Repelente ultrassônico não funciona e ainda pode fazer mal a pets; entenda
Colaboração para Tilt
06/05/2024 04h00Atualizada em 06/05/2024 16h03
A ideia por trás dos repelentes ultrassônicos parece ótima e sustentável: um aparelho que emite ondas sonoras capazes de afugentar insetos sem a necessidade de elementos químicos, sem gerar odores e sem incomodar as pessoas. A ciência, porém, diz que, além de isso não acontecer, o equipamento ainda pode piorar a situação e prejudicar os pets.
Como funcionam os repelentes ultrassônicos?
São dispositivos que se conectam a uma tomada elétrica e, teoricamente, emitem sons de alta frequência não detectáveis pelos ouvidos humanos projetados para repelir, ferir ou matar pragas domésticas, como roedores e insetos;
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A frequência exata pode variar entre os fabricantes, mas a maioria está acima de 20.000 Hz — em alguns casos até acima de 65.000 Hz, que prometem distrair os insetos.
Qual o problema dos repelentes ultrassônicos?
Os aparelhos são generalistas e prometem lidar com uma gama muito grande de espécies de insetos.
Cada inseto responde a sons diferentes. Alguns só se incomodam com ondas sonoras em determinadas frequências que não são as usadas por esses aparelhos, o que faz com que eles sejam inúteis;
Há pesquisas que mostram que, quando falamos de mosquitos, o único som percebido por eles é o bater das asas da fêmea.
É importante notar ainda que no Brasil não há certificações como a do Inmetro que poderiam atestar a eficiência desse tipo de repelente no Brasil.
O perigo para os pets
Se nós não ouvimos as frequências muito altas, o mesmo não acontece com animais como cães e gatos, que têm ouvido muito mais sensível do que o nosso.
Na prática, eles podem incomodar animais de estimação, como cães e gatos, que são sensíveis a um espectro sonoro mais amplo do que nós, humanos.
Ineficaz contra o mosquito da dengue
O pesquisador do Instituto de Biologia da Unicamp Isaías Cabrini tem uma tese de mestrado apresentada em 2005 na Unicamp que estuda aparelhos para afastar mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus (outro vetor do vírus da dengue). Além de mostrar a ineficácia deles, o estudo apontou que, com os repelentes ligados, ambas as espécies de mosquitos acabavam tentando picar mais do que quando estavam desligados.
Já a física biomolecular Natasha Mezzacappo reforça que teve acesso a estudos sobre o efeito desses repelentes em mosquitos, formigas e baratas, alguns feitos no Brasil, inclusive, com o teste de aparelhos de diversas marcas comercializadas. A conclusão, de maneira geral, é que esses repelentes não funcionam nesses insetos.
*Com matéria de janeiro de 2023