'Não são aeronaves': áudios revelam o que aconteceu na 'Noite dos Óvnis'
Maurício Businari
Colaboração para o UOL
26/08/2024 05h30
A recente liberação de documentos pela Força Aérea Brasileira trouxe à tona áudios importantes que registram avistamentos de óvnis, agora disponíveis na coleção conhecida como "Arquivo X" brasileiro, armazenada no Arquivo Nacional.
O que aconteceu
A liberação dos documentos traz áudios de avistamentos de óvnis registrados durante um evento conhecido como a 'Noite dos Óvnis'. Em outubro de 2015, 16 áudios da terceira remessa do "Fundo OVNIs" foram disponibilizados pelo Arquivo Nacional. Entre eles, oito gravações capturam as conversas entre pilotos, controladores aéreos e o sistema de defesa brasileiro durante os eventos da madrugada de 19 de maio de 1986.
Os áudios incluem diálogos entre pilotos e operadores durante os avistamentos. Um dos áudios traz a conversa entre um funcionário da torre de controle, um piloto que sobrevoava a região de São José dos Campos, e o centro de controle de tráfego aéreo em São Paulo. Eles discutiam sobre diversos objetos avistados pelo piloto.
"Eles [os objetos] não correspondem a aeronaves em deslocamento," afirma o operador em um dos trechos. Ele ainda solicita ao piloto que observe a presença de possíveis óvnis na aproximação. Mais adiante, o operador confirma: "O Controle de São Paulo confirma que é um alvo primário e que está em posição fixa".
Os relatos descrevem objetos se movendo rapidamente e desaparecendo. Em outro momento, o operador declara ao colega da torre em São Paulo: "Viu uma estrela grande, vermelha, à direita dele, na primeira aproximação. Mas o troço sumiu para cima da serra, não deu para calcular a velocidade, foi muito rápido. Ele [o piloto] viu vários. Eu perdi a conta de quantos ele reportou para a gente".
Perseguição
Cinco caças da FAB foram acionados pelo Coda (Centro de Operações da Defesa Aérea) naquela noite para interceptar os supostos invasores. Segundo os pilotos, os pontos multicoloridos exibiram manobras impressionantes. Eles pairavam estáticos no céu, voavam em zigue-zague, mudavam de cor, trajetória e altitude.
Pilotos tentaram perseguir os objetos avistados. Em outro trecho de áudio, o controlador de tráfego aéreo informa à torre de controle em São Paulo que o piloto passou a perseguir o objeto: "É um ponto vermelho. Ele está perseguindo o troço. O Mike Bravo Zulo está sobre a radial 270, correndo atrás. Ele viu e está atrás".
Os operadores ficaram impressionados com a formação e movimentos dos óvnis. Em um dos áudios, o operador de tráfego aéreo chega a se encantar com a formação, a coloração e os movimentos dos objetos. Três deles chegam a ser confirmados no radar pela torre de controle em São Paulo.
"Continuam aqui na minha vista, no mesmo lugar, paradinhos," afirma um dos pilotos. "Eles mudam de cor o tempo todo. Ficam vermelhos, amarelos, verdes, azuis, brancos. Por**? Tem um passando baixo, cara. Está bonito. Estou arrepiado, meu irmão. São dois pontos brancos afastados, mas que vão alinhar lá embaixo. Estão entrando no alinhamento da pista, além da cidade. Vocês estão pegando aí, controle?"
Pilotos relataram a presença de vários objetos em diferentes altitudes. "Eles estão baixos, por isso vocês perderam," continua o piloto, dizendo estar avistando outros objetos. "Tem dois altos aqui no alinhamento da pista e mais uns dois ou três embaixo. Porr*? Cara, está bonito para caramba. Os dois mais altos continuam mudando de cor. E os outros dois, mais dois, são pontos brancos, que continuam se movimentando. Coisa linda, meu irmão".
Fenômenos sólidos
FAB se pronuncia sobre a Noite dos Óvnis e confirma a "solidez" dos fenômenos observados. Em setembro de 2009, a Força Aérea Brasileira emitiu um relatório sobre o caso. "Como conclusão dos fatos constantes observados, em quase todas as apresentações, este Comando é de parecer que os fenômenos são sólidos e refletem de certa forma inteligência, pela capacidade de acompanhar e manter distância dos observadores, como também voar em formação, não forçosamente tripulados", declarava o documento, reproduzido em 2019 pela revista Aeromagazine.
O Arquivo Nacional guarda um grande acervo sobre óvnis, cedido pelo Comando da Aeronáutica do Brasil. É o "Arquivo X" brasileiro. Esse acervo tem centenas de registros, como relatos, perguntas sobre o que aconteceu, cartas, fotos, desenhos, vídeos, áudios e recortes de jornais e revistas sobre coisas estranhas vistas no céu do Brasil ao longo dos anos.
A primeira vez que algo foi registrado nesse acervo foi em 1952, e a mais recente foi em 2023. É importante lembrar que óvnis não são necessariamente discos voadores ou alienígenas. Essa palavra é usada para falar de qualquer coisa que voa e que não foi identificada de imediato. Isso pode incluir drones, satélites, balões e fenômenos naturais.