Cai desigualdade de acesso: internet chega a 88% da população, diz IBGE

O acesso à internet cresceu no Brasil entre a população de 10 anos ou mais nos últimos sete anos. Em 2016, eram 66,1% de usuários e, em 2023, 88%, o equivalente a 164,5 milhões de pessoas, segundo o módulo TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação) da PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), divulgado nesta sexta-feira (16) pelo IBGE.

"A gente observa uma redução da desigualdade no acesso à internet entre diversas populações no país", destacou Gustavo Geaquinto Fontes, analista da pesquisa, durante coletiva de divulgação do estudo.

O que aconteceu

A conectividade aumentou no país entre diversas parcelas da população, entre ela moradores de áreas rurais. Na área urbana o percentual é de 89,6% e, na área rural, 76,6%. "Apesar da diferença, o crescimento do uso da internet entre moradores da área rural tem sido mais intenso", divulgou o IBGE. "Na primeira edição da pesquisa, em 2016, era de 33,9%, passou para 72,7%, em 2022 e atingiu 76,6% em 2023, reduzindo a diferença em relação aos da área urbana", destaca Fontes.

A região com maior percentual de usuários da internet segue sendo o Centro-Oeste (91,4%). Sudeste, com 89,9%, e Sul, com 89,2%, vêm na sequência.

Regiões Norte (85,3%) e Nordeste (84,2%) permaneceram com resultados inferiores aos das demais. O IBGE destaca, entretanto, que a região Norte foi a que apresentou a maior expansão desse indicador em relação ao ano anterior, com aumento de 2,9%, ante a média de 0,8% do país. De 2019 a 2023, o acesso no Norte e Nordeste cresceu 15,3% e 14,2%, respectivamente.

No recorte por cor ou raça, 89,5% das pessoas declaradas brancas usavam a internet, ante 87,6% das pretas e 86,8% e das pardas. Observando o início da série histórica em 2016, "havia diferenças mais marcantes", ressalta Fontes. Naquele ano, 72,6% das pessoas brancas usavam a internet, contra 63,9% das pretas e 60,3% das pardas.

Menor acesso entre pessoas sem instrução

Pessoas sem instrução apresentaram proporção de uso duas vezes menor em relação à toda a população conectada em 2023: 44,4%, ante 7% em 2016. Já pessoas com ensino superior incompleto (98,3%) e com superior completo (97,6%) apresentaram os maiores percentuais de uso.

Outra disparidade foi registrada na comparação entre estudantes com dez anos ou mais das redes privada e pública. Em 2023, 97,6% dos alunos do ensino privado utilizaram a internet, percentual superior à marca de 89,1% na rede pública.

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Conectividade cresce em espaços públicos. A proporção de estudantes que utilizaram o acesso gratuito à internet em estabelecimentos públicos de educação ou bibliotecas públicas foi de 27,1% em 2023, 2,9% superior ao observado em 2022 (24,2%). Estima-se que 30,5% dos estudantes da rede pública que utilizaram internet em 2023 acessaram o serviço de forma gratuita em escolas, universidades ou bibliotecas públicas, percentual superior ao observado para aqueles da rede privada (20,6%).

Celular é principal meio de acesso

O celular foi mais uma vez o aparelho mais usado para conexão. O equipamento foi utilizado por 98,8% das pessoas de dez anos ou mais com acesso à rede. Televisão (49,8%), microcomputador (34,2%) e tablet (7,6%) apareceram depois, ainda segundo a PNAD.

Crescimento do acesso à internet por meio da TV é expressivo ao longo da série. Em 2016, um percentual bem inferior, de 11,3%, usava a televisão como meio de conexão. No período, o país acompanhou o avanço das plataformas de streaming de vídeo, que podem ser acessadas por meio de televisores com acesso à internet.

IBGE monitora a frequência de uso da internet desde 2022. Naquele ano, 93,4% dos usuários se conectavam diariamente, patamar que subiu a 94,3% em 2023.

A principal finalidade de acesso à internet no Brasil é conversar por chamadas de voz ou vídeo (94,6%). Outras das principais finalidades incluem: enviar ou receber mensagens de texto ou voz ou imagens por aplicativos diferentes de email (91,1%), assistir a vídeos, inclusive programas, séries e filmes (87,6%), usar redes sociais (83,5%) e ouvir músicas, rádio ou podcast (82,4%).

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Ler jornais, notícias, livros ou revistas (69%) e acessar canais de bancos ou outras instituições financeiras (66,7%) vêm em seguida.

Sabemos que acaba sendo mais conveniente e mais barato fazer a ligação por aplicativos de celular, essa é uma hipótese que explicaria em parte essa alta frequência pela realização de chamadas de voz e vídeo. Gustavo Geaquinto Fontes, analista da pesquisa, durante coletiva de imprensa nesta sexta

Lares conectados

Internet foi usada em 92,5% dos domicílios brasileiros em 2023. O resultado significa um avanço de um ponto percentual ante 2022 (91,5%), conforme a PNAD.

Apesar do aumento consistente desde o início da série histórica, essa taxa de crescimento tem sido cada vez menor, o que conversa com a aproximação desse número à universalização da internet nos domicílios brasileiros. IBGE

Nas áreas urbanas, o percentual de lares com conexão à internet passou de 93,5% em 2022 para 94,1% em 2023. Nas rurais, a proporção de endereços subiu de 78,1% para 81%.

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A renda média mensal per capita nos domicílios com internet foi calculada em R$ 1.914 em 2023. Valor é quase o dobro do patamar registrado nos lares sem conexão (R$ 1.030).

Entre as 5,9 milhões de famílias que permaneciam sem conexão à rede em casa, os motivos mais mencionados foram: nenhum morador sabia usar a internet (33,2%), serviço de acesso à internet era caro (30,0%) e falta de necessidade em acessar a internet (23,4%). Apenas 4,7% dos lares desconectados apontaram que o serviço de acesso à internet não estava disponível na área do domicílio. Outros 3,7% relataram que o equipamento eletrônico necessário para a conexão era caro.

Quanto à forma de conexão, a proporção de domicílios com internet via banda larga móvel subiu de 81,2% em 2022 para 83,3% em 2023. Número é inferior ao alcance da banda larga fixa, que aumentou de 86,4% para 86,9% no período.

*Com Estadão Conteúdo

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