Agro é setor que mais pode ganhar com a descarbonização, diz consultoria

O Brasil, atualmente o sexto maior emissor de gases de efeito estufa no mundo, tem potencial para reverter essa situação e se tornar um dos primeiros países a alcançar o status de net zero até 2030. Em apenas seis anos, o país pode emergir como uma potência verde, eliminando suas emissões de gases poluentes.

Essa análise foi apresentada por Henrique Ceotto, sócio e líder da prática de Sustentabilidade e Transição Energética da McKinsey & Company no Brasil, durante o evento "Brasil do Futuro - Transição Energética", promovido pelo UOL. A íntegra do painel está disponível no vídeo acima.

Mudança de uso do solo, fermentação entérica (o famoso 'arroto do boi'), energia e transporte são, nessa ordem, os setores mais poluentes no país. Enquanto em outros países a preocupação está principalmente na eletrificação da frota e na geração de energia limpa, o Brasil precisa adotar outras estratégias, como fontes renováveis, hidrogênio verde, biogás, créditos de carbono voluntários e mobilidade elétrica.

"Identificamos ao menos US$ 190 bilhões em oportunidades [de investimento nesses setores] até 2040 para a descarbonização da economia brasileira", afirma Ceotto. Ele destaca que o setor pecuário é o que pode obter os maiores ganhos, já que, em comparação com mais de 20 países, o Brasil apresenta o menor custo para investidores da transição energética até 2050, e a agropecuária é o setor que mais se beneficia em termos de produtividade com a descarbonização.

Ao avaliar os aportes financeiros necessários para esta transição, Ceotto também indica que um cenário que minimize o custo é pouco vantajoso para o Brasil, pois "com um pouco mais de custo, [o país] mais do que duplica o PIB" até 2050.

"Então, o cenário de ser uma potência é mais interessante socioeconomicamente, do que um cenário que minimize o custo. A oportunidade para o Brasil é tão grande, que perseguir minimizar o custo de transição energética é um erro. O que a gente deveria fazer é maximizar o potencial socioeconômico associado a essa transição energética", esclarece o sócio da McKinsey.

O estudo da McKinsey revela ainda que o Brasil pode atender 45% da demanda global por SAF (combustível sustentável de aviação) até 2035 e que 15% do sequestro de carbono global pode ser realizado por meio de soluções climáticas naturais, o maior percentual do mundo. Ceotto também citou que o país detém um quarto da oportunidade global de conservação florestal.

Para concretizar essas oportunidades, Ceotto enfatiza a necessidade urgente de o Brasil estabelecer regras e metodologias para a mensuração da captura de carbono e outros gases pelo solo, considerando as particularidades do clima tropical brasileiro.

"O PL do hidrogênio verde foi sancionado, tem PLs em tramitação da transição energética do carbono, mas um dos maiores vetores é grilagem da terra e a problema de propriedade de terra persiste",diz.

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Sobre o Brasil do Futuro

Murilo Garavello, diretor de Conteúdo do UOL, e Fabíola Cidral na abertura do evento "Brasil do Futuro - Transição Energética"
Murilo Garavello, diretor de Conteúdo do UOL, e Fabíola Cidral na abertura do evento "Brasil do Futuro - Transição Energética" Imagem: Mariana Pekin/UOL

O evento foi o segundo da série "Brasil no Futuro", com o objetivo de trazer para o mundo físico e amplificar no digital ideias que podem parecer distantes, mas que já são para lá de concretas na atualidade. No primeiro evento, sobre agrotech, a conversa foi sobre a intersecção entre tecnologia e agronegócio para discutir como a conectividade no campo pode fazer uma área que já é forte gerar ainda mais riqueza para o país.

Por meio de reportagens e séries de vídeos semanais, o "Brasil do Futuro" combina conteúdo jornalístico multimídia com uma forte presença nas redes sociais, como TikTok e Instagram, e no aplicativo de mensagens WhatsApp. O objetivo é mostrar o quanto o país é um enorme celeiro de inovações científicas e tecnológicas que acabam adotadas pelos mais diferentes setores - da saúde às telecomunicações, passando pelo agronegócio - transformando a vida das pessoas.

Dentro dessa cobertura, o projeto abriga a série multimídia "Cidades do Amanhã". São reportagens especiais sobre cidades ou regiões brasileiras que estão desenvolvendo tecnologias, processos ou serviços inovadores que podem influenciar a vida da humanidade no futuro.

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