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IA? Nada disso! Jovem 'viciado' no TikTok é o que pode mudar Google de vez

Colunistas de Tilt e Colaboração para Tilt

23/11/2024 05h30

(Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre tecnologia no podcast Deu Tilt. O programa vai ao ar às terças-feiras no YouTube do UOL, no Spotify, no Deezer e no Apple Podcasts. Nesta semana, o assunto é: Como o Google chegou ao Brasil após comprar empresa de professores; Dar um Google na Britney Spears nunca foi tão difícil; Dilema da busca: ser ou não ser TikTok)

Talvez não seja o avanço da inteligência artificial o que tira o sono dos executivos do Google quando pensam no futuro das buscas na internet. Tampouco não são plataformas digitais, como Amazon e TikTok, terem virado fonte de pesquisas online para milhões de pessoas.

O que preocupa mesmo o Google é o comportamento das novas gerações de jovens, acostumados a tal ponto a usar TikTok que já não querem outra coisa, comenta o engenheiro Berthier Ribeiro-Neto, diretor de engenharia do centro de tecnologia do Google no Brasil por 19 anos.

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Não vemos que isso está tendo um impacto negativo nas buscas, mas, se essas pessoas estão tendo uma experiência que é muito visual, quando se tornarem adultas, vão querer aquela experiência na busca ou vão se conformar com o que o Google tem?
Berthier Ribeiro-Neto

Em conversa com o Deu Tilt, o podcast do UOL para os humanos por trás das máquinas, Ribeiro-Neto comenta que esses jovens, usuários intensivos do TikTok, passam a preferir uma experiência audiovisual, distante do que a busca do Google entrega hoje.

Esse é um problema que vem sendo discutido dentro da Google há bastante tempo
Berthier Ribeiro-Neto

Ainda assim, a resposta para essa demanda futura pode não ser apenas transformar o Google em uma plataforma mais próxima do TikTok, completa.

Não é simples. A máquina de buscas tem uma experiência, e as pessoas têm uma expectativa. Se mudar radicalmente o produto, transformá-lo em um TikTok, você vai frustrar um bilhão de pessoas
Berthier Ribeiro-Neto

O problema não para aí. TikTok, Amazon e outras plataformas digitais populares de comércio eletrônico têm sido apontadas como rivais do Google em algo que a empresa é líder absoluta, a busca online.

No caso do TikTok, por exemplo, analistas detectaram que muitos jovens, usuários para lá de intensivos do aplicativo, recorrem à busca interna para encontrar qualquer conteúdo, de tutoriais a informação. Algo que antes seria feito no Google.

Já o caso da Amazon é mais problemático. Pois não tem a ver apenas com comportamento, porque a empresa de Jeff Bezos já ganha bilhões de dólares com publicidade em sua busca interna.

Para Ribeiro-Neto, porém, há uma diferença crucial: o Google desempenha o papel de ajudar indecisos a tomarem uma decisão, enquanto a Amazon é uma aposta mais certeira se a pessoa já sabe o que quer.

Frequentemente você não sabe o que quer comprar; quando sabe, a experiência na Amazon é muito melhor
Berthier Ribeiro-Neto

Ribeiro-Neto deixou o Google em julho após 19 anos acompanhando por dentro os dilemas, as soluções adotadas e as inovações da Big Tech norte-americana. Agora, ele é o diretor de tecnologia da UME, startup que opera no setor de crédito para pequenas e médias empresas varejistas. Fundada por seu filho, Berthier Ribeiro, a UME já atende mais de 2 mil empresas.

Como brasileiros salvaram Google de erro global que americanos desconheciam

O engenheiro Berthier Ribeiro-Neto, primeiro funcionário do Google no Brasil, foi diretor de engenharia do centro de tecnologia da empresa no país por 19 anos. Durante esses anos, viu o motor de buscas se tornar fundamental para a internet. Não só viu como ajudou a construí-lo.

Em entrevista ao Deu Tilt, o podcast do UOL para humanos por trás das máquinas, Ribeiro-Neto conta que sua equipe detectou um erro que acontecia em todo mundo, mas havia passado despercebido pela equipe da Califórnia, sede do Google.

O trabalho de um engenheiro do Google no Brasil não é o de tropicalização, é o de desenvolver funções e produtos com impacto global
Berthier Ribeiro-Neto

Como o Google chegou ao Brasil após comprar empresa de professores

Era bom para a universidade, era bom para a cidade, para o estado e para o país. Tinha que fazer e nós fizemos
Berthier Ribeiro-Neto

As digitais do engenheiro Berthier Ribeiro-Neto estão presentes na chegada do Google ao Brasil no começo dos anos 2000. Ele e outros professores da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) são os fundadores da Akwan, empresa de buscas que fez tanto sucesso que acabou chamando a atenção da companhia norte-americana.

Neto contou como ocorreu a aproximação com a Google, na época uma empresa em potencial, mas longe de ser a Big Tech que é hoje.

O interesse culminou na aquisição da empresa de Berthier, que virou o primeiro funcionário do Google no Brasil. Ele foi diretor de engenharia do centro de tecnologia da companhia no Brasil durante 19 anos até decidir sair em julho deste ano. Essa é a primeira entrevista após deixar a empresa.

DEU TILT

Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre as tecnologias que movimentam os humanos por trás das máquinas. O programa é publicado às terças-feiras no YouTube do UOL e nas plataformas de áudio. Assista ao episódio da semana completo.

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