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Vítima perdeu R$ 85 mil: quadrilha roubava idosos com golpe da mão-fantasma

De acordo com delegado, golpistas buscam idosos que, geralmente, têm menos conhecimento tecnológico Imagem: Getty Images

De Tilt, em São Paulo

13/05/2024 04h00Atualizada em 15/05/2024 11h13

Uma operação conjunta liderada pela Polícia Civil de Santa Catarina prendeu uma quadrilha acusada de operar uma falsa central de atendimento, em São Paulo, para induzir pessoas que não conhecem muito de tecnologia, sobretudo idosos, a cederem acesso remoto a seus dispositivos e limparem suas contas bancárias.

O que aconteceu

Detenções da Operação Central do Crime foram feitas na última quarta-feira (8), frutos de três meses de investigação. Foram emitidos 11 mandados de busca e apreensão, todos no estado de São Paulo, em cidades como Santos, Guarujá e Ribeirão Preto, cumpridos com auxílio da Polícia Civil de São Paulo.

Ao todo, há 15 investigados, entre golpistas e conteiros (pessoas que emprestam contas bancárias que ajudam a distribuir o que foi roubado e dificultar o caminho até o destino do dinheiro).

Como funciona o golpe

Segundo Leonardo Silva, da delegacia de defraudações do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), de Santa Catarina, os criminosos se passam por um funcionário de banco e tentam obter senhas bancárias ou forçar a pessoa a fazer uma transferência. Para convencer as vítimas, eles costumam ter informações pessoais verdadeiras — boa parte de dados pessoais está disponível em "painéis", páginas web ilegais que reúnem dados vazados de diferentes fontes.

Os golpistas entram em contato para informar uma movimentação estranha na conta, tentativa de invasão ou uma compra suspeita.

O foco dos criminosos, explica o delegado, é encontrar vítimas "mais fáceis de serem ludibriadas, geralmente idosos ou quem tem menos conhecimento de informática" e eles aplicam o que é conhecido como "golpe da mão invisível".

Os golpistas convencem a vítima a abrir ou baixar um programa que possibilita que um terceiro navegue remotamente no dispositivo. Quando isso ocorre, a pessoa nota que tem uma pessoa mexendo em seu aparelho à distância.

Falam que precisam instalar uma atualização no celular ou no computador que, na verdade, é um aplicativo para ter acesso remoto. Com acesso ao dispositivo, eles conseguem acessar a conta e fazer transferências. Delegado Leonardo Silva

Uma das vítimas, um idoso de 85 anos, levou prejuízo de R$ 85 mil. O delegado estima que houve mais de R$ 1 milhão em perdas juntando as vítimas que eles conseguiram contabilizar.

Crime home-office. Apesar da investigação ter começado em Santa Catarina, todos os detidos são de São Paulo. A delegacia registrou vários crimes no estado, porém foram também contabilizadas vítimas do Rio de Janeiro, Ceará, Bahia, Sergipe, Goiás e Rio Grande do Sul.

Como evitar

  • Bancos nunca entram em contato solicitando a instalação de aplicativos ou enviam links para seus clientes sem que eles tenham pedido: na dúvida, entre você mesmo em contato com seu banco pelo número que fica atrás do seu cartão ou vá até uma agência.
  • Não clique em links suspeitos: é sempre melhor entrar em sites oficiais e navegar por lá. Além disso, vale a pena verificar se o domínio do link é o mesmo da página oficial do site;
  • Não anote senhas no celular: não salve os códigos em arquivos e pastas, pois podem ser acessadas por invasores. Tente usar um gerenciador de senhas, que cria opções fortes e as preenche automaticamente nos diferentes serviços.
  • Varie as senhas entre os diferentes aplicativos: se você cair em algum golpe, o efeito será menos grave;
  • Atualize seus aplicativos: as atualizações devem vir de fontes oficiais, como lojas de aplicativo (como Play Store ou App Store), no caso de quem usa celular.
  • Instale aplicativos apenas de fontes oficiais: os fabricantes de sistema operacional possuem um rigoroso processo de verificação, aprovação e publicação de aplicativos nas lojas oficiais. As fraudes partem de links e outros apps;
  • Use a autenticação de dois fatores: configure a autenticação em duas etapas nos principais aplicativos, especialmente naqueles que envolvem dinheiro. Ao adicionar mais uma etapa, na hora do acesso, você precisa colocar a senha e, em seguida, confirmar no e-mail ou com SMS;
  • Desconfie sempre: mesmo se o link vier do banco ou de um amigo, ligue para eles, procure explicações. E fique de olho em matérias como esta, que deixa você atualizado sobre o "golpe da vez".

O que devo fazer se cair no golpe

  • Se mesmo assim você cair no golpe, assim que perceber que algo está acontecendo no celular, como aplicativos abrindo sozinho, desconecte a internet e desligue o aparelho.
  • Esse primeiro passo pode atrasar a movimentação dos golpistas, mas ainda não é a solução final.
  • O próximo passo é passar um antivírus para limpar tudo. Aqui, é importante reforçar que o programa seja baixado da loja oficial de aplicativos. Não procure por opções duvidosas ou piratas!
  • Se, ainda assim, você não estiver se sentindo seguro, restaure o celular aos padrões de fábrica.
  • Tomadas essas medidas de emergência, é importante abrir um Boletim de Ocorrência (BO) e, se for o caso, contatar um advogado para ter orientações detalhadas de como proceder.

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