'Aranhas' em Marte: o que explica imagens captadas por sonda espacial?
De Tilt, em São Paulo*
26/04/2024 17h21
Uma imagem capturada pela sonda da Agência Espacial Europeia (ESA) revelou pontos escuros na superfície de Marte que, à primeira vista, ganhava um formato similar a aranhas.
O que aconteceu
Não há aracnídeos em Marte. Essas formações peculiares resultam do gelo que, com a mudança do inverno para a primavera marciana, libera gás carbônico, formando canais que vão de 45 metros a um quilômetro de diâmetro. A imagem foi capturada numa região no polo sul do planeta vermelho chamada de "Cidade Inca".
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"Essas pequenas rachaduras se formam quando a luz do sol primaveril recai sobre a cobertura de dióxido de carbono depositada durante os meses escuros de inverno", explicou a ESA.
A luz solar transforma em gás o gelo de dióxido de carbono que está na base dessa cobertura, o que faz com que se acumule e rompa as placas de gelo superiores. O gás se libera na primavera marciana, arrastando matéria de coloração escura para a superfície e rompendo as camadas de gelo de até um metro de espessura.
ESA, em comunicado oficial.
O gás, carregado de um pó escuro, é lançado em altas colunas através das fendas no gelo, formando gêiseres e se depositando sobre a superfície, o que cria as manchas escuras observadas nas imagens. Esses processos formam padrões sob o gelo que, observados de cima, lembram aranhas.
O assunto esteve entre os mais pesquisados nesta sexta-feira (26), segundo o Google Trends.
'Cidade Inca' em Marte
Chamada também de Angustus Labyrinthus, a Cidade Inca foi descoberta em 1972 pela sonda Mariner 9 da Nasa. O nome se deve a cordilheiras lineares, que se pensava, inicialmente, se tratar de dunas de areia petrificada ou restos de antigas geleiras.
De acordo com o portal científico Live Science, descobertas da sonda Mars Orbiter de 2002 indicavam a existência de uma cratera circular de 86 quilômetros de largura, possivelmente criada após um impacto de um corpo celeste. As cristas geométricas poderiam ser formadas pelo magma acumulado após a colisão.
Exemplo de pareidolia
O fenômeno chamado de pareidolia ocorre quando a mente nos engana, levando a "enxergar" imagem em algum objeto, alimento ou até mesmo no céu. Por conta disto, podemos "vislumbrar" coisas que não existem, como as "aranhas marcianas".
É algo totalmente psicológico, que não ativa nenhuma área definida do cérebro. A ciência ainda não descobriu por qual motivo isso acontece, mas acredita-se que o fenômeno esteja relacionado à capacidade de detectar rostos desde pequenos, devido à herança evolutiva.
Em Marte, já houve diversas pareidolias, como a famosa "cara de urso", uma "porta alienígena" captada pelo rover Curiosity e uma rocha em "forma de gato" registrada pelo robô Perseverance.
Na Lua, o rover chinês Yutu-2 encontrou uma "cabana misteriosa" que, na verdade, era apenas uma rocha de formato peculiar.
*Com informações do DW