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Nova Meta AI no WhatsApp pode ler suas conversas? O que diz a empresa

Meta AI começou a ser lançado em outubro no Brasil Imagem: Reprodução / Meta

Colaboração para Tilt*

01/11/2024 05h30

A chegada da Meta AI ao WhatsApp dos brasileiros levanta uma questão importante: a inteligência artificial pode ler suas conversas? Lançada para fornecer informações e respostas instantâneas, a tecnologia tem despertado dúvidas sobre privacidade e acesso a dados pessoais.

A preocupação ocorre principalmente porque a IA da Meta "invadiu" todas as conversas e grupos no aplicativo, podendo ser acionada dentro de chats particulares apenas com o comando @Meta AI. A inteligência artificial virou um membro a mais não só em conversas de grupos, como também no seu chat particular e direto com qualquer pessoa.

A Meta AI pode ler suas conversas no WhatsApp?

A Meta alega que a Meta AI foi desenvolvida com foco na privacidade e segurança do usuário. A empresa de Mark Zuckerberg afirma que as conversas privadas são criptografadas e os dados compartilhados não são utilizados para fins de publicidade ou outros fins não autorizados.

Em seu site, a Meta reforça: "Não treinamos esses modelos usando postagens privadas das pessoas. Também não usamos o conteúdo de suas mensagens privadas com amigos e familiares para treinar nossas IAs".

No entanto, toda interação com a Meta AI não é protegida de ponta a ponta pela mesma camada de segurança das duas conversas. Ou seja, a criptografia se limita às mensagens e conversas privadas. Conforme aviso enviado aos usuários, a Meta pode utilizar os dados trocados nas conversas com sua ferramenta de inteligência artificial para aperfeiçoar os resultados gerados pela IA.

Os modelos de inteligência artificial generativa precisam de muitos dados para serem "treinados". Ainda segundo a empresa, para esse treinamento são usados dados licenciados e informações dos produtos e serviços da Meta, além de informações "disponíveis publicamente online".

Portanto, podem ser usadas para este treinamento, por exemplo: postagens compartilhadas publicamente no Instagram e no Facebook — incluindo fotos e texto—, dados de uso de stickers de IA e, enfim, as próprias informações que as pessoas compartilham ao interagir com os recursos de IA da empresa.

Preocupação com privacidade e lançamento adiado no Brasil

Preocupações em torno da Meta AI. Mesmo com a Meta garantindo a privacidade aos seus novos recursos de inteligência artificial generativa, especialistas levantam preocupações sobre privacidade, principalmente sobre o uso de dados para o treinamento de IAs.

A IA salva o que já foi dito a ela para usar em oportunidades futuras. Quando você interage com a IA durante uma conversa, o recurso guarda detalhes de contexto e também sobre você para continuar o bate-papo. Por exemplo, se você disser à inteligência artificial que gosta de comida japonesa, ele poderá salvar esse detalhe. Dessa forma, se mais tarde você perguntar sobre restaurantes de que talvez goste em alguma cidade, o recurso recomendará restaurantes japoneses.

Além disso, a Meta também vai olhar as mensagens enviadas à IA para melhorar os próprios serviços e recursos, e para rodar pesquisas. Como WhatsApp, Instagram e Facebook possuem cada um mais de 2 bilhões de usuários, a empresa criou o maior laboratório de treinamento de IA do mundo.

Inclusive, um atrito entre Meta e autoridades brasileiras atrasou o lançamento da Meta AI no Brasil. Apesar de ter sido lançada em outubro, a funcionalidade havia sido programada para chegar no país em julho. No entanto, a ANPD (Autoridade Nacional de Proteção de Dados) publicou sanção administrativa que suspendeu a política de privacidade da empresa norte-americana, impedindo que a empresa usasse dados de cidadãos brasileiros para treinar modelos de inteligência artificial.

Medida da ANPD foi resultado de ação anterior da Meta. Segundo o órgão, a Meta desenvolvia seus modelos de IA usando dados de contas do Facebook e do Instagram sem solicitar a devida autorização para os donos dos perfis. A restrição foi suspensa após a empresa se comprometer a tornar o processo mais transparente aos usuários, como alertas mais claros sobre o uso de dados pessoais e emails sobre o procedimento adotado pela empresa no recurso de inteligência artificial.

*Com reportagem publicada em 24/10/2024 e informações da AFP e da Folha de S. Paulo.

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