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Planeta Terra ganhará uma 'segunda lua' ainda neste mês; entenda por quê

Impressão artística de um asteroide com órbita mais próxima do Sol que da Terra, como é o caso daqueles no Cinturão de Arjuna Imagem: NSF's NOIRLab/DOE/FNAL/DECam/CTIO/NOIRLab

Colaboração para Tilt

20/09/2024 05h30

A Terra ganhará uma segunda "minilua" a partir de 29 de setembro. É o que revelou uma pesquisa da Universidad Complutense de Madrid publicada na edição de setembro do periódico Research of the AAS, da Sociedade Americana de Astronomia.

O tal satélite extra é, na verdade, um asteroide: o 2024 PT5, que ficará pouco tempo entre nós, apenas até 25 de novembro. Sua existência foi registrada pela primeira vez em 7 de agosto pelo ATLAS (Asteroid Terrestrial-Impact Last Alert System), um sistema de alerta de emergências para possíveis impactos terrestres com asteroides, mantido pela NASA e pela Universidade do Havaí.

Na ocasião, ele foi fotografado pelo telescópio do sistema em Sutherland, na África do Sul, e teve tamanho estimado em cerca de 10 metros de largura, o que o tornará difícil de ser avistado nos nossos céus apesar da proximidade.

O ATLAS capturou dados sobre o trajeto e as dimensões do 2024 PT5 durante todo o mês de agosto e, com base neles, os cientistas de Madri chegaram à conclusão de que ele será atraído pela gravidade da Terra e deverá nos orbitar por 53 dias, até que finalmente siga seu caminho.

Que 'satélite temporário' é esse?

O 2024 PT5 é parte do Cinturão de Asteroides de Arjuna, que realizam órbitas semelhantes às da Terra em torno do Sol a uma distância de cerca de 150 milhões de quilômetros. Graças a perturbações gravitacionais provocados pela estrela, ele acaba se distanciando mais do cinturão e passando perto da Terra o suficiente para ser atraído por ela.

A Lua ganhará "concorrência" na órbita da Terra, ao menos por 53 dias Imagem: Reprodução

Ao site Space.com, o pesquisador Carlos de La Fuente Marcos explicou que asteroides do Arjuna podem se aproximar da Terra a partir de distâncias de 4,5 milhões de quilômetros e em baixas velocidades, de cerca de 3.540 km/h. "Nestas condições, a energia geocêntrica do objeto pode se tornar negativa, e o objeto pode se tornar uma lua temporária para a Terra. Este objeto em particular [o 2024 PT5] vai passar por este processo a partir da próxima semana", lembrou, mas "não completará uma órbita inteira ao redor da Terra".

Você pode dizer que, se um satélite de verdade é como um cliente comprando produtos dentro de uma loja, objetos como o 2024 PT5 são aquelas pessoas que ficam na vitrine.

— Carlos de La Fuente Marcos

Há dois tipos de eventos astronômicos de miniluas: os mais longos, em que os asteroides chegam a completar uma ou mais voltas em torno de um planeta durante um ano ou mais; ou outros mais curtos, em que a "captura" do satélite temporário dura apenas alguns dias, semanas ou meses e não se chega a uma volta completa — como será o caso do 2024 PT5.

Os eventos mais longos são bem mais raros que os curtos; levando de 10 a 20 anos entre um e outro. "Até hoje, a ciência só foi capaz de identificar dois objetos que passaram por longas capturas, o 2006 RH120 e o 2020 CD3. Há três exemplos publicados de capturas curtas: 1991 VG, 2022 NX1 e o 2024 PT5. Mas há vários outros [casos] que não foram publicados", notou Marcos ao site.

Apesar de não poder ser admirado a olho nu ou por binóculos, o 2024 PT5 deverá ser amplamente fotografado por telescópios enquanto faz uma visita aos entornos da Terra.

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