Momento Armagedom: cientista ganha R$ 5 bi para 'salvar' Terra de asteroide
Colaboração para Tilt, em São Paulo
23/03/2024 04h00
Dante Lauretta, professor do Laboratório Lunar e Planetário da Universidade do Arizona (EUA), contou ter recebido US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5 bilhões) para liderar uma missão que tinha como objetivo descobrir tudo o que fosse possível sobre o asteroide Bennu, o mais perigoso do sistema solar e que pode cair sobre a Terra em 2182.
Quem é o cientista
Ele liderou a missão Osiris-REx, da Nasa, que buscou investigar o asteroide. Uma sonda foi lançada em 2016 e, quatro anos depois, pousou no asteroide Bennu, onde coletou cerca de 250 gramas de poeira de sua superfície rochosa. Em setembro do ano passado, a amostra foi trazida à Terra. O material serve para "ajudar a entender melhor os tipos de asteroides que podem ameaçar a Terra" e lançar luz "sobre a história mais antiga do nosso sistema solar", segundo a Nasa.
Agora, o pesquisador lança um livro em que conta detalhes da investigação. O "The Asteroid Hunter: "A Scientist's Journey to the Dawn of our Solar System by Dante Lauretta" (O Caçador de Asteroides: A Jornada de um Cientista ao Sistema Solar, em tradução livre) traz informações sobre o pouso da Osisris no asteroide para colher amostras.
O especialista classifica a missão como seu momento "Armagedom", em um artigo que escreveu para o Daily Mail.
Eu estava muito nervoso [quando a missão foi lançada], tentando acompanhar o relógio de parede enquanto ouvia o controlador da missão ler os marcos críticos.
O pesquisador contou que a sala foi dividida em duas seções, durante a missão. Uma delas era onde os engenheiros se sentavam em frente aos monitores, observando o fluxo contínuo de informações que chegavam. Outra tinha um aparelho de televisão que transmitia imagens do Bennu.
A descida da Osiris até o asteroide foi a uma velocidade de dez centímetros por segundo. O local escolhido para o pouso foi determinado devido à quantidade de material de granulação fina desobstruída.
Dante Lauretta ainda relatou como foram os momentos de espera para descobrir o que tinha ocorrido 18 minutos antes, o tempo para a transmissão chegar até a Nasa, durante a fase de aproximação do asteroide.
Pela primeira vez na minha vida, percebi a verdadeira enormidade do sistema solar, e ele era vasto além da compreensão. Meus nervos estavam à mostra. Eu sabia que estava falando rápido e respirando pesadamente. Parecia que o mundo inteiro estava me observando enlouquecer em tempo real.
O professor contou também sobre o pouso e a sensação que teve ao saber que tudo tinha dado certo. Segundo ele, o momento foi seguido de "palmas virtuais".
Um pedaço de rocha primordial que testemunhou a longa história do nosso sistema solar estava pronto para gerações de descobertas científicas, e eu mal podia esperar para ver o que viria a seguir.
Quais os riscos do Bennu
O Bennu é hoje o asteroide mais perigoso do sistema solar. Há o risco de que caia na Terra em 2182, segundo estimativas da Nasa. Ele tem o diâmetro próximo da altura do Empire State e atingiria a Terra a uma velocidade superior a 43 mil km/h.
Se atingir a Terra, o brilho na na atmosfera será maior que o do sol do meio-dia e o impacto liberará uma explosão de energia equivalente a 1.450 megatons de TNT. Para se ter uma ideia do estrago, a energia total gasta durante todos os testes nucleares ao longo da história é estimada em 510 megatons.
A missão para estudar o Bennu foi lançada em 8 de setembro de 2016 e terminou no dia 24 de setembro do ano passado. A Osiris-REx foi estendida e redirecionada para estudar o asteroide Apophis, sendo rebatizada como Osiris-APEX.