe da startup de robótica Apptronik, sediada em Austin, no Texas (EUA).
Conheça o Apollo
Apresentado ao mundo em 23 de agosto, o Apollo 1 é o primeiro trabalhador humanoide funcional da história e pode ser em breve seu colega de trabalho. Isto porque ele já provou conseguir operar com autonomia em uma fábrica descarregando caixas em uma esteira transportadora, assim como seus colegas ou conhecidos fazem atualmente.
Por enquanto, ele ainda não pode lavar pratos ou trabalhar em plataformas de petróleo embarcado, mas está no caminho.
"O objetivo é construir um robô que possa fazer milhares de coisas diferentes. É uma atualização de software longe de realizar uma nova tarefa ou um novo comportamento", diz o CEO da Apptronik, Jeff Cárdenas, à CNN.
Para ele, ao invés de robôs mega especializados que servem um único propósito, ele queria que o Apollo fosse o "iPhone dos robôs", de acordo com a CNN.
Tudo isso com um design que parece bastante certo, mais ou menos como o próprio iPhone sentiu quando você o segurou na mão pela primeira vez, descreve a revista Fast Company.
Para chegar nesse ponto agradável foi preciso um trabalho árduo para que Apollo fosse o mais amigável possível e longe de parecer querer te exterminar, como muitos filmes de ficção científica nos faz pensar sobre os robôs humanoides.
Características
Apollo está na mesma escala de um ser humano, medindo 1,7 m de altura — mais do que, por exemplo, o cantor Bruno Mars com seu 1,65 m —, pesando 72,6 quilos e é totalmente elétrico, ou seja, bem mais seguro do que sistemas hidráulicos.
Sua bateria tem capacidade de quatro horas de funcionamento e pode ser trocada para que ele atinja uma carga de trabalho diária de 22 horas, conseguindo levantar caixas que pesam até 25 quilos.
"Inicialmente, ele vai começar a trabalhar na cadeia de suprimentos — fazendo tarefas básicas de materiais, movendo caixas e sacolas", falou Jeff Cárdenas à Axios.
Feito de metal, plástico, um pouco de tecido prateado e atuadores de metal, o robô é revestido com pintura branca, cinza e laranja brilhante, com marcações que identificam a função de cada uma de suas partes.
Mesmo que o objetivo inicial do Apollo seja trabalhar em armazéns, sua startup possui uma visão a longo prazo para expandir suas atribuições.
"Nosso objetivo é construir robôs versáteis para fazer todas as coisas que não queremos fazer, para nos ajudar aqui na Terra e, eventualmente, um dia explorar a Lua, Marte e além", almeja Cárdenas, em entrevista à CNN.
Aparência e ambições
Apoiado pela Nasa, suas características são resultados de anos de trabalho da Apptronik — seus desenvolvedores trabalharam na Nasa entre 2012 e 2013 — e leva design do estúdio criativo Argodesign, também de Austin, responsável por evitar desconforto com a aparência do robô, dando recursos que pretendem ser acessíveis e até mesmo amigáveis.
O desafio maior era fazer com que a máquina parecesse humanística sem fingir ser um ser humano, contou Mark Rolston, fundador e diretor de criação da Argodesing, à Fast Company.
"Você sabe, todas essas presunções de ficção científica não fornecem uma diretriz para respaldar seu pensamento. Nós realmente tivemos que encontrar novas respostas", afirmou.
Rolston diz ainda que eles sabiam desde o começo que o Apollo deveria ser mais do que apenas uma máquina, transmitindo emoções, intenções e levar identificação, sem ser excessivamente fofo.
Diferente de muitos protótipos humanoides, este robô não fala, mas nem por isso deixa de realizar uma comunicação clara através de painéis digitais em seu peito e rosto. A tela fica desligada a maior parte do tempo e só é acionada quando realmente for importante.
Outra característica marcante de sua aparência é a cabeça oca, projetada para transmitir que o robô também não é um ser pensante como nós humanos.
"O vazio da cabeça faz com que o Apollo pareça mais leve, mais acessível e evita o 'estranho' que muitos robôs [aparentam]", ressalta Rolston.
Roubar empregos?
Dada a evolução da tecnologia, essa é uma preocupação evidente. E, apesar de Apollo estar sendo apresentado como aliado e um preço potencialmente mais acessível comparado a um carro, ainda é cedo para cravar que isso vá ocorrer um dia, mesmo que as empresas não citem esse potencial complicador.
Ano passado, um relatório da Goldman Sachs Research comentou a possibilidade dos robôs humanoides serem economicamente viáveis em ambientes de fábricas já a partir de 2025 para suprir demanda de empregadores na ausência de contratados, com um mercado de quase R$ 30 bilhões nos próximos 15 anos.
"Esse mercado seria capaz de preencher 4% da escassez de mão de obra industrial projetada nos EUA até 2030 e 2% da demanda global de cuidados com idosos até 2035", projetou a Goldman, conforme a Axios.
Apesar disso, o relatório apontou que nenhum robô humanoide foi comercializado com sucesso. A própria Apptronik tem somente dois Apollos construídos em laboratório e devem construir mais quatro, que serão as unidades alfa.
O próximo passo é a produção das unidades beta, menos de 100, e que estarão fora do laboratório. "A partir daí, passamos para a produção total até o final de 2024", diz Cárdenas.
O valor de cada unidade não foi divulgado por sua empresa. Mas, segundo a Fast Company, Cárdenas acredita que os futuros Apollos devam custar cerca de US$50 mil dólares (ou R$250 mil na conversão para o real) por unidade de lançamento. Você compraria um?