Executivo cai em golpe no WhatsApp, perde R$ 270 milhões e vai para prisão
Colaboração para o UOL
14/11/2024 05h30
O executivo norte-americano Shan Hanes, 53, caiu em um golpe de criptomoedas pelo WhatsApp que resultou na falência de um banco e em sua condenação a 24 anos de prisão. O caso é considerado uma das maiores fraudes bancárias da história recente dos Estados Unidos.
O que aconteceu
Hanes foi vítima do golpe em 2022. De acordo com reportagem da CNBC, ele atuava como diretor-executivo do Heartland Tri-State Bank, localizado em Elkhart, uma pequena cidade no Kansas.
Conhecido como "abate de porcos", o golpe é comum no setor de criptomoedas. As vítimas são enganadas a investir em sistemas fraudulentos com a promessa de multiplicação dos depósitos.
Após cair no golpe e perder todas as suas finanças, Hanes usou seu cargo para roubar o banco, segundo documentos oficiais citados pela NBC. Ele também pressionou funcionários e até vizinhos a investirem milhões em criptomoedas com a esperança de recuperar seu dinheiro.
No total ele transferiu US$ 47,1 milhões (cerca de R$ 270 milhões) em um período de oito semanas para os golpistas.
Desvios de contas da igreja e da poupança da filha. Os golpistas insistiam que Hanes deveria realizar mais depósitos para desbloquear os supostos retornos dos investimentos, conforme relatado pelos registros judiciais de Kansas. Inicialmente, ele usou suas economias pessoais, mas também desviou dinheiro de várias fontes — retirou cerca de US$ 40 mil (aproximadamente R$ 230 mil) da Igreja de Cristo de Elkhart e US$ 10 mil (cerca de R$ 57 mil) do Santa Fe Investment Club. Além disso, o executivo retirou US$ 60 mil (cerca de R$ 345 mil) da conta poupança da faculdade de sua filha e quase US$ 1 milhão (cerca de R$ 5,76 milhões) em ações da Elkhart Financial Corporation. Já usando contas do próprio banco, o HTSB, Hanes fez diversas transferências, que totalizaram mais de US$ 21,5 milhões (aproximadamente R$ 123 milhões).
Desvio de milhares de dólares ocorreu entre maio e julho de 2023 segundo o Departamento de Justiça dos EUA. Foram 11 transferências enviadas para carteiras de criptomoedas controladas por terceiros, que ainda não foram identificadas pela FDIC, agência governamental responsável pela proteção dos depósitos bancários e pela estabilidade do sistema financeiro dos Estados Unidos.
Investidores do banco também perderam cerca de US$ 9 milhões (aproximadamente R$ 51 milhões). Hanes nunca teve lucro algum e perdeu todo o dinheiro investido.
Falência do banco. O desfalque levou ao colapso do Heartland Tri-State Bank, que foi adquirido pela FDIC, tornando-se um dos cinco bancos dos EUA a falir em 2023. Segundo a CNBC, os depositantes não perderam seus fundos, pois o Dream First Bank, de Syracuse, no Kansas, assumiu todos os depósitos.
Infelizmente, as ações de Hanes causaram danos financeiros devastadores em toda a comunidade de Elkhart e destruíram sua confiança nas instituições bancárias. Ele tinha a a obrigação de operar o banco com bom senso, integridade e honestidade. Em vez disso, ele abusou de sua posição para desviar milhões de dólares para cobrir suas perdas pessoais, o que prejudicou a segurança e a solidez do banco e levou ao seu colapso. Cory Nootnagel, agente especial do Office of Inspector General, órgão auditor e supervisor que também atuou no caso
Hanes foi condenado a 293 meses de prisão. Seu vizinho foi quem alertou o conselho de administração do banco, o que levou à abertura de uma investigação e ao envolvimento da polícia. Antes disso, Hanes havia pedido US$ 12 milhões (cerca de R$ 69 milhões) a Brian Mitchell, com a justificativa de "verificar" depósitos em um suposto banco em Hong Kong, na China, prometendo pagar-lhe US$ 1 milhão como compensação mais tarde.
Após investigações, o Departamento de Justiça dos EUA divulgou uma declaração confirmando que Shan Hanes foi condenado a 24 anos de prisão. "A ganância de Hanes não tinha limites. Ele violou suas obrigações profissionais, seus relacionamentos pessoais e a lei federal", disse Kate Brubacher, procuradora dos EUA no Kansas.