Web Summit: IA não roubará empregos e dará espaço a mais talentos
Renato Pezzotti
Colaboração para o UOL, em Piracicaba (SP)
18/04/2024 17h50
No mês passado, o Parlamento da União Europeia aprovou a primeira lei global com regras para o uso e desenvolvimento de ferramentas de inteligência artificial. A lei cria normas e restrições para desenvolvedores, com alertas sobre privacidade e outros riscos associados à tecnologia.
Enquanto empresas e organizações da sociedade civil discutem a abrangência de tais regras, grande parte dos sites e aplicativos usados no dia a dia pelos consumidores já possuem (ou foram construídos com) alguma ferramenta de IA.
Como a inteligência artificial influenciará a criação destas interfaces? A forma de trabalhar vai mudar? O tema permeou diversos painéis do Web Summit Rio deste ano. Para Marcelo Eduardo, cofundador da Work & Co, que trabalha com clientes como Epic Games, Google, Itaú e Camicado, as ferramentas de IA vão acelerar o trabalho de designers e programadores -e, não, substituí-los.
O executivo reforçou que tarefas que demoravam muitos dias para serem finalizadas podem levar apenas algumas horas. Isso fará que tarefas repetitivas deem espaço a mais talentos -sites, por exemplo, quando são lançados, precisam de versões para web, celular e tablet.
A IA não vai substituir emprego porque ela não substitui o bom senso, o pensamento crítico, a vontade de criar. No dia a dia, estamos vendo que o talento das pessoas vai ser acelerado, amplificado com essas ferramentas. A IA vai dar espaço a mais talentos.
Marcelo Eduardo, da Work & Co
Como exemplos de ferramentas que a empresa usa no seu dia a dia, estão o já famoso ChatGPT, os geradores de imagens MidJourney e FireFly, o GitHub, copilot, de programação, e a ferramenta de busca Perplexity.
No design de produtos ainda existem muitos processos braçais. Desenvolvedores tiveram ganhos significativos de até 50% de produtividade, em alguns casos, usando o Copilot. Existem casos em que o prazo não é suficiente e que a ferramenta otimiza esse tempo.
Marcelo Eduardo, da Work & Co
O problema de terceirizar a intuição
Fred Gelli, CEO da Tátil Design, também abordou o tema na sua palestra, no dia de encerramento do festival. A preocupação de Gelli, que foi, entre outros trabalhos, criador do logo dos Jogos Olímpicos do Rio-2016, é fomentar a "preguiça de inventar".
A intuição, assim como a imaginação, é um atalho cognitivo que a gente estabelece com a realidade. Agora, inventamos uma máquina de inventar. Essa terceirização de imaginar é muito complicada.
Fred Gelli, da Tátil Design
Para evitar isso, Gelli aposta em uma fórmula, que chama de inteligência natural, feita pela soma da inteligência social, a capacidade de se reunir com as pessoas, com a inteligência artificial.
Sempre nos reunimos, em todas as culturas, em torno da fogueira, nas rodas de tambor, nas filas de eventos. Precisamos dos encontros dos diferentes. O novo precisa da nossa imaginação.
Fred Gelli, da Tátil Design