Broche com IA que promete ser um 'celular sem tela' frustra em testes

O dispositivo Ai Pin, uma espécie de broche com inteligência artificial lançado como um smartphone sem tela, já que projeta informações na palma da mão, causou frisson ao ser anunciado no ano passado. Contudo, ele parece não ser tudo o que prometia.

Os primeiros reviews foram publicados ontem (11) com resultados negativos. Alguns jornalistas especializados em tecnologia dos Estados Unidos destacaram que o aparelho, desenvolvido pela empresa Humane, é inacabado, esquenta muito, é lento e caro. Ele custa a partir de US$ 699 (R$ 3.583,91 na conversão direta e sem impostos).

O que o Ai Pin promete fazer

O pequeno dispositivo deve ser usado preso a roupa. Ele foi criado para permitir ligações, enviar mensagens, fazer contas, anotar algo via comando de voz, responder perguntas, entre outras funcionalidades. Algumas informações podem ser projetadas na palma da mão.

AI Pin projeta informações na mão
AI Pin projeta informações na mão Imagem: Reprodução

Ele fica em standby a maior parte do tempo, mas quando a pessoa deseja utilizá-lo (por exemplo, fazer perguntas que normalmente você digitaria no Google), basta tocar no Ai Pin e dizer o que deseja pesquisar. Ele traz a resposta como um assistente de voz.

Assim, a Humane dizia que seria possível reduzir o tempo excessivo de tela que a maioria das pessoas passam todos os dias.

O que os reviews observaram

  • Preço alto

Apesar de, em geral, a ideia ser bem vista pelos jornalistas que avaliaram o Ai Pin, muitos concordaram que o aparelho não está pronto ainda para ser lançado aos consumidores. Além disso, tem um alto custo, basicamente o mesmo preço que um bom celular.?

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Além do investimento no dispositivo, é preciso assinar o serviço de internet a um custo mensal de US$ 24 (R$ 123). Ele depende de conexão à rede móvel da operadora T-Mobile. "Quando me lembro do quanto estou gastando, me sinto besta", resumiu Cherlynn Low, em sua análise para o Engadget.

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Imagem: Divulgação
  • Usabilidade

Observou-se ainda uma dificuldade de realizar algumas tarefas simples, como adicionar itens numa lista, e a impossibilidade de fazer outras: ele não cria alarmes nem consegue adicionar algo no calendário.?

"Quanto mais eu testava o Ai Pin, mais eu sentia que o aparelho estava tentando fazer muito e o hardware simplesmente não acompanhava", escreveu David Pierce para o The Verge.?

Ele diz ter sido comunicado que uma grande atualização de software está a caminho para o Ai Pin, mas escreveu: "nossa regra é que nós avaliamos o que vem na caixa, nunca a promessa de atualizações futuras, e hoje é indesculpável que essas coisas não funcionem num aparelho que custa tanto quanto o Ai Pin."

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  • Às vezes, erra

Julian Chokkattu, da Wired, apontou outro ponto de atenção: o Ai Pin é capaz de dar respostas bastante convictas - mas nem sempre corretas, um problema relativamente comum em modelos de linguagem de inteligência artificial, como o usado no ChatGPT.?

Como exemplo, ele diz ter perguntado onde era uma paisagem específica a partir de uma imagem na tela de descanso da TV. O Ai Pin disse que era no Camboja. Ao usar o Google Lens no seu celular, no entanto, ele descobriu que, na verdade, a paisagem era na Tailândia, algo que depois confirmou com outras buscas de imagem.

  • Lentidão

Para Low, o Ai Pin lembra "as primeiras versões da Siri, da Alexa e do Google Assistente", por ter respostas longas demais e demorar "dois ou três segundos" para reagir a cada interação.

Em alguns casos, ele simplesmente não responde: "para cada interação com sucesso que eu tive com o Ai Pin, tive três ou quatro sem sucesso", destacou Pierce. "Metade das vezes - sério, pelo menos metade - eu nunca recebia uma resposta. O sistema apenas esperava, esperava, e falhava."

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  • Superaquecimento

Por ser um dispositivo muito pequeno para tudo que se propõe a fazer, outra crítica comum é que ele superaquece frequentemente - e aí, é preciso esperar esfriar para continuar usando. "Esse é um aparelho literalmente 'not cool'", brincou Joanna Stern, do The Wall Street Journal. É um trocadilho com a palavra "cool" que, em inglês, pode significar tanto "descolado" quanto "gelado".

Não chega a ser o suficiente para queimar a pele, diz Chokkattu, mas é incômodo: "ele emana esse calor que é difícil de ignorar, principalmente se você está usando um agasalho ou uma camiseta. Ele faz meu corpo parecer quente apenas em uma área específica."

Humane defende seu aparelho

Após as várias críticas, Ken Kocienda, diretor de engenharia de produto da Humane, foi ao X (antigo Twitter) para defender o Ai Pin. Ele afirmou que muitos dos que estão falando mal do Ai Pin na internet estão aderindo à facilidade do "movimento do ceticismo", de quem "aponta buracos em cada pequeno detalhe".

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Ele ainda comparou o aparelho a um laptop e a um smartphone, dizendo que, assim como o Ai Pin, eles também podem ser "frustrantes às vezes".

"Não existe produto perfeito. O modelo do Ai Pin é maravilhoso, e nosso novo sistema operacional de IA é uma maravilhosa paisagem nova a se explorar, mas ela não é mágica. Espere encontrar os mesmos altos e baixos de outras tecnologias."

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