Adeus, Skype: por que a Microsoft vai aposentar app que mudou o mundo?

(Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre tecnologia no podcast Deu Tilt. O programa vai ao ar às terças-feiras no YouTube do UOL, no Spotify, no Deezer e no Apple Podcasts. Nesta semana, o assunto é: As mentiras que contaram sobre tecnologia; Google no Modo IA; Adeus, Skype; os segredos do mundo real de 'Ruptura')

Um dos aplicativos que revolucionou a forma como usamos a internet está com os dias contados. A Microsoft informou que o Skype deixará de funcionar em 5 de maio.

Os últimos usuários serão migrados para o Teams, comunicador online voltado ao mundo corporativo. A medida não afetará a versão Business do app.

Agora me bateu uma nostalgia. Com a ida do Skype e, no passado recente, o Internet Explorer dando lugar ao Edge, estamos sem referências de como a internet era nos primórdios. Será que esse é o destino de tudo o que surgiu nos anos 2000?
Helton Simões Gomes

O programa fez história desde sua fundação, em 2003, quando a internet era um lugar para experimentação de novos modelos de negócio.

A grande inovação do aplicativo foi permitir ligações telefônicas pela internet. Se hoje isso é algo banal, na época as chamadas à distância e internacionais custavam caro.

Os pesquisadores da Suécia, Dinamarca e Estônia por trás do Skype mudaram isso ao combinar um sistema de Voip (Voz sobre protocolo de internet) com outra técnica que eles mesmos criaram, o modelo de distribuição de dados via P2P (ponto a ponto).

A curiosidade aqui é que os criadores do Skype também são os mesmos do Kazaa, um software de compartilhamento de arquivos que usava o P2P para distribuir dados pelos computadores dos usuários. A partir daí, sempre que alguém necessitasse daquela informação, seja um filme ou música, poderia recorrer a essas fontes.

Para se ter ideia, o Skype chegou a ter no auge 41 milhões de usuários únicos por dia (...) tinha uma base gigantesca de usuários, mas a internet era menor, a quantidade de usuários também
Helton Simões Gomes

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Vendido para o eBay em 2005, uma época em que o mundo e, principalmente os Estados Unidos, ainda se recuperava do trauma que foi o estouro da bolha da internet, o Skype custou US$ 2,6 bilhões à empresa de comércio eletrônico. Logo depois, os fundadores retomaram o controle da empresa para vendê-la em 2011 à Microsoft por US$ 8,5 bilhões. Foi o mais alto valor pago pela dona do Windows até então.

A internet era menor e a Microsoft viu na mão ouro para poder conectar as pessoas em uma era que estava nascendo que era a dos smartphones
Helton Simões Gomes

A era que nascia também foi a responsável pela queda na popularidade do aplicativo. Para a Microsoft, o Skype seria sua bala de prata contra o iPhone, que começava a mudar toda a indústria de aparelhos celulares e de internet móvel. Na época, o Google, até então uma empresa apenas voltada à internet tradicional, também despontava no mundo da tecnologia móvel com o sistema operacional Android.

Com os smartphones consolidados como o aparelho preferencial para acessar a internet, surgiram outras ferramentas mais ágeis e talhadas para o mundo da mobilidade do que o Skype. Nessa linha, vieram Hangouts, Telegram, WhatsApp e o chinês Weibo.

Durante a pandemia, o Skype estava tão em baixa que plataformas menores que ninguém conhecia, como o Zoom, assumiram completamente o lugar dele
Helton Simões Gomes

Nesse meio tempo, a Microsoft passou a investir no Teams. O comunicador não é tão popular como o Skype foi, mas tem a vantagem de estar conectado com o Office 365, a suíte de programas de produtividade, como Word e Excel.

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Hoje em dia, o Teams tem mais gente conectada do que o Skype jamais sonhou. São mais de 350 milhões de pessoas
Helton Simões Gomes

Por tudo isso, ainda que deixe saudade, o Skype é claramente um produto de uma geração anterior da internet, desenhado para funcionar como uma plataforma de ligações.

O Teams é uma ferramenta de colaboração, tem muitas funcionalidades que o Skype não tem. Ele poderia ter virado o Teams? Poderia, mas o que aconteceu foi que eles criaram um produto novo e viram que o comportamento e demanda das pessoas estava mais para esse outro produto
Diogo Cortiz

Laser, bit, LED: prédio de 'Ruptura' abrigou inovações da telefonia às TVs

A série 'Ruptura', da Apple TV+, fez muita gente pensar no trabalho importante e misterioso realizado no sétimo andar do prédio da empresa fictícia Lumon. O que pouca gente sabe é que o edifício abrigou por muito tempo a sede de um dos laboratórios mais inovadores do mundo. Deu Tilt desta semana traz as invenções feitas pelo Bell Labs, do lasar ao bit, passando pelo LED.

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Com chatbot e sem página de resultado: Google dobra aposta na busca com IA

Fazer pesquisas no Google é um hábito que domina a internet. Mas há ameaças ao domínio da empresa, como os chatbots de inteligência artificial, cada vez mais usados para buscas na internet, e o comportamento da geração Z, que recorre a outras plataformas para obter informações.

Para manter a majestade, a gigante de tecnologia passou a investir em IA e, desde março, dobrou a aposta na tecnologia. Começou a testar o "AI Mode", uma versão do motor de busca que muda tudo o que você sabe sobre o serviço.

É uma mudança de paradigma mesmo que acontece, tanto do uso das plataformas, quanto de percepção. Eu vejo uma forte tendência de as pessoas quererem uma conversa mesmo
Diogo Cortiz

iPhone feito pela Apple e loja com IA: 5 mentiras e meias-verdades da tecnologia

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Algumas verdades precisam ser ditas: você provavelmente já foi enganado por alguma dessas lorotas.

O novo episódio de Deu Tilt, o podcast do UOL para os humanos por trás das máquinas, faz uma homenagem às avessas ao Dia da Mentira e joga luz sobre as verdades ocultas por trás de cinco mentiras e meias-verdades famosas no mundo da tecnologia

Do modo anônimo dos navegadores à criação do iPhone, passando pela recarga das baterias, as câmeras dos celulares e uma famosa loja operando à base de inteligência artificial.

DEU TILT

Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre as tecnologias que movimentam os humanos por trás das máquinas. O programa é publicado às terças-feiras no YouTube do UOL e nas plataformas de áudio. Assista ao episódio da semana completo.

2 comentários

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Mauro Cezar Rodrigues

É a evolução. Apenas isso. 

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Antonio Marcos Campos

O Skype matou o antigo Messenger... (este sim uma revolução que a Microsoft não soube aproveitar). Até hoje tenho saudades do Messenger...

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