Como a Nasa conseguiu consertar sonda espacial a 24 bilhões de km da Terra
De Tilt, em São Paulo
21/06/2024 04h00
A espaçonave Voyager 1 voltou a funcionar plenamente pela primeira vez depois de sete meses, com seus quatro instrumentos de análise retornando dados científicos legíveis. Os profissionais da Nasa analisaram e consertaram um problema técnico a 24 bilhões de quilômetros de distância.
O que aconteceu
O equipamento da Nasa teve um problema técnico em novembro de 2023. A sonda espacial parou de enviar dados científicos e de engenharia de volta à Terra no dia 14 daquele mês. Apesar disso, os controladores da missão sabiam que a espaçonave ainda estava recebendo comandos e operando normalmente.
Em março deste ano, o problema foi descoberto. A equipe de engenharia da Voyager 1, no Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, no sul da Califórnia, confirmou que o problema estava ligado a um dos três computadores de bordo da espaçonave, chamado subsistema de dados de voo (FDS, na sigla em inglês). Esse sistema é responsável por empacotar os dados científicos e de engenharia antes de serem enviados para a Terra.
A memória estava corrompida. Um único chip responsável por armazenar uma parte da memória FDS —incluindo parte do código de software do computador— não estava funcionando. Com um teste que solicitou à espaçonave enviar uma leitura da memória FDS, os engenheiros da Nasa viram que cerca de 3% dela estava corrompida, o que impedia o computador de realizar operações normais.
Como o reparo foi feito
Não era possível consertar o chip a distância, então a equipe armazenou o código afetado em outro lugar da memória do FDS. Mas sem encontrar um local grande suficiente, os engenheiros dividiram o código afetado em seções e as armazenaram em diferentes locais no FDS. Eles também precisaram ajustar essas seções para garantir que todas funcionassem como um só produto.
O problema foi parcialmente resolvido em abril. A equipe tinha solicitado que a sonda começasse a retornar dados de engenharia, que incluem informações sobre a saúde e o estado da espaçonave. No mês seguinte, o comando foi para enviar dados científicos. Dois dos quatro instrumentos científicos retornaram imediatamente aos seus modos normais de operação, mas os outros dois precisaram de mais atenção.
Agora, depois de sete meses, o equipamento está em plena operação. Com um trabalho adicional nos instrumentos, a espaçonave voltou a coletar informações sobre o espaço interestelar e está conduzindo operações científicas normalmente.
Por que isso é importante?
A missão Voyager é composta por duas espaçonaves, a Voyager 1 e a Voyager 2. O objetivo é explorar o Sistema Solar de forma ampla, até os limites de onde o Sol alcança ou mais além.
Segundo a Nasa, cada uma delas está muito mais longe da Terra e do Sol do que Plutão. Enquanto a Voyager 1 está a mais de 24 bilhões de quilômetros de distância da Terra, a Voyager 2 está a mais de 20 bilhões de quilômetros da Terra.
Os quatro instrumentos da Voyager 1 estudam ondas de plasma, campos magnéticos e partículas. No início, a missão principal foi explorar Júpiter e Saturno. Já a Voyager 2 explorou Urano e Netuno, sendo a única espaçonave a visitar esses planetas.