Smartwatches são confiáveis para monitorar saúde? Depende de como você usa
Colaboração para Tilt, do Rio de Janeiro*
02/05/2024 04h00Atualizada em 02/05/2024 11h44
Smartwatches costumam oferecer funções para medir a frequência cardíaca, atividades físicas, oxigenação, níveis de estresse e até bioimpedância (leitura da composição do corpo, em gordura, massa magra e água). Empresas como a Apple até utilizam tais tecnologias como foco de marketing, alegando que são capazes de salvar vidas. Mas esses medidores são confiáveis?
Médicos do esporte ouvidos por Tilt afirmam que, em geral, tais monitoramentos são sim confiáveis — mesmo que com limitações.
A proposta de gamificar exercícios físicos ajuda muitas pessoas a ficarem mais ativas, mas, embora funcionem bem, os smartwatches têm suas limitações e não são tão precisos quanto equipamentos profissionais usados por médicos. Portanto, não deixe de fazer seus exames de rotina.
Batimentos cardíacos
O smartwatch consegue detectar a frequência cardíaca por meio do contato de luzes e sensores específicos com a pele do pulso.
Quem tem um quadro diagnosticado de arritmia cardíaca, por exemplo, pode monitorar a saúde com o eletrocardiograma. Mesmo que a tecnologia seja limitada, com o uso no dia a dia, ela ajuda a pessoa a manter o olho em eventuais mudanças,
É importante destacar que praticar atividades aeróbicas regulares pode prevenir problemas do coração. E, nesse ponto, esses eletrônicos podem ajudar bastante — por exemplo, ao contar os passos do usuário.
Bioimpedância
No modelo tradicional, o paciente coloca os pés e as mãos em eletrodos (sensores de metal) e o aparelho envia estímulos elétricos de baixa voltagem para inferir a porcentagem de gordura, massa muscular e água. São quatro pontos de comunicação (mãos e pés) para passagem do sistema elétrico.
Já no smartwatch, há apenas uma via de transmissão. O usuário coloca o dedo nos botões laterais do relógio e ele envia o estímulo elétrico, que passa pelo corpo e volta, fechando a cadeia no mesmo ponto em que começou.
Essa versão de bioimpedância do relógio, de via única, não funciona tão bem quanto a convencional. No entanto, se a pessoa usar com frequência, pelo menos ela conseguirá acompanhar alterações no padrão (mesmo que ele não seja o mais correto).
Oxímetro
O oxímetro se popularizou durante a pandemia de covid-19 por medir a oxigenação no sangue. É importante lembrar, no entanto, que a medição apenas pelo oxímetro não é suficiente para diagnósticos de covid-19 e que existem parâmetros mais importantes nessa análise. Caso a pessoa tenha algum sintoma, é indicado procurar auxílio médico.
A oximetria, no entanto, é interessante para acompanhar a rotina de pacientes com alguma questão específica crônica, pulmonar ou mais idosos.
Mas a tecnologia também funciona diferente no relógio e na oximetria compacta (aquela comprada na farmácia), Nessa última, o aparelho observa com uma luz a coloração do sangue que chega na ponta do dedo, enquanto o relógio utiliza o mesmo princípio no pulso.
O dedo é mais vascularizado e, por isso, ele é mais indicado para o acompanhamento. No entanto, como a tecnologia dos relógios é eficaz, ela também funciona bem no pulso.
Pressão arterial
Uma funcionalidade recente na tecnologia de smartwatches promete aferir a pressão com o auxílio do relógio. Ele precisa ser utilizado com um equipamento complementar — que faz a pressão no braço. No entanto, não substitui a leitura feita por um equipamento profissional.
O recurso deve ser usado apenas para avaliar padrões rotineiros e não é válido como medida específica pontual. Além disso, a pressão arterial precisa ser medida por uma pessoa que tenha habilidade para isso, porque é um ponto delicado e muito importante do diagnóstico e tratamento médico.
Estresse e ansiedade
Nesse caso, o parâmetro principal utilizado pelos relógios é a frequência cardíaca, que avalia variações ou irregularidades no padrão; por exemplo, batimentos muito rápidos sem atividade física podem indicar condições relacionadas a ansiedade ou estresse.
Questões psicológicas, no entanto, envolvem uma série de variáveis que vão além de batimentos cardíacos.
Ainda assim, caso você esteja estressado, esses aparelhos também oferecem opções de relaxamento e sessões de respiração. Elas podem auxiliar em um momento mais crítico e, caso realizadas com regularidade, podem trazer resultados positivos.
Como usar o smartwatch
É fundamental utilizar o aparelho de forma correta para proporcionar uma medição mais precisa no monitoramento da saúde. A recomendação é manter a superfície das luzes de LED e infravermelho (na parte de trás do smartwatch) em contato completo com a pele.
Sobre a posição, ele precisa ficar aproximadamente dois dedos para trás do maléolo — que é esse ossinho que temos no punho. Não precisa apertar muito, mas não pode deixar folgado.
Fontes: Paulo Puccinelli e Gabriel Ganme, médicos do esporte.
*Com informações de reportagem publicada em 16/11/2022
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