Presente em pilhas, sabor mais amargo do mundo pode ser usado até na guerra

O sabor mais amargo do mundo foi descoberto por acaso. O benzoato de denatônio veio ao mundo em 1958 quando um time de cientistas da empresa química escocesa Macfarlan Smith investigava o desenvolvimento de um novo anestésico. Ela foi considerada a mais amarga do mundo, pelo Livro dos Recordes Guinness, em 1989.

O que é?

Ela é tão horrível para o nosso paladar que se tornou popularmente usada pela indústria. Produtos de limpeza, automotivos, higiene pessoal e componentes de pilhas podem ser altamente tóxicos diante da ingestão humana. E não é à toa que alguns fabricantes usam "truques" da ciência para proteger as pessoas — como o benzoato de denatônio. O composto pode estar presente em esmaltes de unha e até servir como arma de guerra — ao ser colocado no alimento do inimigo, o que inibiria a alimentação dele.

A descoberta dele foi por acaso. O benzoato de denatônio veio ao mundo em 1958 quando um time de cientistas da empresa química escocesa Macfarlan Smith investigava o desenvolvimento de um novo anestésico. Os cientistas adicionaram um grupo benzoíla ao átomo de nitrogênio presente na estrutura química da lidocaína, um anestésico muito popular. No entanto, os pesquisadores perceberam que a produção tinha pouca eficácia como analgésico.

A substância foi lançada sob o nome comercial Bitrex. A companhia patenteou o benzoato de denatônio como um desnaturante, aditivo que, quando colocado em qualquer produto, altera as características do mesmo, ajudando a impedir a ingestão acidental ou proposital por crianças, adultos e animais.

Mas começou a ser usado de outras formas. Em um dos seus usos mais recentes, a empresa Duracell lançou no Brasil uma pilha moeda (usada em controles remotos, alarmes de carro, entre outros equipamentos) com o benzoato de denatônio. O objetivo, segundo a companhia, é ajudar na prevenção de acidentes domésticos com criança pequenas e bebês.

Com poucas gotas é possível detectar o sabor. O nível de detecção do sabor é extremamente baixo: 1 parte por 500 milhões. Ou seja, com algumas poucas gotas podemos detectar o amargor mesmo se o composto fosse diluído em uma piscina olímpica cheia, de acordo com a empresa Macfarlan Smith.

A substância pura é tóxica, sendo classificada como perigosa se ingerida e nociva para a vida aquática. Da mesma forma, seu uso e descarte é acumulativo no meio ambiente. Estudo publicado por cientistas na Universidade de Tübingen, na Alemanha, ilustram graduações de toxicidade do composto. Concentrações maiores que 1000 mg/L (miligrama por litro) se tornaram letais para certos invertebrados e a espécie de peixe truta arco-íris. Concentração na faixa de 5 e 10 mg/L influenciou a reprodução de uma espécie, além de reduzir a biomassa em águas doces, de acordo com a pesquisa.

Para humanos, devido a sua amargura aversiva, é muito improvável uma ingestão em quantias letais. E caso você queira entender o gosto do composto aqui abordado, não recomendamos nenhuma atitude exploratória, mesmo em nome da ciência.

*Com informações de reportagem publicada em 10/12/2021

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