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Apple e Google na mira: batalha inaugural da regulação tem 'arma importada'

Colunistas de Tilt e Colaboração para Tilt

20/03/2025 05h30

(Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre tecnologia no podcast Deu Tilt. O programa vai ao ar às terças-feiras no YouTube do UOL, no Spotify, no Deezer e no Apple Podcasts. Nesta semana, o assunto é: 'Última Prova da Humanidade'; Apple e os bilhões para agradar Trump; Apple e Google no alvo do Brasil; 'IA que pensa')

A regulação das grandes plataformas está cada vez mais próxima. Apple e Google, duas das principais empresas de tecnologia do mundo, estão na mira do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), que investiga acusações de práticas anticompetitivas nos sistemas operacionais iOS e Android.

O Ministério da Fazenda pretende dar mais poder ao Cade para vigiar as grandes empresas de tecnologia. Está nos planos equipar o órgão com uma "arma importada" da Europa.

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Em fevereiro, o conselho reuniu as duas Big Tech, outras empresas e organizações da sociedade civil em uma audiência pública para avaliar três inquéritos, dois contra o Google e um contra a Apple.

O do Google é mais antigo, que a gente fica se perguntando porque não andou tanto
Helton Simões Gomes

A investigação foi aberta em 2019 após a dona do Android ter sido multada em 4,3 bilhões de euros após a União Europeia considerar anticompetitivas as práticas adotadas pela empresa para seu sistema operacional.

Já a Apple foi acusada foi acusada pelo Mercado Livre por cobrar uma taxa para todos os produtos digitais vendidos por aplicativos baixados na App Store.

O que a Apple argumenta é que fornece um ambiente seguro, que dá uma certa qualidade aos consumidores - o que custa dinheiro -, e para manter tudo isso tem que dar uma mordida nos produtos dessas empresas. Só que várias [empresas] não estão contentes com isso
Helton Simões Gomes

O último lance desse capítulo veio da Justiça. O TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região) determinou que a Apple libere a instalação de apps de fora da sua loja no Brasil. A determinação acata o argumento do Cade e derruba um mandado de segurança obtido pela Apple anteriormente.

Boa parte das ações rascunhadas para fortalecer o Cade tem inspiração em leis da União Europeia. É o caso, por exemplo, do DMA (Digital Market Act), para regular o mercado digital na região.

A legislação cria critérios para definir as empresas grandes o suficiente para afetar o ecossistema em que atuam e que por isso devem arcar com regras mais robustas. Vem do DMA, a "arma importada" a ser disponibilizada ao Cade. É a chamada "regulação ex-ante", ou seja, a estipulação de regras antes de uma grande empresa de tecnologia fazer algo, o que exigirá um monitoramento prévio.

Na União Europeia, a Apple precisou abrir o iOS para outras lojas. Com isso, a Epic Games, dona do Fortnite, criou sua própria loja para vender jogos fora da App Store, da Apple.

O temor da Apple é que isso seja importado para o Brasil e, ao importar isso, mexa com algumas coisas do ecossistema brasileiro. Uma vez que isso for feito vai dar pano para manga porque muito desse projeto vai trazer elementos do que foi implantado na UE
Helton Simões Gomes

As empresas são refratárias à ideia. Caso seja condenada, além de pagar uma multa, a Apple pode ser obrigada a mudar muito sua conduta, que geralmente é mais fechada dentro do próprio ecossistema.

'Última Prova da Humanidade': por que teste 'impossível' foi criado para IA

Volta e meia notícias relatam como uma inteligência artificial superou a capacidade humana em algum teste. Essas avaliações, porém, estão com os dias contados, porque já não conseguem mensurar o avanço dessas ferramentas, cada vez mais poderosas.

No novo episódio de Deu Tilt, o podcast do UOL por trás das máquinas, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes contam como cientistas contornaram esse gargalo que está para acontecer. Mais de mil deles, vindos de 500 instituições ao redor do mundo, se uniram para criar a "Última Prova da Humanidade", um teste impossível de tão difícil.

Perguntas muito difíceis, muito sofisticadas mesmo. Se a IA passar nisso aqui, quer dizer que não temos mais conhecimentos para testar essa inteligência artificial, do ponto de vista de conteúdo
Diogo Cortiz

Tíquete para Apple driblar tarifas de Trump fica US$ 150 bi mais caro

Dessa vez, não foi o iPhone que fez as atenções se voltarem para a Apple. A companhia anunciou que investirá US$ 500 bilhões só nos Estados Unidos. O valor é um aceno ao governo norte-americano, mas indica que a empresa repete a mesma estratégia usada para driblar o "tarifômetro de Donald Trump" e evitar que as taxas aplicadas à China impactassem a importação de seus relógios inteligentes.

Em 2018, a empresa da maçã anunciou investimento de US$ 350 bilhões ao longo de cinco anos e a criação de 20 mil empregos. O afago à primeira gestão Trump deu certo.

Agora, Trump anunciou 10% de tarifa para a China e parece que o valor que a Apple está investindo para dar uma contrapartida para obter uma exceção subiu em pelo menos US$ 150 bilhões. Ficou muito mais caro conseguir driblar as doideiras e loucuras do Trump
Helton Simões Gomes

É o fim da 'IA com esteróide'? 'Robô que pensa' muda o jogo da tecnologia

Os modelos de IA capazes de refletir ou raciocinar já não são exclusividade da OpenAI.

Essas ferramentas são um avanço em relação à versão tradicional do ChatGPT.

Além disso, elas mudam o jogo da tecnologia, pois exigem uma capacidade de processamento em um momento completamente diferente da execução de uma tarefa.

E isso altera os paradigmas com que a indústria se acostumou a lidar.

DEU TILT

Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre as tecnologias que movimentam os humanos por trás das máquinas. O programa é publicado às terças-feiras no YouTube do UOL e nas plataformas de áudio. Assista ao episódio da semana completo.


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