iPhone pode ficar mais caro, e a culpa é das taxas de Trump a asiáticos
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O presidente Donald Trump anunciou ontem tarifas que variam de 10% a 49% para vários países, começando em 5 de abril. Na manhã de hoje, as ações de big techs são as com maior baixa, sendo a Apple uma das mais afetadas. A "culpa" disso está nas altas taxas aplicadas a países asiáticos.
O que aconteceu
Países asiáticos foram alvos de tarifas impostas por Trump. A questão é que os EUA são grandes importadores do continente. A China foi taxada em 34%; o Vietnã, em 46%, e a Índia em 26%, enquanto Japão teve 24%, a Coreia do Sul, 25%, e Taiwan, 32%.
Todos esses países são fornecedores de empresas de tecnologia. Eles fornecem desde a fabricação completa de um smartphone, por exemplo, a equipamentos para construção de datacenters ou treinamentos de inteligência artificial.
A maioria dos iPhones do mundo são fabricados na China. Estima-se que 90% dos telefones da Apple são produzidos lá, segundo a Evercore ISI, uma empresa de análise de mercado. Nos últimos anos, a Apple tem diversificado e espalhando a produção para outros países asiáticos, como a Índia e o Vietnã. Macbooks, iPads, Apple Watches e AirPods são fabricados na Malásia, Vietnã e Tailândia (taxada em 36%).
Para completar, muitas peças para a montagem dos produtos vêm de países como Japão, Coreia do Sul e Taiwan. Neste último, inclusive, é onde são fabricados a maioria dos processadores usados em todo o mundo.
Como consequência, produtos e serviços relacionados à tecnologia devem ficar mais caros nos próximos meses. A não ser que Trump mude de ideia e deixe de impor tarifas a parceiros comerciais de empresas dos EUA. Outra possibilidade, remota, são as empresas reduzirem suas margens de lucro para não haver grandes alterações no preço final do produto.
Por que Ásia concentra fabricação e fornecimento de eletrônicos?
Expertise, infraestrutura e custo justificam empresas fabricarem eletrônicos na Ásia. Em entrevista em 2017 ao programa 60 Minutes, da rede americana CBS, Tim Cook, CEO da Apple, explicou a razão de a empresa concentrar a manufatura de produtos da marca na China.
"A razão é expertise, e a quantidade de expertise em uma só localidade, além do tipo de expertise", disse em entrevista. Para fazer o iPhone são necessárias "ferramentas muito avançadas". Segundo o executivo, os EUA poderiam reunir numa sala engenheiros especializados na construção dessas ferramentas, enquanto na China "você poderia encher vários campos de futebol com pessoas especializadas".
A lógica [de Trump] talvez seja tornar um telefone tão caro que as marcas vão querer produzi-lo nos EUA. O problema é que isso não vai acontecer sem grandes subsídios e com mão de obra barata e qualificada. Não há nenhuma vantagem em produzir nos EUA
Neil Shah, vice-presidente de pesquisa da Counterpoint Research, uma consultoria especializada no ramo de tecnologia, em comunicado
*Com informações da CNBC
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