Celular causa câncer de cérebro? Novo estudo responde dúvida antiga
Colunistas de Tilt e Colaboração para Tilt
03/11/2024 05h30
(Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre tecnologia no podcast Deu Tilt. O programa vai ao ar às terças-feiras no YouTube do UOL, no Spotify, no Deezer e no Apple Podcasts. Nesta semana, o assunto é: Vem de DM, FK; O longo adeus ao 3G; Celular até mexe com seu cérebro, mas causa câncer?)
Uma das teses mais antigas —e bastante disseminadas— a respeito do celular é a de que os aparelhos causam câncer no cérebro.
Para ajudar a desmistificar de vez essa história, a OMS (Organização Mundial da Saúde) encomendou um estudo. O material foi publicado na respeitada publicação Environment International. Os resultados do levantamento foram discutidos no novo episódio de Deu Tilt, podcast do UOL para humanos por trás das máquinas.
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Usando várias técnicas de método científico e de estatística, [a revisão sistemática] consegue trazer uma posição a partir dessa combinação de estudos
Diogo Cortiz
A revisão sistemática organizada pela OMS reuniu mais de 5 mil estudos que abrangem desde o início da implantação da rede de telecomunicações até 2022.
De onde vem essa ideia?
A tese é antiga, mas é modernizada de tempos em tempos. Uma das últimas fake news surgidas no Brasil e inspirada na ideia de que o sinal do celular é prejudicial à saúde é de 2019. Dizia que o 5G causava a morte em massa de pássaros. Na época, alguns deputados estaduais elaboraram um projeto de lei em Santa Catarina pedindo a proibição de 5G no estado, alegando risco à fauna local.
A história toda nasceu de um fato que aconteceu um ano antes na Holanda porque uma empresa tinha ligado uma rede de 5G e, por acaso, estava passando um bando de passarinho [que morreu]
Helton Simões Gomes
Biólogos já atestaram que mortes grupais de passarinhos são um fato relativamente frequente.
Mas isso só pegou porque já tinha aquele espírito de acreditar que o celular causa algo nas pessoas
Helton Simões Gomes
Diogo Cortiz lembra que essa onda pegou a galera no Brasil e no mundo, com casos de pessoas ateando fogo em torres de celular.
O celular é um emissor e receptor de radiofrequência. Dado o nosso histórico de uso de radiofrequência em raio X, tomografia, bomba atômica, a galera colocava tudo no mesmo balaio e dizia: 'se esse negócio emite radiofrequência, então muito provavelmente ele também faz mal para minha cabeça' e isso se difundiu muito pesadamente
Helton Simões Gomes
Além da radiofrequência, o microondas também passa por esse problema de fake news, com pessoas acreditando que ele faz mal à saúde.
O grande desafio de um estudo científico é achar causa e feito, porque é muito fácil em qualquer estudo achar a correlação entre coisas, que foi o que aconteceu [com a história dos pássaros], e foi uma coincidência
Diogo Cortiz
A motivação de porquê o celular não causa câncer é o tipo da radiação que ele emite, que é uma radiação não ionizante, ou seja, tem uma potência muito baixa a ponto de não conseguir tirar elétrons dos átomos. Não impacta nas moléculas, diferente da radiação ionizante que faz esse tipo de coisa
Helton Simões Gomes
'Feed zero' e contas fk: geração Z cria novo jeito de usar redes sociais
São as redes sociais que mudam as pessoas ou as pessoas que estão mudando as redes sociais? Desde que chegaram e se tornaram populares, as redes colocaram um fim na maneira como cada indivíduo se comporta no universo online. Mas a Gen Z tem mudado ainda mais suas práticas na internet.
Entre as práticas de uso mais esquisitas está a proposta de feed zero. Em outras palavras, se trata de não publicar absolutamente nada e, mesmo assim, sem heavy user de redes.
Parece que é um perfil fake, mas não. É mantido por uma pessoa real, não um bot, na maioria das vezes um adolescente
Helton Simões Gomes
Fim do 3G: por que 'enterro' começa em 2025?
O começo do fim do 3G já tem data marcada: abril de 2025. A partir de então, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) deixará de homologar aparelhos que possuam só as tecnologias 2G e 3G. Essa ação não vai impactar apenas aparelhos celulares, mas qualquer dispositivo que necessite de radiofrequência, como câmeras e sensores.
Hoje em dia, esses aparelhos não tem porquê ter 4G, porque precisam de uma banda muito limitada e ágil para transmitir informação
Helton Simões Gomes
Apesar de estar com os dias contados, a tecnologia não vai simplesmente evaporar do mapa. Vai levar um tempo até que ela vire peça de museu. Será necessário fazer uma transição da infraestrutura, já que hoje em dia a maioria das antes são 2G e 3G, para 4G e 5G.
DEU TILT
Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre as tecnologias que movimentam os humanos por trás das máquinas. O programa é publicado às terças-feiras no YouTube do UOL e nas plataformas de áudio. Assista ao episódio da semana completo.