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Achou que vinha pelo ar? Sua internet depende de cabos no fundo do mar

Mapa da Telegeography mostra cabos submarinos conectando países ao redor do mundo Imagem: Telegeography/Submarinecablemap.com

De Tilt*, em São Paulo

30/09/2023 04h00

Na sua casa você se conecta à internet via wi-fi; fora dela, seu celular automaticamente pega sinal 4G ou 5G de antenas de operadoras de telefonia. O fato é que, apesar de estarmos cercados de tecnologias sem fio que permitem o acesso à rede mundial de computadores, todo o "trabalho sujo" é feito por cabos que passam debaixo dos seus pés —em alguns casos, eles ficam debaixo do oceano.

Em nível mundial, os países são conectados com cabos de fibra óptica submarinos de alta capacidade que permitem que você acesse sem atrasos sites hospedados nos Estados Unidos ou na Europa, por exemplo.

Ao todo, mais de 500 cabos ligam o mundo, atravessando oceanos ou territórios. Eles são mantidos por empresas de telecomunicações ou companhias de tecnologia, como Amazon, Microsoft, Google e Meta —em alguns casos, são fruto de investimento das duas partes envolvidas (companhias de infraestrutura e big techs).

Celular pega sinal 4G ou 5G de antenas, mas 'trabalho sujo' é feito por cabos Imagem: Getty Images

Em um blog post, o Google explica que esses cabos submarinos são da espessura de uma mangueira de água convencional, mas com muitas camadas de proteção para evitar contato com a água. Dentro deles, pode haver centenas de fibras ópticas que transmitem informações que podem chegar a 400 TBps (Terabytes por segundo) cada —é o equivalente ao consumo de streaming simultâneo de 17,5 milhões de pessoas.

Os sinais de luz da fibra óptica passam por tubos da espessura de um fio de cabelo revestidos por material reflexivo. Como a luz não sofre interferências, é possível usar um feixe de fibras pequeno e levar muitas informações ao mesmo tempo, ao contrário do que acontece com cabos elétricos.

A ruptura desses cabos de fibra óptica pode gerar problemas de conexão. Em 2011, um incidente causou lentidão em 20% dos clientes da Net (atual Claro), devido a uma falha num cabo que era responsável por acesso a sites americanos. Na época, o acesso ao Twitter (atual X) e ao Facebook foi comprometido.

No passado, incidentes com cabos submarinos poderiam ser causados por tubarões. Com o tempo, os cabos mais modernos deixaram de ser atrativos para esses peixes. Atualmente, segundo o Google, as piores ameaças são o arrasto de âncora de navios e pesca de arrasto (quando uma rede é puxada por vários barcos para pegar peixes).

No Brasil

Esses cabos chegam ao Brasil pelo litoral: em Fortaleza (CE) há cabos que interligam o país com a Europa, por exemplo. Na Praia Grande (SP) tem o Firmina, um cabo do Google que conecta o país com os Estados Unidos, Argentina e Uruguai.

Mapa mostra cabos submarinos na costa do Brasil Imagem: Telegeography/Submarinecablemap.com

Eles são interligados às redes das operadoras, datacenters e ao backbone nacional (a espinha dorsal da internet brasileira; pense em um sistema de conexão que corta o país de Norte a Sul).

As operadoras passam cabos terrestres pelas cidades e chegam até estações locais de transmissão que, por fim, chegam até sua casa. Dependendo da empresa, ela puxa um cabo de fibra óptica do poste para dentro da sua casa ou um cabo coaxial.

Ah, mas e o wi-fi e o 5G?

No fim das contas, as conexões wi-fi e 5G dependem em algum momento de uma conexão por fibra óptica.

Os sistemas de conexão sem fio, na verdade, acabam auxiliando na propagação de sinal de internet e facilitam a conexão de múltiplos aparelhos em uma rede. Elas são sujeitas à interferência, mas resolvem, por exemplo, quem precisa usar um notebook em diferentes cômodos de uma casa ou, no caso de uma conexão móvel, a fazer uma chamada em vídeo enquanto se está no carro.

*Com reportagem de Giovanni Santa Rosa, de 2018

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