24% das crianças já acessam a internet até os 6 anos, diz pesquisa
Aurélio Araújo
Colaboração para Tilt, de São Paulo
25/10/2023 10h00
As crianças brasileiras têm acessado a internet cada vez mais cedo. Em 2023, a maioria delas (24% do total) entram na internet pela primeira vez com até 6 anos, aponta a pesquisa TIC Kids, conduzida pelo Cetic.br (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação).
Esse é um número que vem crescendo rapidamente nos últimos anos: em 2015, só 11% dos menores de 6 anos já tinham entrado na internet. Naquele ano, a maioria (16%) se conectava com 10 anos.
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O Cetic.br é um departamento do o NIC.br (Núcleo de Coordenação e Informação do Ponto BR), o braço operacional do CGI.br (Comitê Gestor da Internet no Brasil). Alinhada com a metodologia do projeto Global Kids Online, da Unicef, a TIC Kids ouviu mais de 2.700 crianças e adolescentes (com idades entre 9 e 17 anos) e mais de 2.700 pais ou responsáveis, de todas as classes sociais em março e julho deste ano.
A pesquisa concluiu que 95% das crianças e adolescentes brasileiros já acessaram a internet em algum momento da vida. E eles fazem isso cada vez mais jovens:
- 6 anos: 24%
- 7 anos: 8%
- 8 anos: 11%
- 9 anos: 8%
- 10 anos: 12%
- 11 anos: 7%
- 12 anos: 5%
- Mais de 12 anos: 7%
- Não sabe/não respondeu: 19%
A casa é o local onde a maioria delas (98%) se conectam, seguida pela casa de outras pessoas (85%) e da escola (44%).
Celulares dominam, smart TVs decolam
A difusão dos smartphones é crucial para o uso da internet. O estudo aponta que 97% das crianças usam celulares para usar a rede. O computador, por sua vez, está cada vez mais esquecido: o aparelho era usado por 64% se em 2015, mas caiu para 38% em 2023.
Segundo aparelho mais usado pelos baixinhos para navegar na internet desde 2019, as Smart TVs apresentam um crescimento rápido e impressionante: em 2015, só 11% entravam na internet pela TV; hoje são 70% das crianças conectadas recorrem ao aparelho para isso. O videogame, outro meio de acesso importante, é usado por 22%.
Mais tarefas escolares, menos notícias do bairro
A TIC Kids também detectou as atividades na internet. Segundo o estudo:
- 82% das crianças usam a internet para fazer trabalhos escolares;
- 66% usaram a rede para pesquisar algo por curiosidade própria;
- 60% se conectaram para ler notícias;
- 39% usaram mapas;
- 35% buscaram por informações sobre saúde;
- 28% pesquisaram por informações relativas a empregos ou cursos;
- 26% foram atrás de informações sobre o que acontece na própria rua ou no bairro.
Um dado curioso é que o streaming parece estar cada vez mais em alta entre o público infantojuvenil.
Em 2015:
- 59% ouviam música online;
- 63% assistiam filmes ou séries online;
- 55% usavam a internet para baixar músicas, filmes ou séries.
Já em 2023:
- 88% ouviam música online;
- 82% assistiam filmes ou séries online;
- 45% usavam a internet para baixar músicas, filmes ou séries.
Quanto mais jovem for a criança ou adolescente, menor a chance de baixarem aplicativos. Entre os jovens de 15 a 17 anos, 82% já fizeram download de algum app. Entre as crianças de 9 a 10 anos, esse percentual ainda é de 46%.
YouTube em alta, Facebook em baixa
Outro aspecto da vida online de crianças e adolescentes mensurado pela pesquisa são os hábitos de consumo. Do total de entrevistados, 61% já procuraram algo na internet para saber quanto custava ou para comprar, mas só 22% realizaram compras. Por outro lado-, 21% das crianças já fizeram compras em algum jogo online - em 2015, apenas 10% admitiam ter feito isso.
As plataformas favoritas desse público são:
- YouTube: 88%;
- WhatsApp: 78%;
- Instagram: 66%;
- TikTok: 63%;
- Facebook: 41%.
Metade dos entrevistados disseram que a internet os ajudou a lidar melhor com algum problema de saúde.
Com relação à privacidade:
- 83% dos entrevistados entre 11 e 17 anos dizem ser cuidadosos com as informações pessoais na internet;
- 81% só usam sites e apps em que confiam;
- 77% falam ser cuidadosos com convites de amizade nas redes sociais e com os links de vídeos em que clicam;
- 67% dizem compartilhar coisas na internet apenas com amigos próximos.