Agronomia e internet: conexão eleva produtividade de fazenda em MT em 17%

Uma grande empresa de telecomunicações contrata três agrônomos. Pode parecer sem sentido. Mas é unindo áreas aparentemente diferentes que o futuro da conectividade rural tem sido pensado, conta Alexandre Dal Forno, diretor de desenvolvimento de mercado IoT e 5G da TIM Brasil. Além de lidar com os profissionais da agronomia, é ele que lidera na companhia a estratégia de expandir o sinal 4G nas áreas remotas do país.

Durante o evento Brasil do Futuro - Agrotech, realizado pelo UOL, o executivo falou que a TIM trabalha com o segmento do agronegócio há quase seis anos.

Achamos um modelo de negócio para levar conectividade para a área agrícola e, nesse tempo, conectamos 17 milhões de hectares
Alexandre Dal Forno, diretor de desenvolvimento de mercado IoT e 5G da TIM Brasil

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Uma das boas histórias para contar a esse respeito está no município de Água Boa, no Mato Grosso, cuja população é de cerca de 25 mil habitantes. É o caso da Agropecuária Jerusalém, que recebeu internet em um projeto para comprovar que a conexão melhora o trabalho e a produtividade de uma fazenda. A iniciativa foi capitaneada pela TIM e a montadora de máquinas agrícolas Case IH.

Levar conectividade a uma propriedade rural viabiliza a operação de modernas máquinas agrícolas. Uma colheitadeira de grãos, por exemplo, tem embutido sistemas de inteligência artificial. Em uma máquina destas, há 16 sensores e exige em uma só jornada de trabalho 1.800 ajustes, como velocidade e ângulo da plataforma.

Quando vai começar o processo de colheita, o produtor pode escolher o módulo de qualidade de grãos, então a máquina opera na velocidade adequada para manter a integridade dos grãos. O operador não conseguiria fazer isso [na mesma velocidade], e a máquina mesmo vai se ajustando
Eduardo Penha, diretor de Marketing da Case IH para a América Latina

Ainda segundo Penha, 90% das funções do maquinário são feitas de forma autônoma e ele entrega 15% acima da produtividade em comparação ao sistema sem conexão com a internet. Para medir estes desempenhos, a consultoria Agricef foi contratada junto a Universidade de Campinas (Unicamp) para avaliar primeira e segunda safras com acesso à internet.

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Esse projeto da Fazenda Conectada, desde o início, trouxe uma série de desafios, como conseguir medir os ganhos dessas tecnologias em uma fazenda real. Quando iniciamos o projeto, nos deparamos com o contexto da fazenda, com profissionais capacitados, mas de visão analógica, não era em tempo real a tomada de decisão
Efraim Albrecht, diretor de operações e sócio fundador da Agricef

No primeiro ano, a fazenda modelo teve 7% a mais de produtividade em comparação à média das fazendas do entorno, e 13% a mais do que a média do Brasil.

A diferença também é sentida no aspecto do meio ambiente, com a redução de 25% de uso de combustível na fazenda. Isso porque, através dos painéis de controle da fazenda acompanhados em tempo real, é possível monitorar os tratores que estão ligados mas não estão em operação. Assim, a partir da conectividade, houve redução de 6% de motor ocioso, segundo Efraim.

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