Galáxias ou megaestruturas alienígenas? Achado resgata teoria e agita Nasa
Giovanna Arruda
Colaboração para o UOL
05/10/2024 05h30
Sinais descobertos por nave da Nasa (a agência espacial dos Estados Unidos) levantaram debate entre especialistas: os indícios achados seriam de galáxias ou de megaestruturas usadas por seres alienígenas para colher energia de estrelas?
A descoberta e as hipóteses
Telescópio identificou sinais polêmicos. Em artigo publicado em junho deste ano no portal especializado Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, os especialistas responsáveis pelo Projeto Hefesto divulgaram o resultado da análise de cinco milhões de objetos identificados no espaço por telescópios, entre eles a nave Wise (sigla em inglês para Wide-field Infrared Survey Explorer), operada pela Nasa.
Segundo os pesquisadores, foram detectadas sete estruturas cujas características infravermelhas foram consideradas incomuns. "[A análise] identifica sete candidatos que merecem uma análise mais aprofundada. Todos esses objetos são anãs M [estrelas anãs vermelhas], para os quais os fenômenos astrofísicos não podem explicar facilmente o excesso de emissão infravermelha observado", diz o artigo.
Estruturas poderiam se enquadrar na definição das "esferas de Dyson". A teoria elaborada em 1960 leva o sobrenome de seu idealizador, o físico Freeman Dyson, e sugere que civilizações altamente avançadas poderiam construir estruturas em torno de estrelas para aproveitar sua energia. Neste cenário, as "esferas de Dyson" seriam megaestruturas desenvolvidas por extraterrestres que usam a energia de radiação de suas estrelas hospedeiras.
Hipótese é rechaçada por parte dos especialistas. Em entrevista ao portal Space.com, Andrew Blain, membro da equipe da Wise e astrônomo da Universidade de Leicester, na Inglaterra, acredita que os sinais identificados pela nave espacial não dizem respeito às "esferas de Dyson". Segundo Blain, é provável que os vestígios sejam de galáxias repletas de poeira quente, as chamadas "Hot DOGs" (sigla em inglês para Hot Dust-Obscured Galaxies). "O número de "Hot DOGs" em qualquer pedaço do céu é o suficiente para sete serem detectadas na área pesquisada pelo WISE. Definitivamente existem "Hot DOGs", embora não esteja claro se existem esferas de Dyson", explicou o astrônomo.
"Hot DOGs" carregam densos buracos-negros. Por conta da grande massa de poeira que os cobrem, essas estruturas não são facilmente identificáveis na luz visível, porém são brilhantes na luz infravermelha, técnica utilizada por telescópios como a Wise. Segundo o portal Space.com, o feixe infravermelho pode "deslizar através das camadas de poeira ao redor dessas galáxias ["Hot DOGs"] sem ser absorvido".
Galáxias do tipo foram descobertas na década de 2010 pela Wise. Em 2015, cientistas identificaram a WISE J224607.57?052635.0, a galáxia mais luminosa já vista. Desde a descoberta das "Hot DOGs", astrônomos como Blain se dedicam em compreender a formação e demais características dessas enormes estruturas.
Estudo reacende debate entre cientistas. Enquanto grupos de pesquisadores se mostram convencidos de que as "esferas de Dyson" são, de fato, uma realidade na Via Láctea, parte dos astrônomos compartilham a postura de Andrew Blain, questionando a real existência de civilizações extraterrestres. "Percebi que qualquer bando de alienígenas capazes de construir uma 'esfera de Dyson' também é capaz de escondê-la, enviando-nos um sinal falso. O fato de eles poderem se esconder é o interessante da minha perspectiva, para que pudessem se esconder no cosmos, mas não seríamos capazes de dizer", opina Blain.