Minha filha só terá celular aos 14, diz psiquiatra sobre vício tecnológico
(Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre tecnologia no podcast Deu Tilt. O programa vai ao ar às terças-feiras no YouTube do UOL, no Spotify, no Deezer e no Apple Podcasts. Nesta semana, o assunto é: Redes sociais e games abraçam jogos de azar; Vício em apostas: Brasil ignora problema mundial; 'Minha filha só vai ter celular aos 14 anos')
Acostumado a lidar com pacientes com dependência, seja em jogos de azar, games ou em alguma substância, o psiquiatra Rodrigo Machado é taxativo: smartphones deveriam ser restritos para adolescentes até que tivessem 14 anos.
Ele atua no Programa de Transtornos do Impulso do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo e participou da edição desta semana no Deu Tilt, podcast do UOL para humanos por trás das máquinas, apresentado por Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes.
Houve um burburinho no colégio da minha filha de, por exemplo, 'vamos começar a usar iPad', e eu falei 'se começar a usar eu vou tirar você de lá'
Rodrigo Machado, psiquiatra
Para autorizar o acesso da filha a dispositivos eletrônicos, o médico afirma que gostaria de ver os estudos que comprovem a eficácia deles na educação e precisaria conhecer quais aplicativos seriam usados.
Ele ainda critica colégios particulares que prometem colocar crianças muito pequenas em contato com tecnologia.
Minha filha só vai ter smartphone com 14 anos
Rodrigo Machado, psiquiatra
Vícios em bets e outros jogos de azar
Rodrigo Machado aponta que nenhum país está preparado para o cenário de uma enxurrada de casas de apostas como a que o Brasil está vivendo.
Para ele, a comparação que pode ser feita é com a explosão de redes de fast food, que causou um aumento nos casos de obesidade mundo afora e de doenças cardiovasculares.
Se você tem uma oferta excessiva e fica fomentando que isso é muito legal, vai haver uma quantidade maior de pessoas usando. Se tem mais pessoas usando, vai existir uma quantidade maior de pessoas em adoecimento porque é matemática simples
Rodrigo Machado, psiquiatra
O médico prevê que, assim como os Estados Unidos precisaram realizar campanhas educativas massivas sobre alimentação, algo semelhante deverá ser feito em relação aos jogos de azar no Brasil.
É aquela famosa discussão: muitas vezes a gente gera o caos para depois tentar organizar, sendo que a gente poderia, de uma forma mais organizada, criar soluções e ao mesmo tempo salvaguardas
Diogo Cortiz
Redes e games geram vício por 'incorporarem jogos de azar'
Newsletter
Um boletim com as novidades e lançamentos da semana e um papo sobre novas tecnologias. Toda sexta.
Quero receberRedes sociais e games encontraram a estratégia ideal para prender usuários e jogadores por mais tempo. São mecanismos típicos de jogos de azar, como caça-níqueis e bingo online.
A avaliação é do psiquiatra Rodrigo Machado, que atua no Programa de Transtornos do Impulso do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo. Ele participou do episódio desta semana de Deu Tilt, o podcast do UOL para humanos por trás das máquinas.
O cenário fica mais explosivo quando casas de apostas, as bets, usam redes sociais, já impregnadas de artifícios dos jogos de azar, para capturar a atenção de potenciais apostadores, explica o psiquiatra.
Vício em apostas: Brasil está ignorando problema mundial
Quase 9% da população mundial já apresenta algum tipo de problema com vício em apostas. A partir de 2025, o Brasil vai legalizar centenas de casas de apostas.
Será que o país está preparado para a grande quantidade de dependentes em jogo que vai surgir? "Nenhum país está preparado", diz Machado.
DEU TILT
Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre as tecnologias que movimentam os humanos por trás das máquinas. O programa é publicado às terças-feiras no YouTube do UOL e nas plataformas de áudio. Assista ao episódio da semana.
Deixe seu comentário