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Menos acidentes e sem poluição: tuk-tuk é visto como alternativa a mototáxi

Triciclo cabinado (ou tuk-tuk) da Grilo; empresa parou de transportar passageiros em São Paulo, mas atua com entregas - Divulgação Triciclo cabinado (ou tuk-tuk) da Grilo; empresa parou de transportar passageiros em São Paulo, mas atua com entregas - Divulgação
Triciclo cabinado (ou tuk-tuk) da Grilo; empresa parou de transportar passageiros em São Paulo, mas atua com entregas Imagem: Divulgação

De Tilt, em São Paulo

17/02/2025 05h30Atualizada em 19/02/2025 08h24

A Prefeitura de São Paulo passou as últimas semanas de janeiro querendo proibir o "mototáxi". Um grupo de trabalho, organizado pela própria prefeitura, no entanto, cita outra modalidade que tem menos acidente, não faz grande exigência física do passageiro e que permite transportar pessoas com segurança independente de chuva ou sol: o triciclo cabinado (ou tuk-tuk).

O que aconteceu

Após publicar decreto proibindo 'mototáxi', em 2023, a prefeitura criou um grupo de trabalho para estudar o tema. Participaram empresas de mobilidade, Bombeiros, SPTrans, CET e Secretaria Municipal de Saúde para dar sugestões de cuidados que a cidade deveria ter ao regulamentar o transporte individual de passageiros.

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Documento falava que transporte de pessoas representava "grande risco de saúde pública", sugeria recomendações para eventual liberação (como um projeto piloto) e sugeria o uso de triciclos. O documento foi assinado no fim de maio de 2023 e seu conteúdo voltou à tona no início do ano com a volta dos serviços de "mototáxi".

Tendo como foco o aspecto de segurança viária, parece interessante a adoção de permissão de uso específico de veículo ciclomotor, em forma de triciclo cabinado, o qual reduz riscos de queda e propicia maior segurança para o condutor e para o usuário transportado
Relatório do Grupo de Trabalho da Prefeitura de São Paulo sobre "mototáxi"

Ainda sobre a modalidade, é dito que o triciclo "inibe o contato direto entre condutor e usuários transportado, o que pode causar algum constrangimento", não exige capacete e não tem o problema de desequilíbrio quando comparado com a moto.

O que é um triciclo cabinado?

Apenas uma empresa oferece o serviço de triciclo cabinado em São Paulo: a Grilo. A startup gaúcha foi fundada em 2019 e chegou à Capital paulista em 2023. Eles começaram oferecendo serviço para passageiros, mas logo foram proibidos pela prefeitura, após uma semana.

A ideia deles era atuar na região da avenida Paulista em viagens de última milha (de até 6 km), sobretudo em áreas de aclive. Por isso, o nome "Grilo" - ideia é que sejam trajetos curtos e rápidos; daí vem a comparação com o inseto. Veículos como esse, chamados de tuk-tuks, são muito comuns em países asiáticos, como a Índia.

Veículo da Grilo suporta carga de até 300 kg Imagem: Divulgação

Veículos são elétricos, com velocidade máxima de 50 km/h e tem dois bancos, fora o motorista. Os triciclos têm ainda freio a disco, cinto de segurança, para-brisa, uma autonomia de 60 km longe da tomada e suportam até 300 kg. Não tem ar-condicionado, mas é possível abrir as janelas, em caso de calor excessivo.

Com a proibição em São Paulo, passamos a atender apenas empresas. Atuamos no transporte de cargas de curta distância para redes de supermercado e de farmácia. Temos apenas uma iniciativa de transporte de pessoas em Porto Alegre - no caso, levamos pessoas do Instituto Caldeira até a estação de metrô Farrapos
Carlos Novaes, CEO da Grilo

A companhia tem um modelo diferente de parceria com os condutores. Os veículos, no caso, são da companhia, e os condutores passam por um processo seletivo. Os motoristas precisam ser MEI (microempreendedor individual), avisam os horários que podem trabalhar e prestam o serviço combinado. Há ainda estações para carregamento dos veículos, onde é possível descansar e se alimentar.

A Grilo diz que nunca teve um acidente em que houve danos corporais na sua história. Ao mesmo tempo, a empresa não conta com a capilaridade das motocicletas. Atualmente, a empresa tem cerca de 40 triciclos em toda sua operação, contando Porto Alegre e São Paulo.

Recomendação do grupo de trabalho rolou em 2023, mas não houve avanço na regulação. Questionado, Carlos, da Grilo, diz que seria "um sonho" a prefeitura criar normas para liberar a categoria. Porém, disse, não quer "brigar com a prefeitura".

Quando se pensa em cidade inteligente, não dá para brigar com o meio público. Tudo deve ser feito de forma conectada e integrada. A gente sabe que São Paulo tem um problema sério de poluição, e gente oferece veículos sem emissão de CO2. Queremos atuar transportando pessoas, mas sem regulamentação, não dá
Carlos Novaes, da Grilo


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