'Acompanhou aeronave': os novos relatos de pilotos brasileiros sobre óvnis
Maurício Businari
Colaboração para o UOL
20/08/2024 12h00
O comando da FAB (Força Aérea Brasileira) liberou um novo lote com cerca de 30 relatos sobre óvnis avistados em território nacional, a maioria por parte de pilotos experientes. Os documentos estão disponíveis nos arquivos do site da Arquivo Nacional.
O que aconteceu
Os reportes são do ano passado e foram encaminhados ao Cindacta (Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo), órgão vinculado à FAB. Desde a semana passada, foram liberados ao público e agora fazem parte do acervo do Arquivo Nacional. O "Arquivo X" brasileiro é denominado "ARX", mais precisamente BR DFANBSB ARX, e conta com centenas de documentos sobre óvnis.
O novo lote abrange avistamentos feitos por pilotos, em sua maioria que sobrevoavam os céus da região Sul. Mas há também relatos de casos nos céus da região Sudeste e Norte.
Como o ocorrido no dia 13 de janeiro de 2023, quando o piloto de uma aeronave avistou dois objetos não identificados, que emitiam uma luz branca, intermitente. Esses objetos apareciam e reapareciam e faziam movimentos aleatórios em todas as direções.
Segundo o relato do piloto, os objetos surgiram nas proximidades do aeroporto de Ourilândia do Norte, no Pará, por volta das 6h30 e acompanharam o voo por mais de meia hora, até a aterrissagem na capital, Belém. Os objetos surgiram a mais de 10 mil metros de altitude.
No dia 21 de janeiro de 2023, outro piloto relatou o avistamento de cinco óvnis, que acompanharam a aeronave sobre o oceano durante 40 minutos, desde Ilhabela, no litoral de São Paulo, até Navegantes, em Santa Catarina. Eles faziam movimentos circulares e por vezes se dispunham de maneira a formar um círculo, aproximando-se e distanciando-se uns dos outros. Eles emitiam luzes intermitentes, de cor branca, que aumentavam e diminuíam de intensidade.
Os objetos estavam a uma altitude de 12 mil metros e sua velocidade no momento era de extrema aceleração. "O espanto foi em decorrência das luzes/movimentação dos objetos não corresponderem a um satélite, lixo espacial ou qualquer outro fenômeno conhecido", diz trecho do documento.
O piloto diz possuir registro em vídeo do fenômeno, porém arquivos de imagens e vídeos não foram anexados aos relatos no acervo do Arquivo Nacional. Como no caso ocorrido em 24 de janeiro, na região de Porto Alegre, também registrado em vídeo.
O céu estava limpo e as condições de visibilidade excelentes quando o piloto avistou três objetos que se pareciam com estrelas, se deslocando da direita para a esquerda. Eles emitiam luzes com colorações que variavam do branco ao verde e acompanharam o avião. Os OVNIs estavam a uma altitude de 15 mil metros.
Segundo o coronel da reserva, piloto e especialista em segurança Roberto Alves Santos, os dados relatados nos documentos liberados pela FAB especificam a altitude dos objetos no momento em que foram avistados pelos pilotos das aeronaves. Quando especificam altitudes acima do comum para a aviação comercial, isso significa que os objetos foram avistados em áreas acima da linha de voo.
A altitude de cruzeiro (nível de voo que se mantém durante uma etapa considerável da viagem) de um avião comercial depende de seu tamanho, mas geralmente ela está entre 30 mil pés e 40 mil pés (entre 9.144 metros e 12.192 metros). Já o "teto de serviço", ou seja, a altitude máxima é de 42 mil pés (12.802 metros) para a maioria das aeronaves comerciais.
Acima disso, o ar se torna mais rarefeito e a aeronave teria dificuldades em se manter no ar. À medida que sobem, diminui a pressão atmosférica e a sustentação. Isso também afeta o funcionamento dos motores, que precisam de ar para operar. Por isso, as aeronaves não podem voar indefinidamente alto.
Coronel Roberto Alves Santos
Charuto e bolas vermelhas
No dia 7 de fevereiro do ano passado, um piloto de linha comercial se deparou com quatro objetos em forma de bolas, que oscilavam de tamanho e também de cor, entre o vermelho e o verde. Os objetos se deslocavam a uma velocidade dez vezes maior que a do avião no momento do avistamento, deixando um rastro horizontal.
O piloto, de 68 anos, informa no reporte possuir 51 anos de aviação e diz que o fenômeno se assemelha a outros ocorridos no mesmo setor em 2022, que também foram reportados. Os objetos voavam a uma altitude entre 12 e 15 mil metros e acompanharam o avião por 30 minutos, num trajeto entre Navegantes (SC) e o litoral gaúcho.
O Arquivo Nacional trouxe a público cerca de 30 documentos com relatos de pilotos brasileiros sobre o avistamento de Óvnis (objetos voadores não identificados) no espaço aéreo nacional. Todos os informes foram feitos no ano passado aos Centros Integrados de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindactas), órgão vinculado à Força Aérea Brasileira (FAB).
Quase duas semanas depois, no dia 19 de fevereiro, outro piloto relataria a presença de dois óvnis emitindo luzes que iam do branco ao vermelho. Elas se movimentavam de forma a se aproximar e se afastar da aeronave. O fenômeno durou 40 minutos, e foi registrado durante o trajeto do voo, entre Curitiba (PR) e Porto Alegre (RS).
Em 29 de março de 2023, um relato vindo do Rio de Janeiro descreve um objeto diferente, em forma de 'charuto'. O piloto disse que o OVNI tinha aproximadamente três metros de comprimento e foi avistado na região de Rio das Ostras.
Ele se movia rapidamente e "andava em saltos", segundo relatou o piloto no documento. Ele não emitia som ou luminosidade e se movia de sudoeste para nordeste.
Velocidade do som
No dia 5 de fevereiro de 2023, um piloto relatou ao Cindacta ter avistado entre cinco e seis objetos. Eles não possuíam forma, mas brilhavam como faróis, se movendo da direita para a esquerda e vice e versa, de baixo para cima e em rotas circulares.
O que mais chamou a atenção do piloto foi a velocidade dos objetos que, segundo ele, era de três a quatro vezes mais rápida que a velocidade do som. O avistamento durou 30 minutos e ocorreu na região de Porto Alegre (RS), já próximo de Caxias do Sul. Os OVNIs estavam a cerca de 10 mil metros de altitude.
O Arquivo Nacional guarda um grande acervo sobre óvnis, que foi feito pelo Comando da Aeronáutica do Brasil. Esse acervo tem centenas de registros, como relatos, perguntas sobre o que aconteceu, cartas, fotos, desenhos, vídeos, áudios e recortes de jornais e revistas sobre coisas estranhas vistas no céu do Brasil ao longo dos anos.
A primeira vez que algo foi registrado nesse acervo foi em 1952, e a mais recente foi em 2023. É importante lembrar que óvnis não são necessariamente discos voadores ou alienígenas. Essa palavra é usada para falar de qualquer coisa que voa e que não foi identificada de imediato. Isso pode incluir drones, satélites, balões e fenômenos naturais.