8 milhões de brasileiros usam internet mas não sabem, diz pesquisa

O uso de internet nos smartphones é tão comum e difundido no Brasil que muitos parecem nem sequer saber que estão acessando a rede quando o fazem. Um novo levantamento mostra que, em 2023, 8 milhões de brasileiros dizem não acessar a internet, ao mesmo tempo em que relatam usar apps que precisam de conexão para funcionar.

Essa é uma das conclusões da TIC Domicílios, pesquisa conduzida pelo Cetic.br (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação), departamento do NIC.br (Núcleo de Coordenação e Informação do Ponto BR), o braço operacional do CGI.br (Comitê Gestor da Internet no Brasil).

Divulgado nesta quinta-feira (16), o estudo ouviu mais de 21 mil entrevistados e consultou 24 mil domicílios, entre março e julho de 2023. Só foram considerados os indivíduos com mais de 10 anos de idade.

O levantamento estima que cerca de 156 milhões de brasileiros declaram fazer uso cotidiano da internet. Porém, o número total é maior. Cerca de 8 milhões estão conectados sem saber: não se dizem usuários, mas admitem fazer uso de aplicativos que só funcionam com internet. Ou seja, os brasileiros que acessam a web são em torno de 164 milhões, ou 88% da população.

Classe e idade

A classe social afeta na difusão do acesso. Enquanto 97% dos integrantes da classe A estão conectados, apenas 69% dos que pertencem às classes D e E navegam na internet.

Entre as faixas etárias, aquela que está mais presente na internet é a das pessoas com idade de 16 a 24 anos, com 95%. Esse número é seguido de perto pelos internautas de 25 a 34 anos (94%), mas está muito acima da faixa etária acima de 60 anos: entre eles, apenas 51% costumam frequentar a web.

Quem são os brasileiros que não usam a internet?

A pesquisa também levantou as características dos brasileiros que estão desconectados da rede. Estima-se que eles sejam 29 milhões.

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A maioria está concentrada na área urbana: 24 milhões. Esse é o mesmo número dos desconectados que estudaram até o ensino médio. Pretos e pardos são 17 milhões e brancos são 9 milhões daqueles sem acesso. A maioria faz parte das classes D e E.

As regiões com maiores números absolutos de desconectados são Nordeste e Sudeste, com 10 milhões de pessoas sem acesso à internet em cada uma delas.

Acesso em casa e atividades online

A pesquisa estima que 84 milhões de domicílios brasileiros estejam conectados à rede. Das casas da classe A, 98% têm internet, contra 67% dos lares das classes D e E. Ainda assim, os mais pobres registraram um aumento considerável com relação à mesma pesquisa feita em 2022: até ano passado, eram 60% a fatia de domicílios dessas classes com acesso à internet.

A expansão da adoção dos smartphones faz com os números de casas conectadas sejam altos mesmo sem a presença de computadores nos lares: apenas 41% dos domicílios brasileiros têm um equipamento como esse. Aqui também há uma diferença notável entre as classes: 99% das casas mais ricas possuem computador, enquanto 11% das mais pobres possuem um.

Mas o que fazem os brasileiros na internet? Atividades financeiras, como consultas ou pagamentos, são feitas por 54% dos internautas brasileiros. Há também os que fazem compras (50%) e acessam serviços governamentais (73%). Esses serviços envolvem a saúde pública (33%), como agendamento de consultas, a busca por direitos do trabalhador ou informações sobre previdência (33%), assim como pesquisas de dados sobre documentos pessoais (32%) e pagamento de impostos (32%).

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Quando apenas as atividades culturais são consideradas, 65% dos internautas brasileiros ouvem música, 64% assistem a filmes, vídeos ou séries, e 29% ouvem podcasts. Em todos esses índices, contudo, a pesquisa registra aumentos em comparação aos últimos anos.

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