Web Summit: com policrises, brasileiros deveriam usar seus 'superpoderes'

Segundo o historiador britânico Adam Tooze, o mundo vive um cenário de "policrises", que descreve o acúmulo de crises globais -como a climática, a democrática, a sanitária, e principalmente, as diplomáticas.

O cidadão sul-americano (e, em especial, o brasileiro) encara melhor este tipo de situação? Por estarem nas tais "policrises" há mais tempo, os profissionais desses países estão mais aptos a lidar com obstáculos e a superar os problemas que as empresas enfrentam hoje?

Definido como "a essência do sul global" pela organização do Web Summit Rio, o tema foi assunto de um painel especial no palco de inovação corporativa do evento, que acontece nesta semana, no Rio de Janeiro -sul global é um conceito político-econômico que, antigamente, definia os países considerados "de terceiro mundo".

Sabemos bem navegar na crise. Vivemos em um mundo volátil por natureza e estamos mais preparados para atuar em um mundo que não é linear.
Paula Englert, CEO da consultoria Box 1824

Além de Englert, o debate teve a participação de Pedro Tourinho, secretário de Cultura e Turismo da Prefeitura de Salvador e mediação de Vanessa Sanches, cofundadora da Bantumen, uma plataforma de notícias focada nas comunidades africanas de língua portuguesa.

Para a CEO da Box1824, esse aspecto de ser adaptável e otimista ajuda o brasileiro a superar obstáculos em outros mercados - mesmo que as mudanças envolvam novas tecnologias: "Quem diria que o pix seria usado como ferramenta de dating (paquera)?", questiona.

Em alguns clientes, a gente vê que as pessoas congelam em um momento de crise. Nós, ao contrário, conseguimos nos mover com velocidade, solucionamos problemas complexos de um jeito simples. Isso é um "superpoder". A gente se apropria pouco disso como asset de negócio.
Paula Englert, CEO da consultoria Box 1824

Mudanças que geram impacto na sociedade

Tourinho lembra que as mudanças precisam também gerar impacto na sociedade -e que eventos como o Web Summit são importantes para que isso seja lembrado.

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Precisamos abrir os olhos para entender o que está acontecendo. É menos sobre inovação e mais sobre impacto. Além de focar em representatividade, também é preciso falar sobre prosperidade.
Pedro Tourinho, secretário de Cultura e Turismo da Prefeitura de Salvador

No painel, Tourinho voltou a falar sobre o fato de as marcas não patrocinarem eventos da cultura negra em Salvador -no ano passado, o executivo fez um post reclamando da falta de apoio aos a eventos produzidos para a comunidade que admira a cultura negra em todo o país.

Os VPs de marketing não olham para o resto do país. Há um preconceito nisso e precisamos encarar esse fato. A cultura afro-brasileira é uma das mais potentes e mais conectadas do planeta.
Pedro Tourinho, secretário de Cultura e Turismo da Prefeitura de Salvador

Paula segue o executivo, ao lembrar que as marcas precisam disso para construir relevância e impacto junto aos consumidores.

Dinheiro é importante, mas qualidade na liderança também é. Precisamos de pessoas mais ousadas, como antigamente. Construir uma marca memorável é extremamente desafiador nos dias de hoje.
Paula Englert, CEO da consultoria Box 1824

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