'Criança vampira': esqueleto medieval surpreende por detalhe macabro
Esqueletos de duas crianças foram encontradas por acaso durante obras na Polônia. Segundo arqueólogos, a forma de sepultamento indica que uma das crianças enterradas era considerada "vampira" na Idade Média, e passou por um ritual para garantir que o cadáver não sairia da cova.
O que aconteceu
Operários encontraram restos mortais durante uma obra no Palácio dos Bispos da Igreja Uniata, em Chelm. De acordo com uma publicação do Conservador Provincial de Monumentos de Lublin em sua página no Facebook no último dia 12, os responsáveis pelo achado encontraram os esqueletos ao remover raízes de árvores no local.
Segundo o Conservador, não há registros de cemitérios antigos na região. A maior surpresa, porém, foi a forma como um dos esqueletos foi encontrado: de acordo com Stanislaw Golub, arqueólogo responsável pela escavação, a criança enterrada ali passou por um ritual "antivampiro", cujas práticas tinham como objetivo evitar que o morto levantasse de seu túmulo e oferecesse risco às pessoas vivas.
A criança teve a cabeça separada do corpo de forma intencional. O crânio encontrado estava no local correto, porém virado para baixo, enquanto o restante do corpo estava voltado para cima. Segundo Golub, pedras pesadas foram colocadas na região do torso (tronco e abdome) da criança, enterrada em solo de gesso e posicionada no eixo leste-oeste. De acordo com a Archaeology News, portal especializado em arqueologia, as práticas são consistentes com os rituais antivampiros realizados em várias partes da Europa medieval, região em que mitos sobre vampiros e cadáveres reanimados era amplamente difundido séculos atrás.
Enterro com o rosto voltado para o chão, decapitação ou prensagem do corpo com pedras são alguns dos métodos de sepultamento utilizados para evitar que uma pessoa considerada um ser demoníaco saísse da sepultura
Conservador Provincial de Monumentos de Lublin
Estudo arqueológico indica que esqueletos datam da Idade Média. Com base em técnicas como estratigrafia e análise de pedaços de cerâmica encontrados no local, os pesquisadores acreditam que os corpos são do século 13. "As covas foram escavadas no giz e os mortos foram enterrados sem caixões [...] Ambos os enterros não tinham mobília", diz o comunicado do Conservador.
Marcas encontradas próximas aos corpos podem ser marcação específica. Segundo especialistas, o detalhe condiz com a possibilidade de túmulo "especial ou monitorado", em que marcadores eram posicionados para observar qualquer tipo de movimentação no túmulo, como a reanimação do cadáver.
Descobertas anteriores demonstram que ritual era comum na região. Registros citados pelo Archaeology News indicam um cadáver feminino encontrado também na Polônia, com um cadeado no dedo do pé e uma foice na garganta. Assim como o sepultamento recentemente descoberto, as práticas são "exemplos dos esforços que as comunidades medievais fizeram para impedir o regresso dos "mortos-vivos".
Os enterros antivampiros refletem medos profundamente enraizados na sociedade medieval sobre o sobrenatural. Acreditava-se amplamente em algumas culturas do leste europeu que certas pessoas, após a morte, poderiam retornar como vampiros, ameaçando os vivos ao espalhar doenças ou alimentar-se de seu sangue. Tais crenças estavam frequentemente ligadas a pessoas que morreram em circunstâncias incomuns ou suspeitas, como suicídios, ou indivíduos que se acreditava terem sido possuídos por espíritos malévolos.
Archaeology News
Esqueletos encontrados em Chelm foram retirados das covas e devidamente documentados. De acordo com Golub, os restos mortais passarão por análise antropológica, na tentativa de descobrir mais detalhes sobre os corpos e o ritual realizado, além de obter mais informações sobre o uso da região em que os corpos foram encontrados como área para enterros não documentados.
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