Sem as mãos! Testei 1º vibrador com design brasileiro - e ele tem bracinhos
Parece um clitóris ou um bonequinho de posto. Há até quem veja um cacto no Clits, primeiro vibrador com design 100% brasileiro, que tem nestes "bracinhos" sua novidade. Tilt testou o produto, aproveitando que ele é feito tanto para que pessoas com vulva brincarem sozinhas quanto para ser usado com mais pessoas.
O Clits é todo em amarelo e com uma peça encaixável, essa que parecem bracinhos. O objetivo deles é que se encaixem nos lábios vaginais, permitindo que o clitóris seja estimulado sem ser preciso segurar o vibrador.
Ele é um bullet, uma categoria de vibradores pequenos menos de 8 cm, no caso, que ganhou esse nome por parecer uma cápsula e ser usado principalmente no clitóris.
Como ele é?
- Duas peças, sendo o bullet, de fato, com a parte mecânica que faz a vibração, e os bracinhos acopláveis (que podem ser encaixados em duas direções)
- Nove tipos de vibração
- Material de silicone médico e plástico ABS
- Carregamento magnético --o cabo já vem com o produto
- Tempo de uso aproximado de 50 minutos
Como foi testar o Clits?
O design é uma atração, já que ele tem uma cara simpática, que gera curiosidade logo que se bate o olho. No meu caso, o "presente" foi para minha companheira, com segundas intenções: isto é, tanto para ela usar sozinha, quanto para testarmos juntos.
A gente testou primeiro juntos e a cara foi de: "Ué, como faz?". Mas, com paciência, dá pra descobrir o jeitinho que ele se encaixa nos lábios vaginais, ou improvisar e usar como a imaginação mandar.
Usando a dois: o fato de o bichinho ficar encaixado sem precisar das mãos deixa as coisas interessantes e mais fáceis. Dá para turbinar o "papai e mamãe", aproveitar ele paradinho para posições de costas e variar os tipos de vibrações para mudar a dinâmica das coisas. Saber que ele tem um formato diferente e que você está experimentando algo pela primeira vez dá um tesão a mais.
Usando a um: o relato da minha parceira foi bastante positivo quando ela testou sozinha. O Clits realmente se encaixa nos lábios vaginais e dá para usá-lo em várias posições. A preferida foi de barriga para baixo. E a coisa foi rápida: não durou duas músicas no radinho. O bullet é potente mesmo.
Primeiro design brasileiro: o que isso significa?
O Clits é uma criação da Pantynova, empresa de itens eróticos que começou em 2018, com investimento de apenas R$ 30 mil, e que cresceu 400% durante a pandemia ante 50% desta indústria, segundo a consultora PwC.
O que a maioria das marcas faz, como a própria Pantynova em muitos casos, é vender vibradores desenvolvidos no exterior. Neste processo de "white label", a fábrica gringa até customiza o produto a pedido de uma marca brasileira, mas sua essência já está criada com o motor, bateria e tudo mais.
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Quero receberIzabela Starling e Heloisa Etelvina, sócias da Pantynova, começaram a desenvolver produtos próprios como strap-ons, dildos e lubrificantes. Enquanto isso, bullets e vibradores eram vendidos com essa "curadoria" delas. O próximo passo, mais ousado, era desenhar um novo vibrador.
Com a pandemia, a gente cresceu muito e começamos a consolidar esse sonho de ser uma marca mesmo, pegando nosso portfólio e tornando 100% próprio. Mas sempre tivemos o sonho do produto próprio, nosso projeto mais ambicioso. Izabela Starling
'Pensar em tudo' e os bracinhos
O desafio era pensar em tudo: no motor do bullet, na tecnologia, formato, acabamento final e até no botão e na luzinha para avisar que é hora de carregar o "amigo".
"Em dezembro de 2020, a gente começou esse projeto com mais duas designers de produto, e surgiu o Clits. A ideia era ser um vibrador que servisse tanto para iniciantes, quanto para pessoas mais experientes", diz Izabela. Como ele é mais compacto e simples, há muitos produtos de baixa qualidade no mercado. Então, havia a preocupação tanto do design, quanto na resistência.
O projeto do bullet, em si, foi uma parte do processo. Faltava um diferencial. "A gente sabia que só essas características não são as que o consumidor bate o olho e faz diferença. Então a gente pensou em cima do nosso 'Censo do Sexo', que apontava que pessoas que estão num relacionamento têm maior probabilidade de comprar um vibrador", diz Izabela.
Então, a gente criou essa perninha, com esse sistema que acopla e desacopla, em silicone. O legal é que ele permite que você utilize o seu bullet sem precisar das mãos. Elas se encaixam nos lábios vaginais e aí elas ficam fixas ali, permitindo que a pessoa seja penetrada. Izabela Starling
Testes e produção
Desenvolver um produto é um processo longo e levou um ano e nove meses, no caso de Izabela e Heloisa. O principal método durante esse período foi trabalhar com impressoras 3D. Segundo elas, foram 12 amostras até sair o produto final.
As impressões 3D foram feitas no Brasil, com um material próximo do usado no produto para venda. "A gente construiu todo um ferramentário, que é onde fica o custo mais alto do desenvolvimento para poder fazer o produto em série", explica Heloisa.
Entre as fases de desenvolvimento, uma das mais importantes, é claro, é testar o vibrador, o que ficou a cargo de 20 pessoas, avaliando em detalhes o que podia mudar até chegar à 12ª versão, segundo Heloisa. Com ela pronta, o passo final foi enviar para a China, que tem o silicone médico necessário para a fabricação.
A criação da marca
A Pantynova foi criada por Heloísa, formada em arte, Izabela, em moda, e Derek Derzevic, do marketing. Da "dor" de entrar em uma sex shop e não ter produtos pensados nas mulheres, veio a vontade de investir em um mercado por e para mulheres.
O primeiro site levou cerca de dois anos para sair. Foram mais dois para que o trio pudesse ter a Pantynova como emprego principal, e não atividade paralela.
"Ela ficou crescendo 100% ao ano durante os primeiros dois anos. Aí, quando veio a pandemia, cresceu 400%", diz Izabela, que põe na conta do isolamento e também de movimentos como o #MeeToo o crescimento deste mercado.
Outra aposta da Pantynova foi em ouvir as clientes. Com seu "Censo do Sexo", de 2022, a Pantynova aponta que 92% dos 1.800 entrevistados consideravam que a masturbação é boa para a saúde e 65% consideraram que usar brinquedos sexuais deixam as coisas mais satisfatórias.
"Então, não é nada que surgiu só da nossa cabeça. Surge de uma ideia minha e da Izabela, mas tem uma pesquisa pesada de anos até chegar aos nossos produtos", diz Heloisa.
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