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Fraqueza da Zynga em aparelhos móveis e perda de usuários ficam sérias

Em San Francisco

08/10/2012 12h18

O declínio da Zynga nos últimos seis meses, coroado por uma redução acentuada em suas projeções de desempenho para 2012, anunciada na quinta-feira, aguçou o interesse dos investidores sobre o próximo passo do presidente-executivo, Mark Pincus, na recuperação da produtora de jogos.

O entusiasmo de Wall Street por uma produtora de videogames que no passado era uma das estrelas da nova Internet social se dissipou desde a oferta pública inicial de ações que a companhia realizou em dezembro. Na sexta-feira, os analistas reduziram suas projeções quanto ao valor das ações da empresa, que enfrentam queda de 22 por cento, a 2,21 dólares, mais de 75 por cento abaixo de seu preço de lançamento de 10 dólares.

O destino da empresa agora depende de Pincus, 46, um dos co-fundadores do grupo e detentor do bloco majoritário de ações. Os analistas dizem que ele precisa cortar a força de trabalho da empresa, que atinge os 3 mil funcionários em todo o mundo, e apresentar um jogo de sucesso que cative o crescente número de usuários que agora estão optando pelos aparelhos móveis, um segmento no qual a presença da empresa é relativamente fraca.

A Zynga lançou diversos jogos este ano, entre os quais "TheVille" e "ChefVille", e está trabalhando em diversos outros títulos. Na quinta-feira, Pincus enfatizou aos funcionários, em uma mensagem à companhia, que a Zynga continuaria "a investir no negócio de jogos móveis". Mas alertou que a empresa realizará "reduções dirigidas de custos", o que os analistas interpretaram como demissões em um momento em que Pincus muda o rumo da empresa para além de jogos "casuais" para o Facebook, como o "FarmVille", que representaram o ganha pão da empresa por anos.

"Eles apostaram no segmento de jogos casuais e, para reajustar os negócios na direção de jogadores mais dedicados, é provável que precisem cortar algumas cabeças", disse P. J. McNealy, presidente-executivo da Digital World Research.

A transição será dolorosa para uma empresa que conseguiu construir cedo um negócio formidável baseado quase completamente na florescente plataforma do Facebook. "FarmVille", "Frontierville", "Zynga Poker", "Mafia Wars" e "CityVille" decolaram basicamente como jogos para o Facebook em computadores pessoais, e responderam por 83 por cento da receita da companhia no ano passado.

A Zynga não tem conseguido reverter a onda de usuários que estão abandonando seus jogos anteriormente lucrativo por ofertas voltadas a smartphones ou produzidas por rivais.

Os usuários que pagam por mês subiram para 4,1 milhões no segundo trimestre, ante 3,5 milhões. Esse número teria mostrado queda não fosse os novos jogadores atraídos pelo aplicativo "Draw Something", comprado pela Zynga em março.

Um dos pontos positivos para Pincus pode ser o grande caixa da Zynga, que somava cerca de 1,6 bilhão de dólares e que afasta qualquer especulação sobre falência. E as receitas da Zynga, apesar de decrescentes, continuam substanciais.

"É um jogo de expectativa", disse McNealy. "Se as pessoas estão esperando uma recuperação em três meses, isso é possivelmente improvável. Se as pessoas buscarem uma recuperação nos próximos 12 a 18 meses, aí sim é possível", acrescentou.

Porém, a tentativa de Pincus de recuperar sua empresa tem sido minada pelo acelerado êxodo de funcionários. Na sexta-feira, dois dos criadores de "Words with Friends", um dos jogos mais populares da Zynga para dispositivos móveis, anunciaram sua saída da empresa, seguindo mais de uma dúzia de importantes membros que deixaram a companhia nos últimos seis meses.