App, dublagem e pandas: como YouTube inundará você de vídeos feitos por IA
Em breve, os vídeos curtos que você vê, curte e compartilha no YouTube serão não só produzidos, mas também concebidos por sistemas de inteligência artificial. E isso acontecerá ainda que, na tela, estejam seus youtubers favoritos.
O YouTube anunciou nesta quinta-feira (21) um conjunto de ferramentas que colocam a IA no centro da criação de vídeos para a plataforma e que permitem, por exemplo, criar cenários sintéticos inteiros para funcionar como plano de fundo e dublar vídeos do português para o inglês.
O pacotão inclui ainda um aplicativo à parte e gratuito para edições rápidas. A inspiração não é clara, mas será similar ao CapCut, plataforma de edição de vídeos da chinesa ByteDance criada para agilizar as produções do outro aplicativo da empresa, o TikTok.
Hoje é o começo de uma nova era de criatividade. Neal Mohan, presidente-executivo do YouTube
Para a youtuber Cleo Abran, dona de um canal de tecnologia seguido por 1,48 milhão de pessoas, as novas ferramentas de IA do YouTube reduzem o abismo existente entre o que se pode imaginar e o que se faz de fato.
Para ela, as ferramentas trarão grandes desafios, como o questionamento sobre o que é cópia e o que é inspiração. Isso ecoa o debate levantado por artistas visuais e escritores sobre como grandes corporações treinam seus modelos de inteligência artificial. Antes de criar, esses modelos são submetidos a uma grande quantidade de imagens, texto e áudios para aprender a replicar padrões, formas, textura, sonoridades e maneiras de escrever.
Tela Fantástica
O recurso experimental que chegará ainda em 2023 permitirá que criadores gerem imagens com inteligência artificial que funcionem como plano de fundo para seus vídeos publicados no YouTube Shorts. Para elaborar esses cenários sintéticos, bastará escrever as instruções para o robô, que fará o resto.
É possível, por exemplo, escrever "uma panda bebendo café", e o Dream Screen criará exatamente essa imagem.
Aloud
A ferramenta permitirá que youtubers criem versões dubladas de seus vídeos, de modo que possam atingir audiências que não falem suas línguas nativas. O recurso foi liberado para alguns criadores, em inglês, português e espanhol. Isso quer dizer que, em breve, você verá brasileiros usando o sistema.
O que o app YouTube Create fará:
Fornecerá ferramentas de edição de vídeos, como a remoção de som ambiente.
Incluirá legendas automáticas.
Fornecerá várias opções de narrações.
Newsletter
Um boletim com as novidades e lançamentos da semana e um papo sobre novas tecnologias. Toda sexta.
Quero receberPossuirá diversos filtros, efeitos, transições e trilhas sonoras.
Esse app chegará primeiro a Estados Unidos, Alemanha, França, Reino Unido, Indonésia, Índia, Coreia do Sul e Cingapura.
Creator Music
No ano que vem, o hub de músicas para criadores do YouTube ganhará uma ferramenta de busca abastecida com inteligência artificial generativa. Bastará escrever o que se busca na caixa de texto e a ferramenta irá sugerir uma música que combine com o que se está buscando. Disponível por ora apenas nos EUA, o Creator Music será levado a outros mercados em breve, segundo o YouTube.
O potencial da IA é incrivelmente empolgante. Mas, como acontece com qualquer nova tecnologia, temos que abordá-la com responsabilidade. O que artistas, compositores e produtores fazem é algo exclusivamente humano, que não pode ser substituído pela tecnologia. Vemos a IA como uma ferramenta que pode ser usada pelos artistas para amplificar e acelerar a sua criatividade. Lyor Cohen, chefe global de música do YouTube
YouTube Studio
Também em 2023, a central para youtubers ganhará a habilidade de gerar insights personalizadas de vídeos para cada canal, que levará em conta o que as audiências já viram e gostaram. Essa ferramenta também é movida por IA e já vem sendo testada por alguns criadores. Segundo o YouTube, mais de 70% deles disseram que o recurso os ajudou a criar e testar ideias para vídeos.
Segundo Mohan, um dos criadores disse que essa ferramenta deu a ele um time inteiro para pensar nos vídeos.
*o jornalista viajou a convite do YouTube
Deixe seu comentário