Enxurrada de currículos com IA: como desempregados se vingam do RH

(Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre tecnologia no podcast Deu Tilt. O programa vai ao ar às terças-feiras no YouTube do UOL, no Spotify, no Deezer e no Apple Podcasts. Nesta semana, o assunto é: O pesadelo dos currículos feitos com IA; A bolha da IA vai estourar? e Adeus, antena parabólica de TV)

A inteligência artificial está chacoalhando o mundo do trabalho. Antes, as empresas recorriam a ferramentas com IA para selecionar candidatos. Agora, o jogo virou, e são os candidatos a uma vaga que recrutam as máquinas para ajudá-los.

Com isso, os recrutadores estão sofrendo com uma enxurrada de currículos elaborados por ChatGPT e companhia. O problema? Documentos genéricos que dizem pouco ou quase nada sobre o profissional ou suas habilidades. Com isso, o processo seletivo se arrasta.

No novo episódio de Deu Tilt, o podcast do UOL para humanos por trás das máquinas, os apresentadores Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes comentam as práticas de desempregados em busca de trabalho que estão colocando o RH para pensar.

O setor de RH é um dos pioneiros dentro das empresas [no uso da IA], até porque precisa lidar com alguns processos que às vezes são mais fáceis quando tem alguma ferramenta tecnológica
Helton Simões Gomes

Antes mesmo do avanço de soluções como o ChatGPT, da OpenAi, ou Gemini, do Google, empresas já atuavam com plataformas de contratação.

É o caso da brasileira Gupy, especializada em recrutamento e que oferece às empresas uma ferramenta capaz de filtrar informações contidas nos currículos, agilizando a burocracia interna.

Só que nem tudo são flores. Tem muitos problemas de enquadramento na hora de selecionar candidatos com essas plataformas de inteligência artificial
Helton Simões Gomes

Diogo lembra de um caso de equívoco cometido pela IA da Amazon. O que o serviço fez foi descartar todas as candidatas mulheres. Como o quadro de funcionários era composto majoritariamente por homens, o sistema admitiu que esse era um pré-requisito buscado pela empresa. A ferramenta cometeu o que o pesquisador intitulou de "injustiça algorítmica".

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É quando a inteligência artificial está tomando decisões que podem beneficiar ou prejudicar algum grupo com base em características irrelevantes. O que acontece é que a inteligência artificial começa a repercutir ou levar uma coisa do passado para o futuro sem questionamentos
Diogo Cortiz

A revolta dos desempregados

Diante do uso intenso de IA pelo RH, quem está se candidatando não fica para trás. A Neurosight, uma consultoria de recrutamento, realizou um estudo que mostrou que 57% dos estudantes concorrendo a uma vaga usaram o ChatGPT para fazer seus currículos.

É um jogo de gato e rato, porque a tecnologia de recrutamento estava só na mão das empresas e agora a IA generativa coloca [essa tecnologia] na mão dos candidatos. Com IA eles vão conseguir fazer um currículo mais rápido, mais assertivo, mas que não necessariamente vai expressar a realidade daquele candidato
Diogo Cortiz

São currículos repletos de informações genéricas, palavras-chave sem sentido e de um entusiasmo falso. Faltam personalidade do candidato, as paixões dele e sua história de vida.

Cara, a gente está virando coadjuvante no processo de busca e recrutamento de empregos
Diogo Cortiz

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A bolha da IA: quem paga a conta se investimento bilionário for só ilusão?

Como elas não parecem desacelerar, mas, sim, dobrar a aposta, já tem quem veja no movimento uma bolha especulativa. Essa euforia tem data para acabar? Quando a bolha de IA vai estourar?

Helton Simões Gomes e Diogo Cortiz discutem os sinais da bolha da IA no novo episódio de Deu Tilt, o podcast do UOL para humanos por trás das máquinas.

Conforme as empresas de tecnologia começaram a vender essas ferramentas [de IA] e colocar muita grana nelas, os investidores começaram a olhar assim: 'peraí, a gente está colocando dinheiro pra caramba nisso, mas as pessoas estão comprando essas ferramentas? está voltando em dinheiro?' e o que eles têm percebido é que isso não tem acontecido
Helton Simões Gomes

Por que Brasil o vai aposentar antena parabólica que já conectou milhões?

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Com Globo, Band, Record e RedeTV! desligando o sinal das transmissões analógicas de TV, as antenas parabólicas de TV estão cada vez mais próximas da aposentadoria.

No Deu Tilt, podcast do UOL para humanos por trás das máquinas, os apresentadores Helton Simões Gomes e Diogo Cortiz discutem o que explica a saída do ar da antena que já chegou a conectar milhões de brasileiros.

E também fazem um exercício imaginativo: e se ela nunca tivesse existido? Como teria sido a vida do brasileiro?

Acho que o Brasil seria mais triste, com menos informação e talvez ainda mais desigual, porque a parabólica teve uma função social importantíssima
Diogo Cortiz

DEU TILT

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