Empresas precisam liderar descarbonização com inclusão, diz diretora do WWF

A emergência climática afeta todos os setores da economia, exigindo uma ação coordenada para que o Brasil avance na agenda de descarbonização e se posicione como líder global. Para isso, as empresas precisam adotar práticas inclusivas, afirma Daniela Teston, diretora de relações corporativas do WWF-Brasil, que encerrou o segundo evento Brasil do Futuro, promovido pelo UOL, cujo tema foi transição energética. A íntegra da fala de Daniela está disponível no vídeo acima.

Daniela ressalta que tanto decisões públicas quanto privadas impactam de forma sistêmica a maneira como o Brasil conduz políticas para descarbonizar suas atividades econômicas. No entanto, ela acredita que é o ambiente corporativo que pode acelerar as mudanças necessárias para enfrentar a crise climática.

"Acreditamos que as empresas têm a capacidade de transformação na escala e na velocidade que a gente precisa para a sociedade", diz. A diretora do WWF destaca que o setor privado deve se engajar não apenas do ponto de vista comercial, mas também considerando os impactos sociais.

Embora o desmatamento seja a principal causa de emissões de gases poluentes no Brasil, Daniela aponta que o setor de energia provoca entre 20% e 25% das emissões de gases de efeito estufa no país. Ao propor soluções como energia solar e eólica, é necessário levar em conta as comunidades locais que serão afetadas pela instalação de usinas e fazendas solares.

"Quando a gente vai para o território, seja no Cerrado, Mata Atlântica ou Amazônia, precisa considerar que a realidade dessas populações não é a mesma que a gente vive [nos centros urbanos]. Então, essa transição tem que acontecer de forma equilibrada", afirma.

Ao discutir a energia solar, Daniela ressalta a falta de negociações justas entre empresas e comunidades. Segundo ela, as lideranças precisam ultrapassar os limites do "quintal corporativo" e considerar os impactos positivos e negativos de forma inclusiva e descentralizada.

Outro ponto levantado pela diretora da WWF é o aumento do uso de biodiesel. Feito a partir da soja, é preciso garantir que a produção do combustível não contribua para o aumento do desmatamento.

"Temos uma matriz bastante limpa, mas precisamos olhar para a questão social, para que ela seja incluída nesse processo [de transição energética]", conclui.

Sobre o Brasil do Futuro

Murilo Garavello, diretor de Conteúdo do UOL, e Fabíola Cidral na abertura do evento "Brasil do Futuro - Transição Energética"
Murilo Garavello, diretor de Conteúdo do UOL, e Fabíola Cidral na abertura do evento "Brasil do Futuro - Transição Energética" Imagem: Mariana Pekin/UOL
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O evento foi o segundo da série "Brasil no Futuro", com o objetivo de trazer para o mundo físico e amplificar no digital ideias que podem parecer distantes, mas que já são para lá de concretas na atualidade. No primeiro evento, sobre agrotech, a conversa foi sobre a intersecção entre tecnologia e agronegócio para discutir como a conectividade no campo pode fazer uma área que já é forte gerar ainda mais riqueza para o país.

Por meio de reportagens e séries de vídeos semanais, o "Brasil do Futuro" combina conteúdo jornalístico multimídia com uma forte presença nas redes sociais, como TikTok e Instagram, e no aplicativo de mensagens WhatsApp. O objetivo é mostrar o quanto o país é um enorme celeiro de inovações científicas e tecnológicas que acabam adotadas pelos mais diferentes setores - da saúde às telecomunicações, passando pelo agronegócio - transformando a vida das pessoas.

Dentro dessa cobertura, o projeto abriga a série multimídia "Cidades do Amanhã". São reportagens especiais sobre cidades ou regiões brasileiras que estão desenvolvendo tecnologias, processos ou serviços inovadores que podem influenciar a vida da humanidade no futuro.

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