E se a gravidade fosse desligada? Você viveria o pior passeio de astronauta

Todos sabemos o que acontece quando pulamos: em uma fração de segundo, somos "devolvidos" ao chão. Essa, talvez, seja a forma mais simples de experimentarmos uma das forças primordiais e mais fundamentais do universo: a gravidade. E se um dia ela deixasse de existir?

Isso é algo totalmente impossível de acontecer, mas como estamos no campo da imaginação, não custa usarmos alguns conceitos científicos para traçar esse absurdo cenário. Mas se prepare: não seria a mesma suavidade de um passeio de astronautas na microgravidade —longe disso, aliás.

Voando por aí

O que faz nossos pés "grudarem" no chão é a força gravitacional da Terra agindo sobre nossos corpos. Assim, dá para supor que, sem a gravidade, nós acabaríamos flutuando. Neste sentido, a primeira imagem que vem à mente é a de astronautas em naves ou na Estação Espacial Internacional, flutuando de maneira feliz e sorridente enquanto se alimentam de pedaços de comida e grandes gotas de líquidos que, igualmente, flutuam.

No nosso caso, isso seria uma verdadeira sentença de morte. Isso porque, em um primeiro momento, tudo que não estivesse firmemente preso à superfície da Terra acabaria sendo lançado em uma linha reta em direção ao espaço.

Quem nunca sonhou em ver nosso planeta "de fora"? Mas essa, certamente, não seria uma boa maneira de se fazer isso.

Problemas bem maiores

Se ser arremessado ao espaço não é algo suficientemente ruim, a situação seria ainda pior, já que você não teria mais uma casa.

O que faz a Terra existir no formato e na maneira que a conhecemos é, justamente, a gravidade. Sem essa força, nosso planeta simplesmente iria se esfarelar.

Um destino ainda mais fatal teria o Sol e outras estrelas: a enorme pressão de seu núcleo, composto majoritariamente de hidrogênio e hélio, causaria uma explosão de enormes proporções.

Continua após a publicidade

Sopa de átomos

Sem gravidade, o destino do universo como um todo não seria nem um pouco brilhante: aos moldes do ocorrido com Terra e Sol, os corpos celestes também seriam desintegrados. Adeus, portanto, a planetas, estrelas, asteroides, cometas e tudo mais.

O que isso se tornaria? Provavelmente uma nuvem de átomos e moléculas sem uma função definida.

Uma situação diferente ocorreria com corpos pequenos, como cadeiras e outros objetos, que têm estrutura definida por ligações moleculares, não por gravidade. Ainda assim, devido ao seu diminuto tamanho em escala cósmica, invariavelmente eles se misturariam a essa nuvem de átomos e moléculas.

Atração total

Explicar o que é a gravidade é algo relativamente simples: tudo que tem massa exerce atração gravitacional. Quanto maior a massa de um corpo, maior a atração exercida por ele sobre outros corpos.

Continua após a publicidade

Da mesma forma, seguindo a fórmula de cálculo de força gravitacional, há uma outra variante: a distância entre esses corpos. Quanto menor, maior a força exercida.

Isso significa que o smartphone que você provavelmente está usando para ler esse texto exerce uma força gravitacional sobre seu corpo (e vice-versa). E tudo que tem massa passa pela mesma situação, como uma moeda, um avião ou, ainda, uma estrela.

Nossos corpos, por sua vez, foram "moldados" para funcionar sob a ação da gravidade da Terra. Isso vale tanto para nossos músculos e sistema circulatório quanto para nossa estrutura óssea.

Um exemplo de como isso funciona é observado em astronautas que passam longos períodos em órbita e, por isso, acabam experimentando perda de massa óssea e queda no número de glóbulos vermelhos.

Por fim, o próprio universo existe da forma que é pela ação da gravidade, que permite que corpos se mantenham "em um pedaço só", que planetas orbitem estrelas e por aí vai.

Fonte:
Roberto D. Dias da Costa, professor do Departamento de Astronomia do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP)

Continua após a publicidade

*Com reportagem de fevereiro de 2021

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.