Por que novo apagão cibernético global está mais perto do que você imagina
O dia 19 de julho de 2024 vai entrar para a história da tecnologia como um dia de caos. Empresas que usam Windows, da Microsoft, viram a "tela azul da morte" como um prenúncio catastrófico.
Neste episódio de Deu Tilt, o podcast do UOL para humanos por trás das máquinas, Helton Simões Gomes e Diogo Cortiz explicam por que o apagão cibernético que se abateu sobre o mundo pode até ter passado, mas está muito próximo de se repetir muito em breve.
As razões que estão por trás desse último caos global não foram resolvidas e não serão porque são sistêmicas. Não são problemas, mas sim condições do modelo que a gente vive hoje em dia
Helton Simões Gomes
O caso
O problema visto no sistema operacional da Microsoft foi provocado por outra empresa. A falha ocorreu quando a CrowdStrike, que fornece um serviço de segurança corporativo, realizou uma atualização que causou uma reação imprevista. Isso tirou do ar os serviços de companhias aéreas, bancárias, de saúde e de TV.
De acordo com o FlightAware, que monitora dados sobre voos, mais de 5.500 voos foram cancelados e 46 mil decolagens foram atrasadas.
Por que tão perto?
O bug foi contornado, mas as condições por trás dele continuam a existir.
Devido ao processo de digitalização, nosso sistema econômico se apoia no sistema de computação em nuvem para funcionar e recorre a cada vez menos fornecedoras desses serviços. Para Diogo, tudo o que pode ser digitalizado irá para a nuvem porque isso diminui custos e otimiza processos.
Isso mostra um pouco da nossa dependência tecnológica. Cada vez mais dependemos desses processos, o que é natural, [pois] passamos por um momento de digitalização, que é uma força que não tem volta.
Diogo Cortiz
O mercado de tecnologia é mega concentrado. Se a gente pegar quais são as principais nuvens no mercado, são duas ou três Big Tech. Estou falando de Microsoft, Amazon e Google.
Diogo Cortiz
Além disso, a atual corrida rumo à inteligência artificial cria uma demanda por serviços em nuvem.
Ainda que muitas empresas como o Google e a Apple já estejam tentando fazer com que os sistemas de IA rodem no aparelho - até para promover mais privacidade - as coisas mais interessantes são feitas na nuvem e são feitas por 'campeões' da tecnologia.
Helton Simões Gomes
Dessa vez, o apagão cibernético ocorreu devido à atualização de uma firma de segurança, mas updates como esses são feitos diariamente por companhias de diversas áreas. E as plataformas delas estão cada vez mais interligadas.
A cada nova atualização, a gente está próximo, sem saber, de um novo apagão global.
Helton Simões Gomes
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Quero receberDiogo avalia que o caso é exemplo de como a cibersegurança ainda é jogada para escanteio e não recebe a devida atenção. Para o pesquisador, o assunto deveria ter tanto protagonismo quanto a inteligência artificial.
É uma área super crítica, que deveria ser pensada de maneira estratégica por todos os países e muitas vezes fica ali jogada de canto
Diogo Cortiz
Por que a Meta dá de graça IA que não custou barato e é vendida por rivais?
A Meta, dona de Facebook, Instagram e WhatsApp, está liberando sem cobrar o uso do seu modelo de inteligência artificial, que é tão poderoso quanto o sistema por trás do ChatGPT.
Como, quando a esmola é muita, o santo desconfia, logo surge a pergunta: por que uma das empresas mais poderosas do mundo está dando de graça um serviço pelo qual os concorrentes dela cobram —e caro?
No episódio desta semana de Deu Tilt, o podcast do UOL para os humanos por trás das máquinas, Helton Simões Gomes e Diogo Cortiz discutem por que a empresa de Mark Zuckerberg investiu bilhões no treinamento e desenvolvimento de uma ferramenta para torná-la aberta e gratuita.
Algoritmo descarta risco para mulher agredida, e ela é morta pelo marido
Após ter sido espancada pelo marido, Lobna Hemid recorreu à polícia. Ela foi mandada para casa após a situação ser avaliada pelo algoritmo do governo espanhol que verifica a gravidade de casos de violência doméstica. Algumas semanas depois, o homem assassinou a mulher.
No novo episódio de Deu Tilt, o podcast do UOL para humanos por trás das máquinas, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes apresentam casos de confiança cega na tecnologia que fazem pensar sobre o uso acrítico da inteligência artificial para lidar com crimes, casos de violência ou abordagens policiais.
Isso traz uma questão que a gente precisa discutir como sociedade, que é essa confiança cega que a humanidade passa a ter na inteligência artificial. Começamos a ter uma dificuldade maior em saber em que momento acaba uma decisão humana e começa uma decisão com as máquinas e vice-versa"
Diogo Cortiz
DEU TILT
Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre as tecnologias que movimentam os humanos por trás das máquinas. O programa é publicado às terças-feiras no YouTube do UOL e nas plataformas de áudio. Assista ao episódio da semana completo.
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