Risco de catástrofe: vulcão de lava negra e fria intriga cientistas
O magma dos vulcões é geralmente associado a algo vermelho e quente, mas, na Tanzânia, o Ol Doinyo Lengai tem uma lava "estranha": uma mistura escura e acinzentada, a mais fria do mundo.
Lava escura e 'fria'
As erupções do vulcão "diferentão" ocorrem em ciclos entre explosões violentas de magma de silicato e efusões de lava rara de natrocarbonatita —o que é responsável por dar a cor negra ao magma expelido, segundo um artigo publicado na revista cientifica Nature.
O Ol Doinyo Lengai tem a lava mais fria do mundo também, com temperatura entre 480 ºC e 590ºC. Outros vulcões têm o magma de até 1.200 ºC.
O que explica temperatura mais baixa da lava?
A falta de cadeias de sílica no magma de carbonatito reduz sua viscosidade e estrutura, permitindo que ele entre em erupção a temperaturas mais baixas. O magma de carbonatito é composto principalmente de carbonato de cálcio (CaCO3), cálcio, dióxido de carbono e sódio, diferentemente do magma de silicato que tem altas porcentagens de sílica (SiO2) —presente na maioria dos vulcões.
Por que a lava é negra?
A lava de carbonatito é inicialmente escura devido aos minerais que a compõem. Após a erupção, a lava negra se decompõe rapidamente em contato com a água ou atmosfera úmida, mudando de cor para branco à medida que se esfria e oxida.
Cratera está afundando e catástrofe pode acontecer
Pesquisadores confirmaram que a cratera do vulcão está afundando, de acordo com pesquisa publicada na revista Geophysical Research Letters. A área de solo com cerca de 0,5 km de diâmetro afundou 3,6 cm por ano entre 2013 e 2023. A conclusão foi possível após análise de imagens de satélite, usadas para documentar mudanças na topografia ao redor do cume do Ol Doinyo Lengai.
Uma das causas prováveis do afundamento é a existência de um reservatório de magma raso, que esvaziou, a menos de um quilômetro de profundidade abaixo do cume. Processos de deformação do cume em vulcões ativos podem levar a um "colapso catastrófico". Cientistas alertam que é essencial monitorar os acontecimentos dentro e ao redor do Ol Doinyo Lengai para evitar possíveis desastres.
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