'Mais seguro do mundo': como é app usado por grupo que queria matar Lula
Os cinco presos na operação Contragolpe, deflagrada pela Polícia Federal nesta terça-feira (19), eram usuários do aplicativo de mensagens Signal e são suspeitos de, por meio da plataforma, planejarem a morte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice Geraldo Alckmin (PSB), e o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Superior Tribunal Federal).
O app utilizado pelos suspeitos foi muito difundido pelo empresário Elon Musk, dono da Tesla e do X, além dos políticos de direita e aliados de Donald Trump, que acusam o Facebook — dono do WhatsApp desde 2014 — de censura.
Use Signal
-- Elon Musk (@elonmusk) January 7, 2021
Por que o Signal?
Aplicativo não armazena dados. Por esse motivo, foi escolhido como alternativa não só para os investigados, como também para milhões de usuários que não desejam ter suas informações de privacidade preservadas. No WhatsApp, por exemplo, esses dados são compartilhados com o Facebook, que tem como regra o intercâmbio de informações entre as plataformas —caso o usuário não concorde com esse termo, ele é convidado a desativar a conta.
Logo depois que o WhatsApp anunciou novo termo de privacidade, em 2021, o Signal foi baixado por 8,8 milhões de pessoas. Isso impactou empresas como a Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos), que informou aos seus funcionários que os grupos de trabalho do WhatsApp seriam migrados para o novo app, na época.
É o aplicativo de mensagens mais seguro do mundo. Pelo menos é o que disse Edward Snowden, ex-analista de sistemas da CIA, famoso após tornar públicos detalhes sobre programas de vigilância do governo dos Estados Unidos. Procuradores brasileiros e deputados também recorreram ao app em 2019, após vazamentos de conversas de integrantes da Operação Lava Jato.
"Meu desejo é dar às pessoas uma escolha". Foi o que disse Brian Acton ao Techcrunch. Ele é presidente do conselho administrativo da Signal Foundation, que é dona do Signal. Acton também foi um dos criadores do WhatsApp, mas deixou a empresa há pelo menos seis anos.
Como o Signal funciona?
App tem código aberto. Ou seja, permite que o sistema de segurança seja testado por auditorias externas e independentes — algo elogiado por especialistas. Além disso, é totalmente criptografado e gratuito, embora o funcionamento seja mantido por doações.
"A privacidade sempre com você. Para que você seja livre em todas as mensagens" é a mensagem que aparece após abrir o app pela primeira vez. Na primeira linha dos seus termos de serviço, ele diz ser "projetado para nunca coletar ou armazenar informações confidenciais" e garante que "suas mensagens não podem ser acessadas".
A frase "O perfil é criptografado de ponta a ponta" surge na tela no campo de criação do nome de usuário. Logo em seguida, um PIN precisa ser criado, e ele é utilizado para a recuperação de conta, caso seja necessário.
O campo de mensagens é simples e tem um formato bastante conhecido pelos brasileiros. Na barra de escrever, há figurinhas, opção para mandar fotos e áudios e um botão de +. Nele, é possível enviar arquivos que estão no seu celular, como imagens da galeria, contatos e até GIFs. A localização também pode ser compartilhada com um amigo.
O padrão de mensagens é parecido com o de rivais, com texto, horário da mensagem e uma espécie de confirmação de leitura, além da possibilidade de criação de grupos. Também há a opção para "responder" determinada mensagem, função que é bem conhecida do WhatsApp. Além disso, é possível reagir com emojis a uma mensagem — basta segurar por alguns segundos a mensagem desejada.
*Com informações de reportagem publicada em 13/01/2021
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