Filme interativo é o futuro? Aposta do guru da IA tem um grande entrave

Em uma de suas previsões, Sam Altman, CEO da OpenAI, disse que o futuro do cinema é se tornar mais interativo, como se fosse um videogame.

No novo episódio de Deu Tilt, o podcast do UOL para os humanos por trás das máquinas apresentado por Helton Simões Gomes e Diogo Cortiz, Paulo Barcellos, CEO da O2, discutiu a previsão do executivo que tem se tornado um guru da inteligência artificial.

À frente da maior produtora da América Latina, responsável por sucessos do audiovisual brasileiro, como o filme "Cidade de Deus" e a série "Cangaço Novo", Barcellos discorda da previsão de Altman por, pelo menos, dois motivos (assista acima).

Cinema é uma experiência passiva, é onde você contempla uma história e não onde você tem que parar e ativar o seu córtex pré-frontal para pensar o que fazer
Paulo Barcellos, CEO da O2 Filmes

Ele acredita que, no futuro, vão surgir ferramentas tecnológicas bastante sofisticadas, sim, mas talvez para mostrar versões diferentes de uma cena ou de um personagem.

Cinema interativo já existe. Chama videogame
Paulo Barcellos

Netflix tentou?

Diogo Cortiz lembra que o episódio Bandersnatch, da série Black Mirror, foi muito aguardado justamente pela proposta de interação. O telespectador tinha o controle da narrativa e podia escolher o que as personagens fariam.

O dia que saiu eu cheguei em casa, sentei e, nas primeiras cenas, já pensei: 'Não quero'
Diogo Cortiz

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Quando o cinema é desse jeito, coloca a pressão das escolhas nos seus ombros, e fica frustrante"
Helton Simões Gomes

Barcellos sugere um outro caminho: os videogames trazendo possibilidades de novas histórias, movimento que tem ganhado força entre as grandes produtoras, como é o caso de The Last Of Us, Fallout e Halo, séries inspiradas em games de sucesso.

'IA não substituirá atores tão cedo'

O ator Will Smith, 55, deu as caras em uma propaganda na TV brasileira falando português em uma voz bastante parecida com a dele.

Esse processo usou de inteligência artificial e também foi discutido em Deu Tilt. Paulo Barcellos, CEO da O2 Filmes, afirmou que há usos interessantes de IA no cinema, mas, por enquanto, ainda não há nenhuma prática muito consistente no ramo que seja uma ameaça à atuação dos atores.

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Se a gente conseguir estabelecer as regras do jogo, vai ser bom para todo mundo"
Paulo Barcellos

'Cinema é emoção, e vai demorar para IA chegar nisso'

Paulo Barcellos, CEO da O2 Filmes, afirma que a produtora por trás de sucessos como "Cidade de Deus", "Cangaço Novo" e "Ensaio sobre a Cegueira" usa inteligência artificial em todos os processos. Mas essa tecnologia está longe de ser algo que vai transformar a indústria do audiovisual.

Cinema é atuação, é diálogo, é entonação, close de câmera? O controle no cinema é muito importante (...) São muitas variáveis e a IA não trabalha assim. É uma questão da maneira como a IA generativa funciona, a falta de controle é o padrão
Paulo Barcellos

DEU TILT

Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre as tecnologias que movimentam os humanos por trás das máquinas. O programa é publicado às terças-feiras no YouTube do UOL e nas plataformas de áudio. Assista ao episódio da semana completo.

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