Google sem Chrome e Android? Por que Justiça dos EUA quer dividir empresa
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos antecipou na terça-feira que defende que o Google passe por mudanças profundas em seu modelo de negócios e que uma divisão também deveria ser considerada depois que a gigante de tecnologia foi julgada responsável por operar um monopólio ilegal.
O que aconteceu
Em agosto, o juiz distrital Amit Mehta determinou que o "Google é um monopólio". Na decisão, o magistrado diz que a empresa gastou bilhões para garantir que seu mecanismo de busca fosse o padrão em navegadores de internet e smartphones, e que isso minou a capacidade dos concorrentes.
Departamento de Justiça dos EUA apresentou sugestões para reduzir "domínio". No documento divulgado nesta terça-feira (8), advogados do órgão dizem que estão "considerando correções comportamentais e estruturais".
Isso quer dizer que empresa pode ter que se desfazer do navegador Chrome e do sistema operacional Android.
Estamos considerando correções comportamentais e estruturais que preveniriam o Google de usar produtos, como Chrome, Play e Android, de terem vantagem em busca do Google ou em produtos e recursos relacionados ao Google —incluindo recursos de inteligência artificial—, para prevenir rivais ou novos competidores. Documento do Departamento de Justiça dos EUA
Departamento também quer limite ou fim de acordos relacionados à busca. O Google pagou bilhões à Apple e outras fabricantes para que seu mecanismo de busca seja padrão em celulares (como o iPhone) e navegadores (como Safari e Firefox). Só em 2021, companhia gastou US$ 26,3 bilhões para esse fim.
Outras medidas estão sendo consideradas. Proibir o Google de coletar dados sensíveis dos usuários, exigir que disponibilize resultados de busca e índices para concorrentes, permitir que sites optem por não ter seu conteúdo usado para treinar produtos de IA e obrigar o Google a se reportar a um "comitê técnico nomeado pelo tribunal" também foram citadas.
Google classifica as propostas como "radicais". Para a empresa, medidas "vão muito além das questões legais específicas deste caso". Além disso, companhia argumenta que seu mecanismo de busca conquistou os usuários, que sofre forte concorrência e que pessoas podem escolher os mecanismos de buscas que quiserem.
Decisão final sobre correções deve ocorrer apenas em agosto de 2025. Enquanto isso, Departamento de Justiça deve dar mais detalhes sobre correções em 25 de novembro deste ano. E o Google também poderá sugerir "remédios" contra seu monopólio até 20 de dezembro deste ano.
O que acontece se desmembrar
Analistas ouvidos pela Reuters consideram que as medidas para desmantelar a dominância do Google podem dar espaço para concorrentes crescerem, mas enfraquecer o principal motor de lucros da companhia e, consequentemente, a queda de receita retardaria seus avanços em inteligência artificial.
O Google então perde força para enfrentar a pressão de startups como a OpenAI, criadora do ChatGPT, e a Perplexity, operadora de um motor de busca impulsionado por IA.
O resultado, porém, pode levar anos.
A participação do Google no mercado de anúncios de busca nos EUA deve cair abaixo de 50% pela primeira vez em mais de uma década até 2025, de acordo com a pesquisa da eMarketer.
Outras empresas que podem se beneficiar das medidas incluem os rivais de busca DuckDuckGo e Microsoft Bing, além de concorrentes em IA como Meta e Amazon.
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Quero receber*Com informações da Reuters
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