Cortella: Tirar celular dos alunos não pode ficar só a cargo do professor
De Tilt, em São Paulo
13/01/2025 15h56
Após aprovação de lei, a responsabilidade de tirar o celular das mãos de alunos não pode ficar só a cargo dos professores, avaliou o escritor e filósofo Mário Sérgio Cortella no UOL News, do Canal UOL, nesta segunda-feira (13).
Essa é a primeira legislação sobre o tema. Nós teremos outras sobre os temas que terão de vir. Porque aí é, onde vai guardar, é o professor que será o responsável por isso? Se arrancar, como vai ser: na entrada ou na saída? Vai se trazer uma estrutura de segurança?
Se eu, professor, estivesse em uma sala de aula e tivesse que lidar com essa situação, eu diria que não é só uma questão minha. É do conjunto do processo pedagógico da escola junto com a família. Não será só eu que funcionará nessa condição. Mário Sérgio Cortella, escritor e filósofo
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Os alunos das escolas de ensino fundamental e médio não poderão usar telefones celulares dentro dos estabelecimentos de educação, após a aprovação de uma lei pelo Senado, em meio a alertas sobre os efeitos nocivos das telas na saúde e no aprendizado dos jovens. A lei foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na tarde hoje, em um evento no Palácio do Planalto.
Boa parte dos adolescentes brasileiros entre 9 e 17 anos possui um telefone celular, proporção que sobe para 93% entre aqueles de 15 a 17 anos. Segundo dados do Comitê Gestor da Internet, quase dois terços das escolas no país já restringem, por decisão própria, o uso de dispositivos móveis, enquanto apenas 28% os proíbem totalmente.
Ao Canal UOL, Cortella disse que o tema não será fácil e deve trazer embates, mas ressaltou que a discussão é necessária.
Todo uso que for distrativo, ou seja, que desconecta da atenção necessária, ele precisa ter a sua restrição. Nesse sentido, eu sou completamente favorável para um ordenamento e um disciplinamento. Não é fácil. Trará muitos embates e dificuldades, mas será necessário, porque ele está trazendo muitos prejuízos em relação ao aprendizado.
Embora seja um tema importante e necessário. É preciso uma formação concomitamente de educação para que o jovem entenda que ausentar-se do celular, ainda que momentaneamente, fará bem a ela, isto é, vai fazer com que ela ganhe outros modos de prazer e conhecimento. Se não der certo terá de fazer outras formas de autoridade.
Mas ninguém entende que a lei sancionada por Lula será a solução. Isso é a parte do caminho. Existem outros, como a importância da escola em fazer projetos com a família, de utilização mais adequada da tecnologia. Portanto, é um conjunto muito mais completo. De nada adianta colocarmos as crianças fora desse mundo. Mário Sérgio Cortella, escritor e filósofo
Tales Faria: Duelo mais difícil com Zuckerberg
No UOL News, o colunista Tales Faria afirmou que as instituições brasileiras terão um duelo mais complicado contra Mark Zuckerberg, CEO da Meta, do que o visto contra Elon Musk, dono do X (antigo Twitter).
Termina hoje o prazo dado pela AGU (Advocacia Geral da União) para a Meta explicar as mudanças na nova política de moderação de conteúdo da empresa, anunciadas por Zuckerberg na semana passada.
Não é difícil para a Meta se sair dessa. Uma resposta possível é que essas medidas não valerão no Brasil por enquanto e vamos estudar. Seria simples. Realmente é um teste, porque ela pode simplesmente ignorar e demonstrar que está pouco ligando para o país.
Uma eventual briga com a Meta será muito mais difícil do que foi contra o X. O Judiciário bateu de frente com Musk, que tentou ignorar e mostrar que não estava nem aí para a Justiça brasileira. [O ministro do STF] Alexandre de Moraes foi nas empresas paralelas, como aquela de satélites [Starlink], que é financeiramente muito mais importante para ele do que o Twitter. Quando começaram a morder as empresas que lhe davam dinheiro, ele recuou.
Por um lado, é uma fragilidade da Meta as redes sociais serem seu principal negócio. Por outro, são empresas muito mais poderosas nesse setor do que o Twitter. Tirar do ar as empresas do Zuckerberg significa tirar Facebook, Instagram e WhatsApp. Isso será um problema para o Brasil e para as empresas daqui. É uma luta muito mais complicada. Tales Faria, colunista do UOL
Josias: 'Não faz nexo Bolsonaro ir à posse de Trump'
Ainda durante o UOL News, o colunista Josias de Souza afirmou que não faz o menor sentido o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ir à posse do presidente americano, Donald Trump, com ares de representante oficial do Brasil.
O Bolsonaro é hoje um ex-presidente da República indiciado pela Polícia Federal, por crimes variados. O mais grave deles é a tentativa de golpe. Não faz o menor nexo, nem institucional nem judicial, que ele vá à posse nos Estados Unidos com ares de representante do Brasil. [O pedido então] Deveria ser negado. Josias de Souza, colunista do UOL
No último sábado (11), o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), mandou o ex-chefe do Executivo mostrar o "convite oficial" que teria recebido para a posse de Trump. Moraes apontou que Bolsonaro apresentou, como convite que recebeu de Trump, um e-mail enviado para o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por um endereço não identificado.
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