'Leva minutos para acostumar': como é andar no carro da Uber sem motorista

Um carro que se dirige sozinho não é mais coisa de ficção científica: a Uber já está realizando testes em Austin, no Texas (EUA), com veículos autônomos. Nas viagens que Tilt pela cidade, deu para perceber como ele é programado para tentar ser um "condutor exemplar", mantendo uma distância segura do carro da frente, e como é rápido para se acostumar com a ideia.

O que aconteceu

Uber começou a testar corridas autônomas em Austin no início de março. Os veículos sem motorista são fruto de uma parceria com a Waymo (empresa que pertence à Alphabet, dona do Google), que fornece os veículos e a tecnologia. A Uber, que entra com a capilaridade de usuários e manutenção dos carros. A Waymo oferece o serviço em outras cidades dos EUA, mas por meio de um app próprio.

Os veículos são carros elétricos Jaguar iPace, equipados com múltiplos sensores e câmeras. Segundo a Waymo, eles conseguem ter um mapa 3D de três campos de futebol americano de distância. Nisso, conseguem identificar pessoas, carros, gente andando de patinete e tudo que eventualmente está parado ou se mexe que está ao redor. Isso fica claro no mapa ao vivo exibido na tela do carro.

Não há previsão para chegar ao Brasil. Sachin Kansal, vice-presidente de produto da Uber, diz que tecnologia vai progredir e que deve ficar mais acessível, porém, reconhece, que deve levar tempo. Por enquanto, a Uber deve lançar em breve seus carros autônomos em Atlanta (EUA), e em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos.

Como é usar na prática

Apesar de ser um Jaguar autônomo, o jeito de chamar e o preço são iguais ao de um carro tradicional. Em cidades habilitadas, como Austin, é possível configurar sua conta na Uber para privilegiar corridas com os Waymo —- indo em Configurações e selecionando Carro Autônomo. A empresa fez isso, pois notou que nem todas as pessoas querem usar.

Quando o carro chega, você abre a porta via app e ele mostra suas iniciais num sinalizador do teto. Pelo celular, você pode abrir o porta-malas, caso queira guardar alguma bagagem. Dentro do carro, é necessário colocar o cinto. O carro começa a andar quando você clica na opção "Iniciar a corrida" numa tela.

A sensação esquisita dura apenas alguns minutos. Pode parecer estranho, mas você se acostuma com o volante girando sozinho depois que ele faz curvas suaves e mantém certa distância dos veículos. Como eu estava sentando no banco do passageiro, senti que estava mais seguro em caso de acidente.

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Andar na frente foi mais aflitivo, mas divertido e sem imprevistos. Em rotatórias, ele fazia curvas de forma segura, sem grandes solavancos, e até parava na placa de "Pare" mesmo sem detectar veículos ao redor. Trata-se de uma máquina, então tenta ser um "condutor exemplar".

O carro conta com uma série de câmeras e um alto-falante interno. Assim, se acontecer qualquer coisa, basta tocar na opção "support" (suporte), que uma central que funciona 24 horas entra em contato com o veículo.

Dentro do carro, o passageiro tem ainda várias facilidades. Dá para mudar a temperatura do ar-condicionado, colocar uma música para tocar e até carregar o celular — na tela da parte traseira há duas portas USB-C —basta plugar um cabo compatível.

Tela no banco traseiro do Uber autônomo; ela conta com entradas para carregar celular, além de permitir tocar música, descer antes do destino final e chamar o suporte da Uber
Tela no banco traseiro do Uber autônomo; ela conta com entradas para carregar celular, além de permitir tocar música, descer antes do destino final e chamar o suporte da Uber Imagem: Reprodução

Perto do fim da corrida, o sistema informa que o destino está próximo e avisa que vai procurar um lugar seguro para você desembarcar. Isso é um ponto importante, pois nem sempre o carro parava na frente do endereço. Como ele não sabe dar um "gato", às vezes parava um pouco depois ou um pouco antes, se tivesse algum obstáculo (como um carro de entrega), mas nada que uma caminhada não resolva.

Para destravar as portas e sair é necessário tocar na tela. Como é praxe, ele vai dizer para você não esquecer de pegar chaves, celular ou um pote de ouro — como a corrida foi feita no Dia de São Patrício (17 de março), ele fez essa piada. O santo padroeiro da Irlanda tem conexão com a lenda dos duendes, que são conhecidos por esconderem ouro.

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Carro autônomo vai prejudicar motorista humano?

É o fim dos motoristas de app? O discurso da Uber é de que não tão cedo. Sachin Kansal, vice-presidente de produto da empresa, diz que acredita em redes híbridas, ou seja, com carros autônomos e comuns, guiados por humanos. Por mais curiosos que sejam, os veículos ainda têm muitas limitações: não andam em rodovia, tem alcance limitado e não dão conta da alta demanda.

A oferta dinâmica com motoristas humanos é muito crucial. Eles podem ficar online quando a demanda está em alta e têm liberdade e independência total. Acreditamos que isso continuará por muito tempo
Sachin Kansal, vice-presidente de produto da Uber, em conversa com jornalistas

CEO da Uber disse que em 15 anos talvez isso possa mudar. Em entrevista no início do ano, o executivo disse que após esse tempo há risco de os carros autônomos serem melhores que humanos. Para ele, carros autônomos vão substituir humanos, mas não vai ser algo "que vai acontecer amanhã".

*O jornalista viajou a Austin a convite da Uber

12 comentários

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Luís Fernando de Araujo Lopes

Ótima opção para quem não quer escutar asneiras de motoristas bolsonaristas, uma vez que 90% dos uber são.

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Douglas Vasconcelos

Alô, amigo Ubeiro. Você que se orgulha de "não ter patrão", que se acha empreendedor trabalhando 7 X 7, 16 horas por dia (e ainda assim se diz a favor da família tradicional - enquanto você mal vê a sua), que acha que consciência de classe é coisa de comunista, que é fã do Elonzinho: melhor começar a fazer bolinho de pote e drop shipping. 

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Marcelo de Carvalho

Isso já existia em Total Recall...

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