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Gangue da pedrada: roubo de celular a carros em movimento quase dobra em SP

Homem da gangue da pedrada se prepara para quebrar vidro e roubar celular Imagem: Reprodução

De Tilt, em São Paulo

16/10/2023 04h00Atualizada em 16/10/2023 18h08

A cidade de São Paulo tem, em sua maioria, roubos e furtos de celular ocorrendo em vias públicas, com 78% do total. Curiosamente, o local onde houve maior crescimento no 1º semestre de 2023 é descrito como "veículo em movimento", com um aumento de 76% - e 0,44% do total.

A análise foi feita a pedido de Tilt pela consultoria B4Risk com base nos dados públicos da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. Ela descreve onde a vítima relatou no boletim de ocorrência que ocorreu o crime.

No primeiro semestre de 2022 ocorreram 261 registros de furto ou roubo de celular a veículos em movimento. No mesmo período deste ano, foram 460.

Esta modalidade de crime inclui casos da gangue da pedrada (quando criminosos quebram o vidro de um veículo provisoriamente parado para fazer o furto) ou de quando criminosos simplesmente encostam próximo a um veículo e tomam o telefone do motorista, geralmente encaixado em algum suporte no painel do carro.

Os locais com mais ataques foram a região da rua do Glicério e da avenida do Estado.

Top 10 descrição de locais com mais roubo e furto de celulares*

  1. Via pública - 78,07% do total (mesma posição, mas com 78,11%)
  2. Terminal/Estação - 9,86% (mesma posição, mas com 7,81%)
  3. Residência - 1,10% (estava em 4º com 1,39%)
  4. Comércio e serviços - 1,05% (estava em 3º com 1,89%)
  5. Condomínio comercial - 0,64% (estava em 9º com 0,28%)
  6. Shopping center - 0,48% (estava em 5º com 1,22%)
  7. Veículo em movimento - 0,44% (estava em 10º com 0,24%)
  8. Rodovia/Estrada - 0,35% (mesma posição, mas com 0,32%)
  9. Restaurante e afins - 0,31% (estava em 6º com 0,42%)
  10. Lazer e recreação - 0,28% (estava em 7º com 0,40%)

*1º semestre de 2022 x 1º semestre de 2023

Furto e roubo são conhecidos por serem crimes de oportunidade, que ocorrem quando um criminoso identifica chances de executarem a ação, seja com pedestres e motoristas, e o mais comum é que isso ocorra justamente em locais com grande circulação de pessoas.

Furto ocorre quando há subtração do item sem risco à vida; no roubo, o criminoso usa violência ou grave ameaça para obter algo — geralmente, a vítima é ameaçada com uma arma, um objeto cortante ou até mesmo com a força física.

Os dados

Observando o top 10, é possível notar que houve redução nas modalidades de roubo a shoppings centers, comércio e serviços, condomínio comercial e lazer e recreação.

Dentre os destaques negativos, o aumento de crimes cometidos em terminais e estações teve aumento significativo. De 8.508 no 1º semestre de 2022 para 10.401 no 1º semestre de 2022 - um aumento de 22%.

De modo geral, o furto e o roubo de aparelhos tiveram uma leve queda durante o período:

  • 1º semestre de 2022 - 108.914 aparelhos
  • 1º semestre de 2023 - 105.524 aparelhos

Qual horário?

No que diz respeito a horário, há um certo padrão na cidade de São Paulo. A maioria dos b.os (boletins de ocorrência) aponta a noite como a principal período em que se há roubo, seguindo da tarde e da manhã:

  • De noite - 36,54%
  • De tarde - 25,06%
  • Pela manhã - 23,92%
  • De madrugada - 14,11%

Para Guaracy Mingardi, que é membro do FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública), a questão do horário é complexa, pois depende muito da região e tipo de crime.

"A maioria dos furtos costuma ocorrer da manhã ao cair da noite. Na região do Centro de São Paulo, por exemplo, é comum que haja subtração de telefones de pedestres nestes horários. Fazem isso à luz do dia e se aproveitam da movimentação para se esconder", explicou.

Já os roubos, segundo Guaracy, tendem a ocorrer entre a noite e a madrugada, quando há menos gente na rua e costuma haver algum tipo de ameaça à vítima.

Por que o celular é tão atrativo?

De acordo com Guaracy, as pessoas não costumam andar com tanto dinheiro. Mas boa parte da população tem celular. E com um desses em mãos, os criminosos conseguem faturar rápido vendendo para receptadores.

No mínimo, paga-se entre R$ 200 e R$ 300 por celular roubado. Posteriormente, o aparelho pode ser hackeado, desmontado para ter as peças usadas em consertos ou simplesmente zerado e enviado para outro país
Guaracy Mingardi, membro do FBSP

O grande problema, argumenta, é combater a receptação, feita por quadrilhas profissionais. Para isso, precisaria investir em investigação feita pela polícia civil.

Em locais com muito registro de ocorrências, como o centro de São Paulo, as operações até existem, diz ele. Precisaria, porém, de maior investimento em efetivo e inteligência.

Dicas para se proteger

  • Se precisar fazer uma chamada ou responder uma mensagem, entre em algum estabelecimento comercial ou público; ou aguarde até chegar em casa;
  • Se estiver aguardando carro de aplicativo, espere o veículo chegar para sair do local onde está;
  • Desconfie de movimentações estranhas à sua volta, como pessoas de máscara (ainda mais agora que o uso foi flexibilizado em vários lugares) ou indo de um lado para o outro de bicicleta ou motocicleta.

O celular foi roubado? Veja o que fazer

1) B.O. e bloqueios bancários

É importante fazer o boletim de ocorrência (que pode ser feito online na delegacia eletrônica), informando modelo e marca do celular, o local onde ocorreu o delito e o IMEI (identificação única do telefone) — se você não sabe o que é o IMEI, veja aqui como encontrá-lo.

Na sequência, acione o banco e peça o bloqueio temporário de contas e cartões para impedir transferências, compras, contratação de financiamento, pedidos de empréstimo e saques indesejados.

2) Mude senhas

É essencial trocar as senhas de redes sociais e e-mail, pois é comum que criminosos tentem aplicar golpes de engenharia social. Ou seja, eles se passam por você para pedir dinheiro a seus contatos ou até para oferecendo produtos.

3) Busca e bloqueio do celular

  • iPhone:

Para encontrar seu dispositivo, entre em icloud.com/find em um navegador e marque o dispositivo como perdido. Ele será bloqueado remotamente com um código de acesso, mantendo suas informações seguras. O desbloqueio só é feito mediante a digitação de uma senha.

É possível também fazer esta operação por meio de um iPhone ou qualquer aparelho móvel com sistema da Apple.

  • Android:

É necessário ter o aplicativo Encontre meu Dispositivo instalado (alguns telefones já vêm com ele, caso o seu não tenha, baixe aqui. Basta acessar de um navegador a página a seguir: https://www.google.com/android/find/ e se logar.

Marque a opção Proteger Dispositivo. É possível ainda escrever uma mensagem personalizada para quando o telefone estiver bloqueado, com telefone de contato para devolução.

Dá ainda também para apagar as informações remotamente na opção "Limpar dispositivo".

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